Esta escolha passou demasiado despercebida, dada o manto de silêncio: “No âmbito do Plano de Defesa Europeu, o Governo português vai solicitar a ativação da cláusula de derrogação nacional. Esta cláusula permitirá estabelecer uma exceção ao cumprimento das regras orçamentais de modo a acomodar o aumento da despesa com a defesa. O Partido Socialista foi ouvido no processo de tomada de decisão.”
Tudo o que queremos fazer, podemos pagar, assim haja vontade soberana com expressão monetária. O constrangimento não é financeiro, mas de recursos reais e de poder para os mobilizar. A seguidista elite do poder é a melhor aluna dos piores mestres.
Sabeis o mais cínico? Os trabalhadores da CP chegaram a acordo com a administração para aumentos salariais, mas o Governo recusou promulgar, alegando estar em gestão. Por isso, estão marcadas uma série de greves da CP. Mas o mesmo Governo de gestão tomou esta decisão belicista, tornando-a pública, por coincidência, dois dias depois da morte do Papa Francisco: “Não é possível haver paz sem um verdadeiro desarmamento!”, disse a 20 de abril.
Lembro o Papa Francisco, num dos seus últimos alertas, a 18 de abril: “Enquanto a guerra apenas devasta as comunidades e o meio ambiente, sem oferecer soluções para os conflitos, a diplomacia e as organizações internacionais precisam de nova força vital e credibilidade.”
Por cá, da habitação ao Serviço Nacional de Saúde, há cada vez mais necessidades por satisfazer, num país com o penúltimo nível mais baixo de investimento público (em percentagem do PIB) da UE, mas esta gente prefere investir no desperdício e num cortejo de corrupção, arrastando o país para uma corrida armamentista geradora de guerra.
Do Livre ao Chega, há demasiados cúmplices desta escolha, mas também há quem resista, quem diga não. Esta escolha vai a votos no dia 18.
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