sábado, 31 de março de 2012
Recusar as mentiras douradas
sexta-feira, 30 de março de 2012
É amanhã (Sábado) e vai estar cheia de gatunos...
Painel 1: 10h30-12h30 CONSEQUÊNCIAS DE UM ANO DE INTERVENÇÃO DA TROIKA
- Carvalho da Silva (coordenador Centro de Estudos Sociais, em Lisboa)
- Eduardo Paz Ferreira (professor de Direito)
- Ricardo Paes Mamede (economista - ISCTE-IUL)
- Sara Rocha (economista - ATTAC Portugal)
Painel 2: 14h30-16h30 ALTERNATIVAS ECONÓMICAS
- Álvaro Rodríguez (ATTAC Espanha)
- José Castro Caldas (economista - Universidade de Coimbra)
- Jorge Bateira (economista - Blogue Ladrões de Bicicletas)
- Guilherme Statter (sociólogo)
Painel 3: 17h00-19h00 CONSTRUÇÃO DE ALTERNATIVAS POLÍTICAS
- José Gusmão (dirigente do Bloco de Esquerda)
- Pedro Nuno Santos (deputado do Partido Socialista)
- Paula Gil (fundadora do Movimento 12 de Março)
- Vítor Dias (blogue O Tempo das Cerejas)
A cassete de um banco que não é de Portugal
Ontem, Carlos Costa, um dos mais entusiastas apoiantes da austeridade sem fim, veio actualizar as previsões para a economia portuguesa, exercício penoso, mas a que já estamos habituados. Já vamos nos -3,4% de quebra do PIB e nos 170 mil postos de trabalho destruídos em 2012. Em 2013 logo se revê. A tal salvação pela procura externa está cada vez mais posta em causa, até porque a Europa está cheia de Carlos Costas. A cassete é a mesma de sempre porque esta gente não aprende: mais austeridade.
O BdP só tem outra obsessão, para além de defender os bancos: erodir os direitos laborais, fazer alastrar a precariedade e a insegurança, nome de código “disciplina de mercado” e “segmentação”. Enfim, não vale a pena repetir a crítica à lógica do BdP em relação a estas matérias, até porque o essencial sobre emprego e desemprego continua a não ser explicado: a economia vai sendo atingida por “choques”, coisas que acontecem num universo onde não há capitalismos, neoliberalismo e suas crises, nem respostas contraproducentes de austeridade.
quinta-feira, 29 de março de 2012
Profundo
quarta-feira, 28 de março de 2012
Zé dos Talks
Desemprego
O peso da realidade
Quando um "professor de empreendedorismo e finanças na Universidade de Chicago" escreve que...
"Se a Grécia tivesse entrado em incumprimento em 2010, impondo o mesmo haircut aos credores privados que impôs agora, teria reduzido assim o seu rácio de dívida face ao PIB para os 80%, o que seria mais fácil de gerir. Isto teria sido penoso, mas poderia ter poupado os gregos a uma descida do PIB de 7% e um aumento do desemprego para os 22% (incluindo um aumento no desemprego jovem para uns elevadíssimos 48%).
E mais importante, um incumprimento em 2010 teria dado espaço para alguns ajustamentos. Segundo o programa actual, não há nenhum: se a economia não der a volta rapidamente, a Grécia vai precisar de mais ajuda. Mas para onde se pode voltar para conseguir essa ajuda? Grande parte da dívida soberana está agora nas mãos do sector público, que não permite qualquer haircut. Por outras palavras, a Grécia esgotou a sua capacidade de partilhar parte do fardo com o sector privado. Da próxima vez, serão os contribuintes europeus que estarão em causa.
No segundo acto da tragédia grega, os gregos desesperados vão estar contra os outros europeus desencantados e irritados."
... é porque o peso da realidade é, mais cedo ou mais tarde, inescapável.
terça-feira, 27 de março de 2012
Plano inclinado
No entanto, julgo que ao designar por “loja” o que é um bom exemplo de modernização do Estado ao serviço dos cidadãos, os servidores públicos que tiveram esta ideia estavam, de forma talvez não intencional, já a promover um enquadramento comercial. As metáforas são poderosas. E, de facto, a palavra loja remete para uma lógica comercial, o contrário do que deve estar subjacente aos serviços públicos, que cuidam de direitos e deveres cidadãos, de bens sociais, de necessidades, e não de preferências suportadas pela carteira por mercadorias. Dir-me-ão que muitos serviços disponíveis loja do cidadão já são provisionados por privados. Esse é precisamente um dos problemas.
A moda das lojas pegou: por exemplo, um dos serviços da FCT chama-se “loja do cientista”, mas que eu saiba ninguém acede a estes serviços por ter pago algo para o efeito, chamar-se-ia corrupção a isso, mas sim devido a outros critérios, como o mérito científico, tal como é avaliado por uma determinada comunidade. Passaremos a ter loja Microsoft do cientista, agora que já temos cátedras e salas de aulas com patrocínios e nomes de empresas e tudo o mais que a imaginação empresarial consiga inventar? João Duque, que defende a censura em nome dos negócios, acha tudo isto normal.
