terça-feira, 29 de janeiro de 2008

A desigualdade mata II

Graças ao maradona, este post originou algumas reacções na blogoesfera ultraliberal. São eloquentes q.b. Esta e esta são de leitura obrigatória. Nenhuma aborda a questão levantada pelo gráfico: o aumento da desigualdade nos EUA durante os últimos trinta anos reflectiu-se num aumento da diferença na esperança média de vida entre ricos e pobres. Paulo Pinto Mascarenhas, ignorando também o problema da desigualdade, desafia-nos a apresentar um gráfico que compare o aumento da esperança de vida entre a «Europa social» e os EUA. