sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

A importância de ser radical


Esta semana, num artigo de opinião em que anuncia publicamente a sua saída do PAN, André Silva afirma que não há luta climática digna desse nome “sem a alcunha de 'radical'”. Pese embora as muitas divergências que tenho com o ex-porta-voz do PAN, concordo com esta afirmação e acrescento: uma luta climática consequente só é possível à esquerda. O “horror climático”, prossegue André Silva, reclama “disputas e controvérsias capazes de revolucionar consciências e políticas, incompatíveis com o business as usual do centro político”. Denota-se, pois, o caráter eminentemente político da ação climática, que constitui, assim, um campo de disputa ideológica por excelência e um terreno fértil para a imaginação e construção de alternativas radicais. 

Quem tem a generosidade (e a paciência) de ler as crónicas que tenho publicado no Setenta e Quatro, já saberá pelo menos duas coisas sobre mim: que só escrevo sobre clima e energia nas suas múltiplas declinações e que sou de esquerda – ecossocialista, para ser mais precisa. Revejo-me, portanto, numa síntese radical resultante do cruzamento dos princípios fundamentais da ecologia e da crítica marxista da economia política. Rejeito o capitalismo fóssil – o motor da crise climática – e o capitalismo verde – a ofensiva que visa a reconversão e reprodução deste sistema no contexto da crise climática. Defendo uma transição sistémica ancorada no planeamento democrático ecológico à escala nacional e na coordenação internacional.

O resto da crónica pode ser lido no Setenta e Quatro.

1 comentário:

Lowlander disse...

Saudacoes Vera:
A Vera dentro do eco-socialismo posiciona-se mais no campo do eco-modernismo ou do decrescimento economico?

Viz, excelente artigo no Republica dos Pijamas como contexto da pergunta.

https://republicadospijamas.substack.com/p/nem-produtivismo-nem-decrescimento