Esta confusão de esferas abre as portas a uma das moralmente mais desgraçadas tendências de um tempo em que só nos saem Duques, como argumenta Michael Sandel, um dos filósofos que mais atenção tem prestado ao tempo em que tudo se compra e tudo se vende, ao tempo da “corrupção geral, da venalidade universal”.
As economias não são agregados
Como disse noutro texto aqui publicado (“O país que se cuide”), credibilidade e confiança são palavras-chave na retórica dos novos clássicos, uma corrente do pensamento económico nascida nos anos 70 do século passado. Renegando o essencial do pensamento de Keynes, esta corrente conseguiu instalar-se como pensamento dominante na profissão dos economistas ao convencer a maioria dos agentes políticos e dos comentadores das televisões de que a política orçamental é inútil ou até perversa. Apoiada pelas mais altas instâncias do poder nos EUA, tornou-se hegemónica nos departamentos de Economia durante a era Reagan. Das universidades norte-americanas para as portuguesas foi apenas uma questão de tempo e de subserviência intelectual. Que estas ideias não tenham qualquer fundamento científico pouco importa à academia e aos agentes políticos. São agora artigos de fé de uma ortodoxia que nem a crise de 2007/8 conseguiu pôr em causa, apesar da legitimação que os novos clássicos deram às políticas que a geraram.
Em 2009, Robert Skidelsky, profundo conhecedor da obra de Keynes, chamava a atenção para um pressuposto crucial no pensamento dos novos clássicos: a economia está sempre no pleno emprego ou, se não está, para lá se encaminha, a menos que o governo decida intervir na economia. Tornando evidente que a teoria não passa de ideologia, Skidelsky recordava que no Reino Unido, em 1931, no mais fundo da maior depressão económica da história, os economistas ortodoxos negavam a existência de capacidade produtiva por utilizar. Ou seja, a cegueira ideológica era tanta que não viam a necessidade de uma política orçamental deficitária para retirar a economia da crise.
Paul De Grauwe*, um dos economistas europeus que ainda preserva o espírito crítico, também confronta o núcleo central do pensamento dos novos clássicos (“ricardianos”) com o dos keynesianos. O autor acaba por reconhecer que os modelos dos economistas pressupõem que os indivíduos entendem a complexidade da economia e do mundo em que vivem, ou seja, que formulam expectativas racionais sobre a política económica e tomam decisões plenamente informadas. Daí a necessidade de os governos lhes incutirem confiança e de os convencerem de que as suas políticas são estáveis e credíveis. De Grauwe termina de forma lapidar: “Poucas vezes ideias tão insensatas foram tomadas tão a sério por tantos académicos. (…) O erro básico da moderna macroeconomia é a crença de que a economia é simplesmente a soma de decisões microeconómicas de agentes racionais.”
No dia em que as faculdades de Economia ensinarem que as economias não são agregados mas antes sistemas, e que estes emergem a partir de relações entre pessoas que não são átomos sociais dotados de racionalidade optimizadora, no dia em que ensinarem que as pessoas têm hábitos e crenças e estão envolvidas em relações de poder nas várias organizações a que pertencem, nesse dia teríamos recuperado a economia política institucionalista, a economia que era ensinada nas melhores universidades norte-americanas no período entre as duas grandes guerras. Nesse dia, em vez de lavagem ao cérebro, os nossos alunos teriam acesso a um ensino pluralista, crítico, confrontado com o real. Sem revisões nem amputações, Keynes teria aí o seu lugar.
*Paul De Grauwe, “Economics in crisis: it is time for a profound revamp”
Texto publicado há dias no jornal i
Os Ladrões de Bicicletas na língua original (do filme que inspirou o título do blog)
segunda-feira, 26 de março de 2012
Margem de manobra
domingo, 25 de março de 2012
Parte do problema
sábado, 24 de março de 2012
Auditorias há muitas
Não deixem de ler o resto do artigo de Elisabete Miranda, Interesses e preconceitos na revisão das PPP. Tudo muito consistente: se as próprias PPP nasceram tortas...
sexta-feira, 23 de março de 2012
Notas de leitura para quem se aproxima do meio da ponte II
A análise de Daniel Amaral pode ser prolongada, tentando perceber as causas reais da tal hipocrisia nas suas várias declinações. Aqui, economistas políticos convencionais e marxistas – Simon Johnson e Daren Acemoglu do MIT, por um lado, e Costas Lapavitsas da SOAS, por outro – podem convergir no reconhecimento do poder do sector financeiro na actual economia política. Tratou-se no caso da Grécia, e no fundo trata-se noutros casos periféricos, de adiar ao máximo a reestruturação da dívida para dar tempo aos bancos internacionais para transferir o máximo de encargos para o sector público, reduzindo assim o poder dos Estados periféricos, a sua capacidade negocial, até porque a nova dívida deixa de estar submetida a lei nacional, o que significa, entre outras coisas, que em caso de saída do euro a dívida não pode ser convertida legalmente na nova moeda. É por estas e por outras que nos últimos dois anos também aqui temos defendido uma reestruturação da dívida para ontem.
