segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Para lá da melancolia


Liguei o rádio num sábado que seria passado em regime de aguaceiros, de negrume e de luz, como estes tempos. Estava a tocar uma já clássica valsa melancólica de Vitorino na Antena 1, com a linha: “Que a sorte é de quem a terra amou”. 

Achei a melodia uma introdução apropriada à tarefa que me iria ocupar a manhã: distribuir panfletos à entrada de um hipermercado, numa pequena feira no Vale das Flores e numa esquina do Bairro Norton de Matos. 

Ontem à tarde, estivemos à porta de um centro comercial chamado alma; lá dentro, estranhamente, não se pode fazer política (ou seja, vigora a desalmada política do autoritarismo liberal). Estes centros deveriam funcionar legalmente como uma praça nos espaços comuns. 

Entretanto, a melancolia é um sentimento politicamente ambíguo. Nas circunstâncias certas, desde que haja encontro fraterno e ação coletiva, pode ser produtivamente mobilizada e superada. Foi produtivo. Isto vai.

Adenda. O sempre informado Miguel Madeira informa: “Durante as campanhas eleitorais pode-se fazer política (ou pelo menos política eleitoral) dentro de centros comerciais - há uma resolução da CNE dizendo isso.” Já imprimi a resolução. Entrar.

1 comentário:

Miguel Madeira disse...

A CNA deliberou váqrias vezes que se pode distribuir propaganda politica (ou será apenas eleitoral?) nos espaços comuns dos centros comerciais:

https://cne.pt/queixa/7ar2002

https://www.cne.pt/sites/default/files/dl/ata_220_cne_17092015.pdf