quinta-feira, 1 de maio de 2025

Os vassalos não aprendem

“Em 100 dias, o presidente Trump está a cumprir as suas promessas aos contribuintes americanos, enquanto os aliados da NATO aumentam os seus gastos com defesa”, afirma Mike Waltz, Conselheiro de Segurança Nacional dos EUA. 


Como é evidente, o rearmamento na UE não visa superar a dependência dos EUA mas antes acomodar as suas exigências. 

Que ninguém se deixe enganar pelas encenações pseudo-soberanistas dos que defendem o rearmamento da UE. 

Que ninguém se impressione pelos súbitos assomos pretensamente anti-NATO dos que, defendendo rearmamento, afirmam que, agora, com Trump, os EUA já não são nossos aliados, enquanto fingem não saber quem sabotou o Nord Stream, ou enquanto chutam para debaixo do tapete o que não pode ser chutado para debaixo do tapete: a responsabilidade de Biden e Kamala no genocídio ainda em curso na Palestina. 

Entretanto há quem na Bloomberg não tenha receio de reconhecer o que se tornou evidente, o “regime de sanções está a desmoronar-se”. 

E isto enquanto na mesma fonte, noutro artigo, se dá nota da possibilidade de um empresário dos EUA adquirir a empresa que detém o Nord Stream II e retomar o fornecimento de gás à UE. 

“Se, por exemplo, os EUA e a Rússia concordarem em cooperar no setor energético, então um gasoduto para a Europa poderá ser garantido”, afirmou Putin numa conferência de imprensa em Moscovo, a 13 de março”, pode ler-se também na mesma peça. 

“A UE e a Alemanha podem ter apenas uma influência limitada sobre uma possível venda do Nord Stream, uma vez que o processo decorreria ao abrigo da legislação suíça. No entanto, o gasoduto Nord Stream 2 continuaria a necessitar de uma licença de exploração emitida pelo Ministério da Economia alemão para poder ser reativado — o que não se prevê venha a acontecer, segundo fontes familiarizadas com o assunto”, diz-se aqui

Veremos se vai, ou não, acontecer, quando Annalena Baerbock, talvez a mais tresloucada e enérgica defensora europeia do genocídio palestiniano, dos verdes com bombas, ceder a sua posição ao conservador Johann Wadephul, mas parece-me provável que sim. Até porque pelo menos para parte do capital industrial alemão, o gás russo é uma questão de sobrevivência: “[p]ara Christof Günther, diretor de uma das maiores indústrias químicas da Alemanha, a única maneira de revitalizar setores como o seu é voltar a obter gás russo barato”. 

Somando tudo, o acordo que parece estar a desenhar-se entre Trump e Putin e o interesse do capital do centro e do norte da Europa, parece seguro poder afirmar-se que a UE se deixou encurralar entre duas más possibilidades: continuar a comprar gás caro aos EUA, ou comprar gás russo mas agora, concretizando-se o negócio, pagando um tributo aos novos detentores do NordStream, também os EUA.

Tributo que soma à estagnação económica entretanto incorrida, e que no futuro se perspectiva, ao recente surto inflacionista e correspondente crise de custo de vida, às tarifas e ao desperdício da despesa com compra de armamento. Tudo se conjuga para a UE se confirmar como um dos claros perdedores de uma guerra que ela própria alimentou. 

Vassalas dos EUA, como sempre foi claro que o eram, juntando-se caninamente ao ladrar da NATO à Rússia, sem respaldo nos tratados para tratar das questões da guerra, com frágil, se alguma, legitimidade política, a inépcia – para dizer o menos - destas lideranças da UE não podia ser mais clara. 

Não são melhores, contudo, aqueles que, nos Estados nacionais, parecem não ter aprendido nada nestes mais de três anos e se submetem, comprometendo os seus países com as perdedoras decisões belicistas de uma nomenklatura em quem ninguém votou mas foi instalada nas instituições da UE pelos partidos da direita e do extremo-centro.

Por fim, já depois de ter escrito o texto acima, vejo nos jornais que “EUA e Ucrânia assinam acordo sobre recursos naturais”, a notícia menos surpreendente desde o início da guerra. 

A confirmação da qual não precisávamos de que na Ucrânia a questão da autodeterminação foi sempre e apenas e só o sinistro engodo que possibilita a pilhagem e a expansão imperial. Como afirmou Jeffrey Sachs, recordemos, “se a China ou a Rússia decidissem instalar uma base militar no Rio Grande ou na fronteira canadiana, os Estados Unidos não só se passariam como entrariam em guerra em cerca de dez minutos”.

2 comentários:

Henrique Chester disse...

Sim você dever estar certo , a Federação Russa vai fornecer gás a uma empresa Americana que depois vai vender à Europa connosco pelo preço que quiser, são os despojos da guerra fica para quem ganha ou quem tem capacidade para negociar, vassalo aguenta aliás como o povo

Anónimo disse...

Alguém sabe porque votam os portugueses como votam? O socialismo não está funcionar porquê? A esquerda, ou as esquerdas não prendem os eleitores porquê? Ideias?