De resto, hoje mais do que nunca, a política transformadora precisa de todo o realismo, ou seja, de toda a disponibilidade intelectual para identificar mecanismos, relações ou estruturas com impactos bem reais no processo da vida na actual fase do capitalismo. Falhar-se-á muitas vezes, claro, e também daí ser tão importante o debate e o pluralismo, as melhores formas de eliminar o erro e de gerar correcções, nunca perdendo de vista que a intervenção deve ser compatível com as verdades que, apesar de tudo, desta forma se vão revelando por aí. Quando se perde isto de vista a manipulação e os jogos de poder ocupam todo o espaço num mundo em que vale tudo porque tudo se equivale.
É, basicamente, isto
(José Vítor Malheiros, via facebook).
«Os jornalistas têm que estar bem identificados para não serem agredidos? Quer dizer que a polícia agride indiscriminadamente quem não estiver com os coletes da imprensa? Não. A PSP deve actuar de forma adequada, de modo a conter eventuais provocações. Havendo essas provocações, que infelizmente há sempre, em manifestações ou acontecimentos deste tipo, a PSP deve ter uma intervenção cirúrgica, relativamente às pessoas que tomam essas atitudes. Não é bater indiscriminadamente em qualquer pessoa que lhe apareça à frente. Esse método de arrasto, de bater primeiro e depois averiguar quem é a pessoa em quem se bate, não é próprio de um Estado de direito democrático, não é próprio de uma democracia».
(Marinho Pinto, Bastonário da Ordem dos Advogados).
quinta-feira, 22 de março de 2012
As notícias da recuperação são um pouco exageradas
Entre o mau e o péssimo
Notas de leitura para quem se aproxima do meio da ponte
Como reconhece discretamente o próprio FMI, oportunamente repescado por Octávio Teixeira, a desvalorização interna está condenado ao fracasso na Grécia. O FMI começa a abandonar o barco e a chegar à conclusão heterodoxa que o caminho argentino é que é (p. 49). Continuemos com Robert Skidelsky, em negligente tradução e sempre contra uma austeridade que esquece a história económica e das ideias económicas, algo que o principal biógrafo de Keynes conhece bem: “Se o objectivo deliberado é diminuir o PIB, o rácio da dívida face ao PIB irá crescer. A única forma de reduzir a dívida (sem ser através de um incumprimento) é colocar as economias a crescer.” Skidelsky mostra bem a irracionalidade da actual obsessão com a dívida, sobretudo em espaços com soberania monetária, onde Tesouro e Banco Central não estão separados (basta olhar para a evolução das taxas de juro da dívida soberana a dez anos em três países para se perceber que a chamada crise da dívida soberana é uma crise do euro que anulou precisamente a soberania). No euro, o incumprimento é uma inevitabilidade nos seus elos mais fracos: quem não tem moeda para pagar, não pagará mesmo.
De resto, Skidelsky avança com o espectro da revolução, um dos argumentos usados no passado por esta tradição para persuadir políticos relutantes em abandonar dogmas liberais. Já não funciona, claro, porque as elites sentem que controlam a situação e não têm, realmente, grandes razões para pensar o contrário. Na ausência de alternativas sistémicas com peso político, as forças da reforma perdem gás.
No actual contexto, Hollande, como aposta Luís Rego, pouco mais fará à escala europeia do que repetir as inocuidades de Jospin. A situação parece estar perigosamente trancada: “o essencial das políticas europeias estão fechadas à chave por dentro”. Julgo que para forçar uma reforma progressista na arquitectura do euro, que reinscreva a social-democracia a essa escala, é preciso estar disposto a acabar com esta experiência monetária, ou seja, é preciso não colocar de lado a possibilidade de sair, preparando a opinião pública para uma eventualidade que exige a mobilização de todos os instrumentos de política. E isto a social-democracia não está (ainda?) disposta a fazer em nenhum país. O resultado é a desesperança.
