O Estado japonês está endividado na moeda por si controlada, o que significa que o Banco do Japão determina as condições de financiamento em função da estratégia estatal. Metade da dívida do Japão é detida pelo Banco Central e o resto basicamente por outros japoneses: o Japão deve ao Japão. Para que os cidadãos possam poupar, o Estado tem de gastar. A despesa que é rendimento tem de vir de algum lado. E quanto mais a dívida cresce, mais a taxa de juro desce, vejam lá.
Num certo sentido, a abordagem monetária aí seguida na prática é tão simples que a mente bloqueia. Grande parte da abordagem económica convencional, seguida nos conselhos de finanças públicas e nas Sedes de poder desta desgraçada e medíocre vida, destina-se a fazer com que a mente bloqueie e a pensar nos arranjos institucionais para que ao bloqueio intelectual corresponda um bloqueio político cada vez mais forte. Para salvar a situação, os bancos centrais têm hoje de superar estes bloqueios, ao mesmo tempo que garantem não o estar a fazer.
É que não convém que os cidadãos compreendam que os constrangimentos não são financeiros, mas sim reais: tudo o que os japoneses conseguirem fazer para lidar com os problemas reais, os japoneses conseguem pagar. Devem sentir-se mais livres por isso a oriente, com uma abordagem funcional às finanças públicas. Não há que ter medo, mas sim segurança social e confiança nacional.
Isto de ter um povo disciplinado, instruído, trabalhador, que transforma a poupança em empréstimos ao Estado (diria até patriótico, não fora o desuso da expressão), é uma comodidade para os governos favorecerem as empresas e a economia do país.
ResponderEliminarmais fácil poupar quando se recebe salários que não são de mera sobrevivência
ResponderEliminar