No mesmo comunicado onde fomos informados da manutenção desta política errada, foi também reiterado que, “[e]m qualquer caso, o Conselho do BCE continuará a seguir uma abordagem dependente dos dados”.
Na semana passada, o Eurostat informou que, em maio, os preços no consumidor aumentaram 2,6% em relação ao ano anterior, contra 2,4% em abril.
Em sequência, a Bloomberg escreveu que a “inflação na zona euro acelerou mais do que o previsto, o que torna ainda mais nebulosas as perspetivas para as taxas de juro do Banco Central Europeu após o corte previsto para a próxima semana”.
Hoje à tarde teremos novas decisões de política monetária.
Com a inflação a subir, “uma abordagem dependente dos dados”, significaria a manutenção, ou a subida, da taxa de juro.
Uma decisão contrária, descer a taxa de juro, seria o que, de facto, convém à economia, mas, no quadro de atuação do BCE, seria “nebulosa” para, usando o adjetivo dos mercados, dizer o mínimo.
Alguns daqueles que questionam a bondade desta distopia monetária, e não só, questionar-se-iam também acerca da oportunidade desta decisão, a três dias das eleições europeias, e se esta não seria (mais) uma interferência inaceitável no processo político.
"Se fossem coerentes com a sua função de reação, deveriam estar a manter [a taxas de juro] esta semana", afirmou Soeren Radde, economista citado também pela Bloomberg. "O que nos diz que se trata de um compromisso político a que chegaram".
Entretanto, a meu ver, outro assunto que merece, e carece, de atenção pública é a questão do nível de reservas bancárias obrigatórias e da sua remuneração com recursos públicos.
Veremos se também neste capítulo há decisões.
Assunto incompreensivelmente arredado dos media convencionais e do debate político público lusos já que é variável fundamental para compreender que os atuais lucros da banca privada são os actuais prejuízos dos bancos centrais.
Veremos se também neste capítulo há decisões.
Assunto incompreensivelmente arredado dos media convencionais e do debate político público lusos já que é variável fundamental para compreender que os atuais lucros da banca privada são os actuais prejuízos dos bancos centrais.
*Actualização:
Parece que não podiam ter deixado para segunda-feira e não resistiram; a "abordagem dependente dos dados" foi, pelo menos até novas ordens, às malvas. Tudo por razões estritamente técnicas, claro.
Dizer-se que um banco central é independente é o mesmo que se dizer que o dinheiro não é um instrumento político. E isto é o que se anda a ensinar em toda a Europa.
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