A reforma teria de começar por um BCE deixado à solta por uma social-democracia que aceitou, no momento “constitucional”, uma configuração do euro destinada a anulá-la. O poder monetário é usado para forçar a destruição do Estado social, ao mesmo tempo que se mantém a ideia de que a austeridade está a resultar, ocultando-se deliberadamente a única política, a de credor de último recurso dos bancos, que mantém os fios financeiros que sustentam o euro, como é bem sublinhado por João Galamba, que aproveita para reenquadrar o debate: “A única coisa que está a acontecer é uma reconfiguração do modo como esse Estado intervém na economia, não do seu poder”. Assim se revela a economia política da arquitectura do governo neoliberal europeu, o lastro dos terríveis anos noventa: só instituições protegidas do poder político democrático, de preferência numa escala superior, podem pôr em marcha as políticas que convêm ao capital financeiro.
quarta-feira, 21 de março de 2012
Desconseguir
Volto aqui para confirmar que a austeridade está a desconseguir. O gráfico (actualizado com dados de Fevereiro) representa as variações percentuais das receitas fiscais entre um mês e o mesmo mês do ano anterior (linha e escala da esquerda) e as variações percentuais do PIB entre um trimestre e o mesmo trimestre do ano anterior (circulo e escala da direita). Aí se pode ver que entre Maio de 2009 e Março de 2010 as receitas fiscais cresceram a par do PIB. Isso é o que é suposto acontecer em tempos normais. A partir daí, com o choque austeritário, o PIB começou a cair e as receitas fiscais continuaram a aumentar, primeiro muito, depois menos. Isto foi conseguido, como sabemos, à custa do aumento das taxas de imposto. Ficamos a saber ontem, com a divulgação da execução orçamental de Fevereiro de 2012 pela Direção Geral do Orçamento, que as receitas fiscais, depois de terem caido em Janeiro abruptamente, continuam a baixar.
A austeridade está a perder no seu campo. Servia para reduzir o défice e pagar aos credores. Esse eram os objetivos do jogo. As consequências – o desemprego e o empobrecimento - eram “danos colaterais”. O resultado são os danos ditos colaterais e ainda… a derrota no próprio campo.
Não cansa repetir outra vez: é preciso parar isto enquanto é tempo.
terça-feira, 20 de março de 2012
Eram as gorduras do Estado social, não eram? (I)
(...) Os efeitos da redução dos transportes de doentes financiados pelo Estado são já notórios. Face a uma situação de urgência, as pessoas que vivem em "povoações muito isoladas" e cujas reformas "mal dão para comer" ou conseguem uma boleia, ou alugam um táxi ou ficam à espera de piorar para que o INEM aceite ir buscá-las sem terem de pagar, conta Pedro Rabaça [enfermeiro no Hospital de Portalegre].»
(Da reportagem de Paula Torres de Carvalho, a ler na íntegra, no Público de hoje)
Pequena Sugestão
Conhecer a crise? (I)
Claro que a António Barreto deve reconhecer-se o mérito de deitar mãos a um trabalho que o INE há muito podia e devia ter iniciado: a constituição e publicação sistemática de séries longas de dados nos mais variados domínios. É basicamente isso que as mercearias de informação estatística Pingo Doce fazem com a «Pordata», na sequência do trabalho da «Situação social em Portugal». Porém - com maior ou menor subtileza, com maior ou menor intenção - estas bases de dados perpassam a ideia de se estar perante o verdadeiro sistema estatístico português. O que não é obviamente correcto, nem consistente (falta por exemplo, em toda a linha, informação desagregada a escalas sub-nacionais), nem sequer justo para com o seu fornecedor principal, o INE. De facto, o Instituto Nacional de Estatística tem um excelente portal, que apenas é obscurecido pelo empenho com que as mercearias estatísticas da Jerónimo Martins se colocam no espaço mediático.(*)
Poderá dizer-se que António Barreto acrescenta, nestes projectos, análise sociológica à simplicidade dos números. Contudo, nesse âmbito, os resultados são muito dispares e duvidosos. Se é verdade que, a partir das suas colecções de dados, Barreto já fez bons trabalhos (como a série para televisão «Portugal, um Retrato Social»), não é menos verdade que também já abençoou produtos deploráveis, como a recente série «Nós, os portugueses» (também para televisão), que ofereceu ao grande público, em horário nobre, peças jornalísticas carregadas de demagogia, populismo e desinformação (como esta, a que já nos referimos neste blogue).
Vindo de um sociólogo que tem alinhado na causa austeritária, e que verte um ódio de estimação à coisa pública e adere com frequência às teses fraudulentas do «Estado gordo» e das «políticas sociais em excesso», o portal «Conhecer a Crise» dá sinais de poder vir a representar pouco mais do que um prato requentado de dados disponíveis e uma preocupante legitimação do situacionismo vigente. Mas a isso iremos num próximo poste.
(*) Só assim consigo explicar, devo dizer, que tenha sido o portal da Pordata (e não o do INE) a ser distinguido com o prémio internacional da World Summit Awards, em 2011.
segunda-feira, 19 de março de 2012
Tomar a Bastilha
Discours de Jean-Luc Mélenchon à Bastille le 18... por PlaceauPeuple
Teresa de Sousa pode tentar intoxicar os leitores do Público, comparando a plataforma de esquerda de Jean-Luc Mélenchon com a extrema-direita, o velho truque da propagandista oficial da terceira via e do europeísmo feliz no país, duas linhas convergentes e tão desgraçadas quanto esgotadas. A verdade é que quem se der ao trabalho de ler o programa do candidato apoiado pela frente de esquerda, prática sempre recomendável antes de se escrever, concluirá que este se filia na tradição da esquerda humanista e socialista que não desistiu, que não se rendeu ao euro-liberalismo, que não deixou de pensar autonomamente. A sua subida nas sondagens e a mobilização popular gerada, bem patente no extraordinário comício de ontem na Bastilha, estão a mudar os termos do debate francês e podem ajudar a mudar os termos do debate europeu. Aliás, veremos que os desafios europeus e democráticos a um euro e a uma globalização disfuncionais virão da fusão entre mobilização social e hegemonia nacional.
Para quebrar o consenso
domingo, 18 de março de 2012
Viram este filme?
sábado, 17 de março de 2012
Isto é apenas o meu começo
sexta-feira, 16 de março de 2012
P com s ou sem s?
Na senda da atenção à evolução da social-democracia, que o Alexandre Abreu aqui bem justificou, proponho-vos que comparem a análise de João Galamba, aprofundada em artigo no último Le Monde diplomatique – edição portuguesa de sugestivo título – “vamos construir um futuro melhor, mas só depois de destruir o presente” –, com a de um dos intelectuais que melhor exprime a colonização ideológica da social-democracia pelo ordoliberalismo, por um europeísmo feliz e funcionalista que penosamente anda há não sei quanto tempo a saudar todas as “soluções” europeias para uma crise que não cessa de se agravar devido precisamente às opções austeritárias inscritas em tratados. Falo obviamente de Vital Moreira. Qual destas duas posições antagónicas, porque assentes em diagnósticos radicalmente distintos sobre a crise, suas origens, dinâmicas e meios de superação, prevalecerá no PS? Veremos em breve: esperemos que não seja a de aceitar o irracional reforço de um pacto fracassado em nome de concessões que ninguém fez ou fará em matéria de euro-obrigações, orçamento europeu ou fim da balcanização fiscal ou laboral que conduz a corridas para o fundo. No campo dos eurodeputados do PS, Ana Gomes tem dado indicações interessantes. Estará Vital isolado? Duvido. A armadilha europeia está bem montada desde Maastricht. A social-democracia tem caído nela para sua desgraça, para nossa desgraça.
A força da lei
É caso para dizer que entre o credor e o devedor, entre o forte e o fraco, a lei também oprime e a mudança na lei também liberta…
quinta-feira, 15 de março de 2012
Défice Externo
Infelizmente, é preciso olhar para estes números, no mínimo, com muita cautela. Olhando só para a balança comercial, comecemos pelas importações. Depois da sua queda abrupta em 2009, recuperaram algum fôlego, em 2010, e retomaram a queda, em 2011. Não é preciso se um génio para perceber que não estamos aqui perante substituição de importações, mas sim perante uma contracção inédita do consumo - devido ao aumento do desemprego, dos cortes salariais e dos aumentos de impostos - e do investimento - devido às falências, contracção do crédito e perspectivas pessimistas em relação ao futuro -, com as inevitáveis consequências na capacidade produtiva do país. Ou seja, o ajustamento por baixo. Importamos menos porque estamos mais pobres. Deve ainda acrescentar-se que com a introdução da austeridade mais troikista que a troika, o clima de incerteza aumentou exponencialmente, levando familias e empresas a adiarem despesas. Nada de muito positivo por aqui, daí que não seja por este lado que o governo embandeire em arco.
O lado do crescimento das exportações é mais interessante. O primeiro ponto diz respeito ao contexto do crescimento das exportações nos dois últimos anos: com o colapso destas com a crise financeira em 2008/09 o que observamos é sobretudo uma recuperação face aos valores anteriores à crise.
O segundo ponto diz respeito à distinção entre o mercado intracomunitário (feito na sua quase totalidade com países da zona euro) e o mercado extracomunitário. O crescimento das exportações para o primeiro mercado aparece intimamente ligado ao crescimento económico da zona euro. Com a desaceleração do crescimento ao longo do ano devido à imposição da austeridade, as exportações seguem naturalmente o mesmo caminho. Como os recentes compromissos com novas doses de austeridade mostram, não há muito a esperar por aqui.
O terceiro ponto diz respeito ao crescimento espectacular das exportações para fora da zona euro, sobretudo no último trimestre. Neste caso vale a pena olhar para o comportamento do euro face ao dólar durante o ano (isto é assumidamente feito “a olho”, valeria a pena ter uma análise mais fina com uma série temporal mais longa). Com um normal desfasamento de um ou dois meses, os períodos de valorização/desvalorização do euro são seguidos por um menor/maior crescimento das exportações para países extracomunitários. O euro valoriza-se em Janeiro, as exportações crescem menos em Março; o euro valoriza-se em Março e Abril, o crescimento das exportações cai em Junho e Julho; o euro cai abruptamente em Setembro, as exportações disparam em Novembro; valoriza-se em Outubro e o crescimento das exportações cai em Dezembro.
