Uma das melhores partes do último livro de Naomi Klein - Shock Doctrine - é a que descreve o papel dos economistas formados na Escola de Chicago - um dos principais pilares do neoliberalismo - na definição das linhas orientadoras da política económica dos primeiros anos da ditadura de Pinochet (o seu falhanço obrigou a posteriores mudanças de curso). Filipe Castro tem toda a razão sobre o objectivo deste excelente livro: «A ideia de Naomi Klein é explicar às pessoas que não é possível compatibilizar liberdade e capitalismo selvagem». Para Milton Friedman, a liberdade sempre esteve, na realidade, confinada ao centro comercial e à satisfação de preferências suportadas por dinheiro. E um ditador servia muito bem para criar um laboratório para as ideias do «colectivo intelectual» de que foi uma das mais conhecidas figuras (embora a sua estatura intelectual seja, na minha opinião, muito inferior à de F. Hayek). Esta história de cumplicidades está hoje bem documentada. Apesar dos esforços dos neoliberais para a ocultar ou minorar. Afinal de contas tudo começou no Chile.Vejam a troca de cartas entre Friedman e Pinochet (via Esquerda Republicana). Quem quiser saber mais sobre os economistas de Pinochet pode ler o livro de Juan Gabriel Valdés (a obra de referência em que Naomi Klein se baseia).
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