sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

PS sem maioria absoluta? E depois?

Esta sondagem tem dados interessantes que confirmam a erosão da base de apoio do governo Sócrates e o reforço da esquerda socialista. Com a direita muito fragilizada, pelo menos temporariamente, esta sondagem coloca cenários muito interessantes e exigentes para toda a esquerda. A definição de uma agenda igualitária, capaz de romper consensos, tem que ser a prioridade das prioridades. E depois esta sondagem coloca questões que continuam a ser irrecusáveis: será que a captura da direcção do PS pelas correntes neoliberais é apenas circunstancial e pode ser reversível com outra correlação das forças sociais e políticas? Quais poderiam ser os termos de convergências políticas mais ambiciosas à esquerda? Será que é possível em Portugal um programa reformista forte de esquerda? Com os actuais constrangimentos? Uma coisa é certa: são questões e impulsos políticos deste tipo que assustam a direita dos interesses responsável pelo chamado mal-estar nacional. Estou convencido que mais cedo ou mais tarde teremos de lhes dar resposta colectiva convincente. Convinha que fosse mais cedo.

3 comentários:

  1. Nunca pensei que a pouco mais de um ano de terminar a legislatura a oposição começasse a estoirar foguetes pelo facto de as sondagens terem deixado de dar maioria absoluta ao PS. Com tanto que o governo tem armado, tanto mal que dele se fala e agora que já só falta começarmos a chamar pai ao Primeiro Ministro, mesmo assim ficamos contentes por ele poder não ganhar as eleições com maioria absoluta. Algo de muito estranho se passa nesta legislatura: será falta de alternativa para a governação do país ou é o actual que afinal é do melhor que nos podia ter acontecido?
    Não quero que fiquem dúvidas quanto à minha opinião por isso voto na primeira hipótese.

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  2. Eu lembro-me do tempo de Guterres em que a esquerda assumia-se contra o PS e via no PS o seu principal adversario. Viu-se no que essa estrategia resultou: um Governo PPD/PSD-CDS/PP renascido das cinzas em tempo recorde.
    Eu prefiro o PS a qualquer um dos partidos da Direita e ha que saber fazer-se oposicao a este Governo segundo essa premissa.
    As sondagens valem o que valem...

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  3. Paulo, Baldaia, Director da TSF

    Fazer reformas que impliquem os funcionários públicos é brincar com o fogo e não há ministro que não saia chamuscado. Acontece até que há ministros, como Correia de Campos, que são queimados na praça pública. Manifestações atrás de manifestações levaram Sócrates a concluir que o ministro não ajudava ao bom desenvolvimento da política de saúde determinada pelo Governo.

    Correia de Campos já faz parte da história e agora as manifestações, convocadas por sms ou trabalhadas com afinco pela Fenprof, são dirigidas contra Maria de Lurdes Rodrigues. Para a semana está marcada uma hiper, mega, gigantesca manif contra a ministra. A verdade é que muitos professores e muitos dos seus familiares não gostam que lhes mexam com a vida.

    São anos e anos em auto-gestão. Com professores a faltar e os alunos a gozar o furo sem nada aprender e nada fazer. As aulas de substituição são já um dado adquirido, mas há bem pouco tempo havia gritos sindicais, atrás de gritos sindicais, contra a blasfémia ministerial.

    Aliás, até uma boa medida como a estabilidade na colocação dos professores mereceu criticas dos sindicatos. Sempre que se pede aos professores que se adaptem ao novo mundo, pode até acontecer que a maioria dos docentes esteja disponivel para a mudança, mas os sindicatos é que não estão, nem estarão, para aí virados.

    Sobre a mais recente polémica com a avaliação dos professores, a maioria dos que são bons está a favor e não quer mais adiamentos provocados pela desculpa de que o sistema não é perfeito. É aqui que os sindicatos devem começar a mudar. Se a avaliação é absolutamente necessária, e é, se os sindicatos não concordam com o método, e não concordam, devem apresentar o método que na sua opinião mais se aproxima da perfeição. Ou seja, fazer parte da solução e não do problema.

    É preciso educar os novos sinicalistas para que não fiquem à espera das decisões governamentais. É preciso que a contestação permanente seja substituída pela permanente mudança a partir de dentro.

    Os professores, como os juízes, os médicos e restante Função Pública têm de perceber que o emprego para a vida, com todas e mais algumas regalias, é chão que deu uvas. É urgente fazer melhor com menos dinheiro, porque não há cofre público que aguente uma vida de porta aberta aos interesses das corporações.

    A FNE quase desapareceu do mapa mediático e a Fenprof controla a seu belo prazer os medos da classe. Quem os ouve acredita que o Estado anda a olhar para os professores como bandidos. Cria-se a ideia de que existe uma perseguição sem sentido aos docentes e eles ficam mais disponíveis para o protesto.

    O protesto é, aliás, livre. E é, muitas vezes, uma arma contra a injustiça. Mas talvez fizesse bem aos sindicatos olhar para a sondagem, divulgada ontem pela SIC, em que os portugueses aparecem a dizer que a educação melhorou.

    Esperemos que esta pré-campanha eleitoral fora de tempo - falta mais de um ano para as legislativas - não faça a oposição e os sindicatos serem do contra por ser contra, nem o Governo recuar à procura de votos. Para bem do país, avaliem os professores. Mesmo com um método imperfeito.

    E deixem que a reforma da educação siga em frente! Como está é que não pode ficar.

    Paulo Baldaia escreve no JN, semanalmente, aos sábados




    FANTASm ORTO

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