sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008
PS sem maioria absoluta? E depois?
A corrosão da imprensa
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
Lucros e salários
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
Eu poria as coisas ao contrário
Parece-me que a questão que merece reflexão é precisamente a inversa: ainda que concedamos que muitas das reformas que propunha (e.g., avaliação de professores, associação entre progressão na carreira e desempenho, estabilização do quadro docente) apontavam para o caminho certo, a multiplicação de leis e despachos (muitas vezes inconsistentes entre si), a falta de credibilidade do processo dos professores titulares (que veio pôr em causa os princípios de avaliação que se apregoavam), o autoritarismo e a incapacidade de negociar (classificando todo e qualquer sinal de descontentamento como atitudes reaccionárias e corporativas), a diabolização dos professores desde o primeiro momento, inviabilizaram o sucesso das mudanças que se propunham.
Como afirma Manuel Carvalho de forma cristalina, «o alcance reformista do seu programa estará sempre condenado à contestação. Sem o apoio da maioria dos professores, pouco mais é que um manifesto.»
Pela n-ésima vez houve quem se convencesse que se governa por decreto, ignorando a importância da mobilização dos agentes centrais da mudança. Grande parte dos professores sempre aceitou os princípios da avaliação e da relação entre desempenho e progressão na carreira. Mas optou-se pelo populismo, por atacar a classe docente como um todo (talvez seja a isto que tem em mente Manuel Carvalho quando fala em falta de 'sentido táctico'). Agora paga-se o preço. Seria bom que se aprendesse com esta experiência. Bom demais, desconfio.
Lógicas Atlânticas
O neoliberalismo também não é um chavão na Alemanha
terça-feira, 26 de fevereiro de 2008
Causa comum e hegemonia
De pequenino se distorce o destino no capitalismo sem freios
Crise e saúde
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008
O neoliberalismo não é um chavão nos EUA
É por aqui que se distorce o destino
domingo, 24 de fevereiro de 2008
Dispositivos comuns para ganhar a luta das ideias
À esquerda só há questões de sociedade
O início da bola de neve?
Mas a pouco e pouco foi-se percebendo que a estratégia de difamar o conjunto da classe - menorizando os efeitos devastadores que tal estratégia produziria na motivação dos muitos milhares de professores que o são por vocação e paixão, e que sustentam a escola pública em Portugal - ao mesmo tempo que se exigiam mais horas efectivas de trabalho, que se congelavam salários e progressão nas carreiras, que se aumentava a dimensão das turmas, que aumentava a proporção de docentes contratados (o grupo mais mal-tratado e injustiçado da classe), que se esperava de cada professor que fosse cada vez mais não apenas docente mas também psicólogo, assistente social, monitor de actividades de tempos livres e gestor de organizações, era uma estratégia arriscada.
Em contextos como estes, os erros burocráticos a que a 5 de Outubro nos habituou ao longo dos anos e de vários governos - trapalhadas nos concursos, nos exames nacionais, na avaliação dos professores - só poderiam aumentar o clima de insatisfação nas escolas.
As manifestações de professores que aconteceram ontem em várias cidades do país não devem espantar ninguém, a não ser por só terem lugar agora. Se o retrato que tracei acima é minimamente fiel do que se passa nas escolas, o que aconteceu ontem é o início de uma bola de neve cujo final provável é a demissão de Maria de Lurdes Rodrigues - apesar do inglês no 1º ciclo, das aulas de substituição ou dos outros tópicos que o 1º Ministro escolha para referir nas entrevistas.
Se acertar nesta previsão, não vou festejar. Vou lamentar terem-se perdido mais 3 anos no trabalho que é necessário fazer para pôr a funcionar o sistema mais crucial para o desenvolvimento deste país.
sábado, 23 de fevereiro de 2008
A «mãe de todas as crises»?
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008
SEDES ou a ilusão do meio
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008
Excepção chinesa?
Quando não há argumentos. . .
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008
Será que o elo mais forte também poder ser o mais fraco?
O neoliberalismo não é um chavão
Nota: a fotografia mostra o primeiro encontro da Mont Pelerin Society. Um dos momentos charneira da história do neoliberalismo. Um punhado de académicos, jornalistas e políticos com ideias derrotadas e impopulares, mas com a ajuda de alguns financiadores privados generosos, reúne-se pela primeira vez, depois da 2ªGM, para «pensar o impensável».
terça-feira, 19 de fevereiro de 2008
Os trabalhadores pagam a crise
Concerto do ano?
A melhor da banda de 2007, os The National, dá finalmente um concerto a solo em Portugal. Dia 11, Aula Magna, Lisboa.
O debate é possível e desejável II
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008
O debate é possível e desejável
Nota: sobre o debate à esquerda vale a pena ler esta posta de Nuno Ramos de Almeida.
As virtudes da empresa pública
Nacionalização
domingo, 17 de fevereiro de 2008
Debate à esquerda? Vamos a isso II
Debate à esquerda? Vamos a isso
sábado, 16 de fevereiro de 2008
Um só combate
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008
Taxa de desemprego sobe
Como meter a finança na gaiola
Como apontava João Ferreira do Amaral, num dos últimos Prós e Contras da RTP, a gravidade da presente crise financeira talvez não seja suficiente para que se pense seriamente num novo Sistema Monetário Internacional. Contudo, é possível avançar com algumas propostas regulatórias robustas. Dominique Plihon, presidente do conselho científico da ATTAC, fá-lo através de três eixos: (1) Alargamento das regras prudenciais bancárias aos restantes actores dos mercados financeiros (por exemplo, os hedge funds) uma vez que esta crise, como aliás a do Japão no início dos anos noventa, teve origem em «finance companies» não reguladas; (2) Reforço das regras impostas pelo comité de Basileia (ver post abaixo), integrando as necessidades de liquidez das operações de titularização de crédito, mesmo de curto prazo, nos cálculos dos seus fundos próprios. Tais regras implicariam um claro desincentivo à desintermediação financeira, reduzindo assim o número de actores e a opacidade destes mercados; (3) Redefinição das condições em que os bancos comerciais se refinanciam junto dos bancos centrais. Os bancos recorrem à liquidez disponibilizada pelo banco central de forma indiscriminada. É possível favorecer (através de taxas de juro mais baixas) os bancos com melhores práticas, por forma a criar incentivos para uma maior cooperação com as autoridades monetárias.
Estas propostas não são simples. No entanto, é fácil de perceber que todas apontam na mesma direcção: um maior controlo público de uma esfera demasiado importante para ser deixada a um mercado com poucas regras.
Adenda: Um excelente debate do segundo canal público francês sobre a crise, com a presença de Plihon, encontra-se aqui. Infelizmente sem legendas.
Prosperidade partilhada: por uma política económica de esquerda
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
Flexisegurança - um modelo não exportável
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008
A outra equipa de Basileia
A economia do cherne ou a mesma tanga de sempre
A crise está para durar
terça-feira, 12 de fevereiro de 2008
Pensamento crítico contemporâneo
Um quarto dos EUA em recessão
Porém, fora destes Estados e das regiões mais industriais, a economia tem revelado sinais positivos, em grande parte devido ao bom desempenho das exportações e da subida dos preços das matérias primas.
Já noutras recessões se registaram diferentes reacções nos Estados norte-americanos, reconhece a Economist. Mas desta vez há uma diferença fundamental, que é a crise imobiliária. O sector da habitação sempre funcionou como uma válvula de segurança para a economia norte-americana, permitindo que os trabalhadores pudessem deslocar-se entre Estados, à procura de emprego. Faziam-no vendendo as suas casas e encaixando as respectivas mais-valias. Ora, se a queda de preços das casas se generalizar mesmo, lá se vai a mobilidade dos norte-americanos. E aí "o desemprego pode continuar a crescer na Califórnia, mesmo que o Montana não consiga ter os trabalhadores de que precisa".
Tudo pior que antes?
Dos sobreiros à Ginjinha é tudo uma questão de regras
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008
Desigualdade e corrupção: o mesmo combate por uma sociedade decente
Economistas de Pinochet ou o pecado original do neoliberalismo
domingo, 10 de fevereiro de 2008
Não há que esperar muito das eleições americanas
Nem Clinton nem Obama defendem um sistema nacional de saúde universal; nem Clinton nem Obama interpretam a crise do 'subprime' como um resultado da desregulação financeira e ambos se mostram muito cautelosos nas receitas para ultrapassar a crise; nem Clinton nem Obama se comprometem em relação a prazos de retirada no Iraque; nem Clinton nem Obama questionam a energia nuclear como solução para os problemas energéticos do futuro (ver aqui o trabalho de comparação entre os dois candidatos preparado pela Democracy Now, organização americana de informação alternativa de grande qualidade).
Ambos têm uma retórica que apela aos desapossados, aos ambientalistas e àqueles que sentem vergonha da imagem que o resto do mundo tem dos EUA. Ambos poderão vir a tornar o sistema de saúde americano (baseado, essencialmente, em seguros privados) um bocadinho mais abrangente e introduzir ligeiras correcções num sistema fiscal que Bush criou para beneficiar os ricos. Ambos, pelo simbolismo da sua eventual eleição, poderão contribuir para tornar os EUA um pouco menos racista e/ou um pouco menos machista. Mas, vença Clinton ou vença Obama, não vale a pena esperarmos por um novo New Deal, nem uma mudança substancial na política externa americana (para o bem ou para o mal).
Afirmava Michael Tomaski no número de Janeiro do New York Review of Books (num interessante artigo sobre as tendências que dominam actualmente o Partido Republicano e que o tornam, basicamente, numa extensão do movimento conservador americano): «um presidente republicano que seja eleito em 2008 terá sido colocado no lugar pelas facções que controlam o seu partido e não há motivo para esperar que ele irá desafiar essas facções. Esperemos que no futuro os republicanos que não integram essas facções decidam desafiar o poder destas» (a tradução é minha).
Nos EUA, quando se fala de facções partidárias não se fala apenas de ideologia (direita religiosa, neoconservadores, ultra-liberais). Por detrás das correntes ideológicas estão sempre as grandes somas de dinheiro que financiam as campanhas eleitorais. E o que Tomaski escreve sobre os republicanos também se aplica aos democratas: os discursos ambíguos de Clinton e Obama sobre alguns aspectos centrais do que seria uma verdadeira agenda progressista (como a que Edwards apresentou) reflectem em boa medida os interesses daqueles que os apoiam, seja a partir das estruturas do Partido Democrata, seja através de generosos financiamentos privados.
Vídeos como este (via TV Arrastão) emocionam a gente de esquerda e criam grandes esperanças. Mas tenhamos noção das circunstâncias - ou preparemo-nos para as grandes desilusões.
Portugal e o fim da «monocultura do tijolo» em Espanha
sábado, 9 de fevereiro de 2008
Mdiplo - o jornal de toda a esquerda
A contagem decrescente para as eleições presidenciais norte-americanas marcará a actualidade durante o ano de 2008. A impopularidade de George W. Bush, confirmada pelas eleições primárias, põe a claro as contradições do espaço político conservador e da sua influência nos Estados Unidos. Johann Hari inscreveu-se num cruzeiro organizado pela revista conservadora National Review para recolher fundos e descreve o que viu e ouviu na reportagem «Cruzeiro no Titanic da direita americana».
A mercantilização da saúde e o seu impacto negativo no acesso dos doentes aos cuidados de saúde, no trabalho dos profissionais da área e na qualidade da medicina constituem o tema de «Rumo a uma medicina a dez velocidades», de André Grimaldi, Thomas Papo e Jean-Paul Vernant. Embora centrado no exemplo francês, este artigo traça um pano de fundo que, nas suas linhas essenciais, vem sendo aplicado em diversos países de uma forma crescentemente preocupante para quem sustenta a necessidade de assegurar a viabilidade dos serviços públicos de saúde.
Mário de Carvalho reflecte sobre a relação do Portugal dos dias de hoje com a sua história em «Sobre lanzudos e malandrins».
Estes são alguns dos principais destaques do número de Fevereirodo Le Monde diplomatique - edição portuguesa, que já chegou às bancas. O sumário da edição bem como o Editorial estão acessíveis aqui».
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008
O recuo bem pago do eixo do mal
O resto do artigo tenta mostrar que este ciclo de hegemonia está esgotado com o notório avanço democrata e com as reformas que estão a ser propostas para as áreas da saúde e da finança. Tenho muitas dúvidas e acho que há aqui uma tentativa para gerir e suster o recuo inevitável depois do desastre de Bush. Uma coisa parece certa: haverá sempre dinheiro a correr para financiar os combates ideológicos da direita intransigente. Neste campo nada é deixado ao «mercado». Esquecendo o dinheiro por um momento: a esquerda tem algumas coisas a aprender com o construtivismo intelectual da direita. Além disso, esta gente não confunde derrotas políticas com derrotas no campo das ideias. Mais uma lição. Não é que as ideias não se revejam, mas há que fazê-lo porque concluímos que estávamos errados e não porque perdemos politicamente. Aliás o facto desta direita nunca tender a fazê-lo pode ser uma das suas grandes fragilidades.
Relembrar boas posições
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008
A nova direita
O verdadeiro projecto de Sócrates
O direito a fazer a casa que se quer?
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008
Lembrem-se
A europa paga a crise
Visto que a maioria das economias asiáticas tem as suas moedas ancoradas ao dólar, parece caber à Europa o custo do ajustamento norte-americano. Com o euro a valorizar-se como nunca e um BCE que pode, mas nada quer fazer em relação ao assunto, as economias europeias perderão inevitavelmente competitividade externa face aos EUA.
Colapso do dólar?
Martin Wolf, numa curiosa entrevista a Doug Henwood, defende que, à falta de uma nova bolha especulativa, a única solução para a recuperação da economia norte-americana será uma maior desvalorização do dólar, tornando as exportações mais baratas e as importações mais caras.
A significativa redução da taxa de juro das últimas duas semanas ajudará certamente a este resultado - passa a ser menos atractivo comprar dólares para investir em activos financeiros americanos. No entanto, esta estratégia levanta dois problemas: o aumento da inflação devido ao encarecimento das importações e o possível fim do dólar enquanto moeda de referência no sistema monetário internacional. Boa parte das transacções internacionais é feita nesta moeda (veja-se o caso do petróleo). Além disso, numerosos países fixam, de forma mais ou menos flexível, o valor das suas moedas em relação ao dólar na tentativa de assim reduzirem a instabilidade cambial. Ora, um dólar em queda livre deixa de cumprir esta função. Existe, por isso, a remota possibilidade de alguns destes países abandonarem a ancoragem cambial - é certo que com enormes custos - acelerando o colapso da moeda norte-americana. As consequências para a economia mundial seriam desastrosas.