domingo, 23 de outubro de 2011

Chora por nós Argentina

O Alexandre Abreu já tinha assinalado a recuperação socioeconómica argentina. Um sucesso que se seguiu precisamente à reestruturação da dívida e à desvalorização cambial, ambas tão incompreensivelmente diabolizadas entre nós. Graças a um comentário de José M. Sousa, confirmando que o blogue é bem mais do que os posts que escrevemos, tomei conhecimento de um novo estudo do Center for Economic and Policy Research. Este dá-nos uma visão actualizada da trajectória argentina que confirma a análise feita pelo Alexandre e que explica o sucesso político do apelido Kirchner, primeiro com Nestor e depois com Cristina, que será hoje reeleita Presidente da Argentina por margem histórica. Pudera: o mais intenso crescimento “ocidental”, desde 2002, com autonomia face à finança internacional, com diversificação económica e não na base de um mítico “boom” das exportações agrícolas, com redução das desigualdades ou diminuição da pobreza, graças, entre outros factores, à triplicação das despesas sociais em termos reais neste período e ao aumento do emprego. O estudo implode com várias ideias feitas e que ainda circulam, à esquerda e à direita, no nosso país e retira algumas implicações para as atascadas periferias europeias, as actuais vítimas de elites predadoras: é necessário proceder a uma reestruturação maciça da dívida por iniciativa dos devedores, por forma a reduzir substancialmente o seu fardo, mesmo que isso possa envolver, para a Grécia em primeiro lugar, sair do euro. Este pode ser um dos efeitos da rebelião das periferias, o outro pode ser uma reconfiguração do euro que supere a austeridade. Por isso é que temos de trabalhar com cenários neste contexto. Uma leitura a não perder.

3 comentários:

  1. Sem dúvida que o objectivo final de tudo isto é a implosão das soberanias...


    --> A superclasse (alta finança internacional - capital global, e suas corporações) não só pretende conduzir os países à IMPLOSÃO da sua Identidade (dividir/dissolver identidades para reinar)... como também... pretende conduzir os países à IMPLOSÃO económica/financeira.
    --> Só não vê quem não quer: está na forja um caos organizado por alguns - a superclasse: uma nova ordem a seguir ao caos... a superclasse ambiciona um neo-feudalismo.

    --> Marionetas dos 'Bilderbergos' (ex: Sócrates e afins) fizeram o seu trabalho: silenciaram 'Medinas Carreiras', e armaram a RATOEIRA para a falência: endividamento esperando um - ILUSÓRIO - crescimento perpétuo...



    ANEXO:
    -> Muito muito mais importante do que a crise... é o DIREITO À SOBREVIVÊNCIA!
    Resumindo e concluindo: Não vamos ser uns 'parvinhos-à-Sérvia'.... antes que seja tarde demais, há que mobilizar aquela minoria de europeus que possui disponibilidade emocional para se envolver num projecto de luta pela sobrevivência... e SEPARATISMO!...

    ResponderEliminar
  2. Caro João Rodrigues,
    Permita-me uma provocação amistosa e procure não me levar a mal.
    "...mesmo que isso possa envolver, para a Grécia em primeiro lugar, sair do euro. Este pode ser um dos efeitos da rebelião das periferias, o outro pode ser uma reconfiguração do euro que supere a austeridade."
    Hmm... bom, se começar a chover, isso pode envolver duas coisas.
    Uma delas é eu tratar de vestir a gabarbine e abrir o guarda-chuva.
    A outra é esperar que a "União Cósmica" se apiede da minha situação, ocorrendo por isso uma "reconfiguração" atmosférica que "supere" a miséria da minha condição...
    Um abraço,
    JCG

    ResponderEliminar
  3. Bom post, mas a notícia lincada é péssima. Bem melhor, aqui (via Nuno Teles):

    http://www.guardian.co.uk/commentisfree/cifamerica/2011/oct/23/cristina-kirchner-argentina

    ResponderEliminar