Concluindo, num momento em que a recuperação do comércio internacional face ao colapso de 2009 parece concluída, as nossas exportações estarão sobretudo dependentes do andamento da economia europeia e da taxa de câmbio do euro. Nada de muito animador, na verdade.
Para mais sobre o mesmo assunto, vale a pena ler o João Galamba e o Pedro Braz Teixeira.
quarta-feira, 14 de março de 2012
Considerando...
Isto não funciona
A passagem da agora lembrada “repressão financeira” à “liberdade financeira” contribuiu para a tal financeirização. Esta não pode ser resumida à “alavancagem” de que fala Amaral, já que envolve toda uma nova capacidade de pressão financeira sobre os trabalhadores em nome da criação de “valor para o accionista”, novas dependências dos governos face aos agentes financeiros, mais oportunidades para a especulação – novos produtos e instrumentos, a tal inovação financeira imparável –, maiores desequilíbrios, mediados e aprofundados pelo sector financeiro, entre países com superávites e défices e muito mais. Resultado: muito maior instabilidade financeira, com as crises a sucederem-se a muito maior velocidade, maior opacidade, crescimento do peso dos lucros do sector financeiro ou, claro, captura da política económica, com as instituições responsáveis pela sua condução a comportarem-se como comités executivos para gestão dos negócios colectivos de uma fracção da burguesia.
Bancos Zombie
Estamos pois perante bancos zombie, que só sobrevivem e reestruturam os seus balanços à custa do crédito público e do negócio chorudo que este possibilita. O prémio de "banco zombie europeu" vai mesmo para o BCP, que tem à volta de 17% dos seus activos financiados pelo BCE.
Claro que sabemos que a subsidiação pública da banca não fica por aqui. Com os critérios internacionais para necessidades de capital próprio a tornarem-se mais exigentes (uma mudança muito discutível no conteúdo e na oportunidade), a banca portuguesa tem duas hipóteses: ou reduz o tamanho dos seus balanços e consegue um rácio mais alto com o mesmo capital, ou se recapitaliza. O Estado tem 12 mil milhões de euros (novo endividamento junto da troika) reservados para este destino. Como a recapitalização implica uma desvalorização das actuais acções, os bancos optam pela redução dos seus balanços. Esta desalavancagem não traria problemas em si mesmo para a economia portuguesa se, por exemplo, fosse feita através da venda de activos estrangeiros. No entanto, o que mostraram os recentes relatórios de contas é uma redução do crédito doméstico, afectando de forma desproporcionada as pequenas e médias empresas. Entretanto, o estado já fez saber que a inevitável recapitalização pública será feita de forma a que o estado não tenha qualquer palavra na política de crédito e protegendo, na medida do possível, os actuais accionistas.
Em suma, temos instituições privadas que, não podendo ir à falência, beneficiam de forma maciça de financiamento e capital público, sem qualquer contrapartida. Serão precisos mais argumentos para o imediato controlo democrático destas instituições? E, não, ninguém está aqui a advogar uma enorme CGD. O banco público, imbricado no tráfico de influências político, é regido como uma instituição privada donde o Estado retira dividendos. Será melhor do que um banco privado, mas a opacidade da sua gestão e a falta de supervisão democrática impede que este banco seja o modelo de uma política de crédito que contribua para o desenvolvimento do país. A nacionalização da banca é, pois, condição necessária, mas não suficiente, para a colocar ao serviço da economia.
O regresso da social-democracia europeia?
terça-feira, 13 de março de 2012
Portugal está no bom caminho, dizem eles!
Em entrevista ao Jornal de Negócios de hoje, Mitu Gulati, um especialista norte-americano que ajudou a desenhar a reestruturação da dívida pública grega afirma:
Portugal precisa de aprender as lições da Grécia e pelo menos considerar que, se esperar dois anos, poderá ficar numa situação má, onde a maioria da sua dívida será para com o sector oficial [troyka]. Quando chegar aí, e decidir reestruturar, fará um corte imenso ao sector privado, mas não será suficiente para garantir a sustentabilidade. ... O caminho que Portugal está a seguir não lhe está a permitir o regresso ao mercado. É no fundo o caminho que a Grécia seguiu durante dois anos.
A entrevista acaba por não discutir uma variável central para a sustentabilidade da dívida pública, o crescimento do produto. Como se pode ver nas linhas superiores do gráfico anexo, basta que a recessão se mantenha por mais algum tempo para a dívida disparar para um nível absolutamente insustentável. Hoje, só quem pretende manipular a opinião pública afirma que Portugal está no bom caminho.
