quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Aprender sempre


O ano de 2008 fica na história da economia ecológica por causa do aparecimento da fórmula “New Deal verde”, nome de um programa keynesiano de combate à crise económica e ambiental. Infelizmente, este programa, que só pode ser estatal, foi na altura derrotado politicamente, mas não intelectualmente. 

No final de um ano de crise sem precedentes desde a Grande Depressão, divulguei, numa crónica no Jornal de Negócios, as hipóteses desse keynesianismo ecológico. Estava marcado pelas ilusões do keynesianismo no Atlântico Norte, de Barack Obama ao euro-keynesianismo, versão do europeísmo na política económica. Esqueci-me de olhar para Oriente. 

A realidade, com o seu brutal enviesamento marxista oriental, dar-me-ia uma lição de economia política, do poder das relações de propriedade. A realidade, com o seu persistente enviesamento institucionalista – os mercados são construções político-institucionais dos poderes públicos –, dar-me-ia uma lição sobre a falha das “falhas de mercado”: os mercados não são soluções por defeito, a ação coletiva não é um suplemento opcional nesse processo institucionalizado a que chamamos economia substantiva. 

Estamos sempre a aprender. Nisto, e não apenas nisto, não podemos dizer adeus a Lénine, acabei por constatar.

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