segunda-feira, 29 de julho de 2024

Olhar e ver


Miúdo, olha um poluente covidário para ricos a passar. E ele para e vê o que andam a fazer no mais magnífico dos rios portugueses, o Douro, onde se escrevem poemas geológicos, mas com grandes dificuldades

A foto foi tirada no recém-inaugurado Parque da Ferradosa, no concelho de São João da Pesqueira, provando-se que o poder local democrático lá vai criando espaço público para todos, uma pequena e subestimada revolução. A democracia é o melhor que o povo deste país tem. 

Sim, a tendência identificada por John Kenneth Galbraith – “esqualidez pública, opulência privada” – não é inevitável, como ele de resto sabia. Um aparte, desculpem: não me esqueço dos tão desprezíveis quanto liberais Nogueiras Leites, nas vésperas do desgoverno da troika, a discorrer sobre piscinas e pavilhões desportivos municipais em excesso. 

Entretanto, diz que a água fica bastante oleosa quando os chamados cruzeiros atracam por aqui. Felizmente, a qualidade da água fresca, ideal para mergulhos no sol abrasador, é controlada. Este covidário que passou não pertence ao pirata do Douro, que tem vários e que controla a TVI-CNN para poder passar por especialista em sustentabilidade, vejam bem o despautério. 

Há concorrência no rio Douro e esta compulsão capitalista é parte do problema dos custos sociais generalizados que temos de ir eliminando por tantas e por tão boas razões. E, não, não se diz externalidade negativa, como fazem tantos economistas e tão mal-educados, dando a entender, erradamente, que se trata de um defeito pontual e não de um feitio sistémico. 

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