quinta-feira, 10 de abril de 2008

Notícias de um modelo em crise

Começou o exercício de revisão das previsões. Uma das especialidades dos economistas. A incerteza radical não perdoa. Desta vez pela mão do FMI. Revisão em alta da previsão das perdas das instituições financeiras: 935 mil milhões de dólares. Por enquanto. Revisão em baixa da previsão de crescimento económico para a economia portuguesa: 1,3 por cento que compara com os 1,9 por cento registados no ano passado. Por enquanto. Entretanto, os bancos lá vão assumindo as culpas pelos danos que causaram. Fraquezas nas suas práticas reconhecem agora. Parece que andaram a receber de mais por especularem em excesso. Dizem que é um problema de incentivos e de gestão do risco. Prometem não repetir. É evidente que repetirão tudo se não forem reintroduzidas formas mais robustas de controlo e de regulação públicas. Quase que se pode dizer: está na sua natureza. Por cá, as verdadeiras estruturas de privilégio mantêm a sua força: 35 administradores de bancos arrecadaram 40 milhões de euros em 2007. Para não variar, o BCP destacou-se. A boa conduta é recompensada em Portugal. A corrosão moral de um modelo em crise passa mesmo por aqui.

3 comentários:

  1. O modelo está em crise porque as taxas de juro são fixadas artificialmente. Quando as taxas resultarem do equilíbrio entre a poupança e a procura de crédito, estas crises desaparecerão.

    Seven Dub

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  2. E lá vão aparecendo propostas de que os governos avancem para a aquisição no mercado daqueles títulos que mais problemas estão a causar nas contas das instituições financeiras, para devolver a confiança aos mercados, para o bem de todos e para acabar com a crise de uma vez por todas. O Bush e o Dominique Strauss-Kahn são dois dos adeptos desta nova corrente de solidariedade espontânea.

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