Contra quem? Neste caso, contra as expressões políticas das frações mais reacionárias da burguesia – Chega e IL. São duas faces políticas da mesma moeda única, a que produz a política única, a impotência democrática, num país saturado de iniciativas liberais até dizer chega há décadas.
Neste contexto, há quem julgue que o antifascismo implica colocar a convergência política acima da substância programática.
O antifascismo exige, antes de tudo, uma convergente identificação dos principais fatores que favorecem a ascensão dos novos rostos do fascismo e o estabelecimento de uma fronteira do antagonismo que inclua e que exclua politicamente, partindo de um programa tão patriótico quanto generoso de defesa das liberdades democráticas em sentido amplo, começando pelos locais onde se trabalha.
No presente contexto, é o euro-liberalismo armado que reforça decisivamente as tendências de fascização na UE, com a erosão dos Estados sociais de base nacional, com a flexibilização das regras austeritárias para efeitos de corrida armamentista, com a capitulação da social-democracia e dos verdes com bombas a abrir caminho à desesperança e ao medo em amplos setores populares.
O antifascismo em Portugal terá de ter sempre como ponto de partida a defesa da Constituição nos seus traços que vão às raízes do problema, como insisto em livro, que, se tudo correr bem, sairá até ao verão – A economia política do antifascismo e outros ensaios.
Aliás, não é por acaso que os liberais até dizer chega odeiam a Constituição. Afinal de contas, e apesar das sucessivas revisões que a amputaram de muitas das conquistas socialistas, a Constituição da República Portuguesa (CRP) contém uma base, tão antifascista quanto anti-imperialista, para uma alternativa. Tem, simultaneamente, o conteúdo necessário, o programa necessário e a possibilidade de concretização. Porque é (ainda) letra e não apenas desejo.
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