Os observadores independentes não deixam escapar o essencial (este por exemplo):
a causa final (ou subjacente) que vai empurrar Portugal para um segundo resgate é o facto de o país ter um elevado nível de dívida (tanto pública como privada) e um problema crónico de crescimento que simplesmente não vai ser resolvido com um pouco de boa vontade e algumas reformas estruturais do tipo varinha mágica.
segunda-feira, 12 de março de 2012
Vampiros
Borges já tinha mostrado, em 2008, a sua admiração pelo sistema chinês de poupança, que é parte dos desequilíbrios da economia mundial, exortando também os portugueses a comprarem menos Mercedes e tudo. Talvez seja mesmo este modelo, assente num Estado social demasiado frágil para as necessidades dos reprimidos trabalhadores chineses, que está subjacente a um estudo encomendado pela associação portuguesa das seguradoras, que propõe o desmantelamento do Estado social para supostamente fomentar a poupança à chinesa.
Vejam lá que quem tem mais dinheiro é quem poupa em Portugal, o que implicitamente até justificaria a actual política de alterações das regras económicas por forma a favorecer a redistribuição de baixo para cima. O problema é a chata da procura que também vem do consumo a que a maioria é mais atreita, gastando tudo em vinho, até porque teve acesso a hospitais, escolas e subsídios de desemprego. O problema é o paradoxo da poupança e a depressão assim gerada, a dificuldade em promover simultaneamente a poupança pública e privada. A poupança é o que sobra e sobra cada vez menos, claro. O problema central foi a perversidade de um modelo de financiamento por poupança externa, o inevitável destino das periferias que se abrem de forma irrestrita às forças do mercado global e aderem a uma moeda forte. Em conjunto com as privatizações foram as grandes obras da ideologia liberal em Portugal.
O problema também é o que sabemos sobre o modelo norte-americano de capitalismo financeirizado, longe da “repressão financeira” dos chineses que ainda não foram totalmente nas cantigas dos Borges na área financeira, e para onde os bancos e as seguradoras nos querem na realidade levar: reformas derretidas no casino financeiro, famílias ainda mais endividadas e insolventes por terem de fazer face às despesas com bens e riscos sociais, todo o poder aos bancos e seguradoras para inventarem custos de transacção sem fim e assim sugarem, em comissões e outras extorsões, os rendimentos dos trabalhadores: a tal economia política da expropriação financeira de que nos fala Costas Lapavitsas. A erosão do Estado social no mundo desenvolvido só alimenta as lulas-vampiro financeiras e a ideologia da “promoção da poupança” é a forma possível de ocultar este processo nas actuais condições intelectuais e políticas.
De resto, haverá cada mais material para filmar um “Inside Job” em Portugal, para filmar o mundo dos que querem continuar a ir ao nosso pote. Um mundo feito de práticas financeiras opacas, mas também de percursos transparentes. Que o diga Luís Amado: o ex-dirigente de um partido que contesta há muito, e bem, os paraísos fiscais vai voltar às suas origens madeirenses, acumulando a direcção do BANIF com um cargo na administração da Sociedade de Desenvolvimento da Madeira, ou seja, do sórdido inferno fiscal madeirense. São mesmo estrangeiros estes negócios.
Vírus
domingo, 11 de março de 2012
Quem manda?
De resto, esqueçamos a alternativa que Luciano Amaral propõe à socialização efectiva da banca: a “disciplina de mercado” foi tentada aquando do Lehman Brothers e durou dois dias, deixando a economia mundial à beira do colapso. Concentremo-nos antes na sua interpretação da sugestão de Fernando Ulrich, um dos operacionais mais importantes do regime, de se privatizar parcialmente a CGD:
“Mas repare-se que a sugestão não é privatizar todo o capital da Caixa, apenas ‘uma parte’. Assim percebe-se melhor: uma vez cotada, a Caixa poderia adquirir bancos, fundir-se ou ser adquirida. E como seria excelente para qualquer banco dito ‘privado’ colocar-se sob a sombra protectora da montanha de depósitos da Caixa e da garantia estatal que a protege e não precisa de ser accionada nem tem custos de comissão. Tinha a vantagem de ser mais explícito do que a ficção actual.”
sábado, 10 de março de 2012
Aviso: Cavaco ficará na história
sexta-feira, 9 de março de 2012
Encruzilhada grega
Este post é uma versão adaptada deste texto, publicado no site da Iniciativa Auditoria Cidadã.
A imagem é da Gui Castro Felga.
O acordo com os credores privados gregos foi bem sucedido, com 85% da dívida a ser trocada “voluntariamente” por novos títulos. Ainda assim, o nível de adesão não é suficiente para que um “evento de crédito” (incumprimento) não seja declarado e os seguros de crédito (CDS) sejam activados. Os efeitos desta activação são desconhecidos, mas existe bastante confiança entre os mercados financeiros. A seguir com atenção.
