quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Política entre a praça e a cruz


Ontem passei pela Almedina da Praça da República e estavam a dar tudo pela extrema-direita, incluindo através da difusão da apologia extremista de Marchi. Aproveito para perguntar a Carlos Vaz Marques da editora Zigurate: Compensa este enviesamento para a direita, esta promoção da extrema-direita? Porque não tentou estar na cabeça de Mariana Mortágua ou de Paulo Raimundo? Julgo que sei as respostas e não gosto delas. 

Por falar em gosto ou em valor na Praça da República: O que passa pela cabeça de Rui Tavares para recuperar metáforas contratualistas? A sociedade, tal como a empresa, não é um nexo de contratos. Se queremos metáforas, e não podemos passar sem elas, melhor é a metáfora, de Paulo Raimundo, do choque salarial necessário para dinamizar o mercado interno e reverter a distribuição regressiva de rendimentos entre trabalho e capital ou a metáfora do porto seguro, a força com a qual se pode sempre contar, dados os 103 anos de combate a todas as direitas; ou a metáfora comunitarista, de Pedro Nuno Santos, da cadeia de gerações, do nexo de direitos e de obrigações que dura, da lógica da comunidade na qual nascemos e pela qual somos moldados, da qual dependemos e em relação à qual temos responsabilidades. 

Enfim, subindo a pé a Lourenço de Azevedo, em direção à Cruz de Celas, passo pela sede do PSD, que parece sempre fechada. Ao contrário do que proclamam, nunca estiveram ao lado dos trabalhadores, muito menos desde Passos Coelho e da radicalização do caminho neoliberal iniciado por Cavaco, o que falava “do proteccionismo exacerbado em prol do trabalhador por conta de outrem” nos anos 1990, não o esqueçamos. A aposta sempre foi a de diminuir os direitos laborais e de aumentar, correlativamente, os patronais. Para promover esta redistribuição regressiva usam a ideologia da “flexibilização”, mas já não enganam nenhuma cabeça.

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