quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Nada é socialista


Carmo Afonso tem toda a razão: o pacote Mais Habitação não é nada socialista, mas arrisca-se a ser considerado socialista, devido à mediatizada radicalização das direitas. 

O que explica esta radicalização, esta viragem para a direita na vida nacional? 

Em primeiro lugar, temos os efeitos materiais e ideológicos ainda por superar da troika e do seu governo. IL e Chega são filhos de Passos Coelho, afinal de contas.

Em segundo lugar, temos o efeito estrutural continuado da moeda única e do mercado único, bloqueando políticas de esquerda e favorecendo a deriva para a direita. 

Em terceiro lugar, temos o extremo-centrismo social-liberal do PS, que cria a necessidade de diferenciação por parte das direitas, sobretudo do PSD, cujas elites estão de resto contaminadas pelos liberais até dizer chega.

Em quarto lugar, temos os investimentos ideológicos crescentes de milionários, das televisões aos stink-tanks, criando um espaço público cada vez mais favorável a esta radicalização, até pela censura mediática das propostas da esquerda.

Em quinto lugar, temos os intelectuais de esquerda que se deixam condicionar por este contexto, fazendo propostas cada vez mais temerosas, até porque conformes ao constrangedor quadro europeu.

Em sexto lugar, e a meia dúzia de razões é sempre mais elegante, temos uma economia cada vez mais medíocre, assente no nexo estufas-turismo-construção, que produz uma burguesia que vive de salários baixos e que não quer ouvir falar de desmercadorização, seja do trabalho, seja da habitação.

1 comentário:

Anónimo disse...

O PS não vai alterar nada de decisivo em área nenhuma, o PS e António Costa vivem de propaganda, e o objetivo é manter as coisas como estão, o crescendo da desigualdade é para manter.