Há duas semanas foi conhecido o documento confidencial com os cenários oficiais para a evolução da economia grega e sustentabilidade da sua dívida pública, documento esse que serviu de base para as discussões nesta cimeira. As perspectivas não são muito optimistas. Mesmo com o anunciado corte de, em termos nominais, 50% da dívida grega detida por privados, os efeitos depressivos da austeridade sobre o crescimento produziriam uma dívida de 168% do PIB em 2013, que se reduziria progressivamente a 129% em 2020, graças ao crescimento da economia grega (2,5% para o período de 2015-20). No entanto, tendo em conta as estimativas anteriores para a economia grega e as sucessivas revisões que o ciclo vicioso austeridade-recessão-endividamento-austeridade impôs, com o reforço das actuais políticas, a recuperação da economia grega será uma miragem.
Face a este cenário, a UE impôs perdas maiores ao sector privado (53,5%, em termos nominais), negociou com o BCE a transferência dos lucros que esta instituição teria com a dívida grega para a amortização da mesma e obrigou a novos cortes orçamentais, de forma a atingir os desejados 120,5% do PIB em 2020. Isto, claro, com o mesmo delirante cenário macroeconómico. Não admira, portanto, o cepticismo geral com que este acordo foi encarado. Todavia, neste contexto, é surpreendente a atitude dos media e da opinião dominante: os objectivos agora acordados seriam de difícil prossecução devido à ineficácia, ou mesmo má-vontade, do estado grego para aplicar o que lhe é exigido; o problema não estaria tanto nos termos acordados, com um generoso perdão da dívida, mas sim na incompetência grega, que, aliás, explicaria o falhanço dos anteriores “resgates”. Não existe qualquer análise pormenorizada do que está aqui em causa e que, mais tarde ou mais cedo, será replicado no caso português. No entanto, são vários os dados de que dispomos para perceber o previsível falhanço do novo acordo e os objectivos que estão por detrás deste.
É verdade que os privados se viram forçados a aceitar perdas nominais de 53,5% nos seus títulos, mas, face ao cenário alternativo de um default unilateral, este foi um mal menor. As suas perdas serão compensadas com um conjunto de pagamentos imediatos, entendidos como indemnizações necessárias ao acordo voluntário. Estas compensações, por sua vez, serão devidamente creditadas como dívida grega. Por outro lado, sendo boa parte da dívida privada detida pela banca grega, o Estado será obrigado a um processo de recapitalização, na ordem dos 60 mil milhões de euros. Mais uma vez, esta despesa será creditada como dívida grega. O stock de dívida manter-se-á acima dos 140% do PIB mesmo depois deste perdão. Mais grave é a completa descapitalização dos fundos de pensões públicos gregos, que não merecem qualquer medida de compensação. Finalmente, os novos títulos detidos por privados estarão ao abrigo da lei britânica e não da grega, como antes acontecia. Os privados passam deter 25% da dívida com qualquer processo de reestruturação da dívida liderado pelo povo grego será, assim, mais complicado do ponto de vista legal. Só a saída do euro possibilitará o futuro default.
Mais chocante é a atitude do BCE, o maior credor individual do estado grego neste processo: ao contrário do que acontece com o FMI ou com o Fundo Europeu de Resgate, aquela instituição detém títulos de dívida originalmente emitidos a privados; estes títulos deveriam, por isso, estar abrangidos pelos cortes nominais agora anunciados. No entanto, o BCE faz valer todo o seu poder e recusa quaisquer perdas, limitando-se a negociar a eventual transferência de lucros para os estados nacionais, que, posteriormente, poderão utilizar tais fundos para amortizar a dívida grega.
Porém, se ninguém acredita neste acordo, porque foi ele negociado nestes termos? Pelo menos duas razões parecem claras: por um lado, reforça-se a transferência da soberania grega para a tecnocracia europeia, com missões permanentes de vigilância, à luz da proposta obscena do “comissário” europeu, avançada pelo governo alemão — a imposição de novas medidas draconianas de austeridade estará, assim, garantida; por outro lado, consegue-se adiar o problema da Grécia por alguns meses, permitindo aos estados e aos bancos ganhar tempo para limitar possíveis riscos de contágio do “default” grego — a banca europeia reforça-se com aumentos de capital e empréstimos maciços do BCE a longo prazo. Desta forma, qualquer veleidade futura do povo grego terá ondas de choque mais limitadas, numa Zona Euro já fragilizada, onde, ainda há poucas semanas, países como Itália ou Espanha pareciam destinados a implodir.
Por conseguinte, a reestruturação da dívida liderada pelo povo grego, com moratória unilateral, auditoria democrática e provável saída do euro, é urgente para se quebrar o ciclo austeritário e colonial a que o povo grego parece estar condenado, numa realidade que serve de “bola de cristal” ao povo português e da qual devemos tirar todas as ilações.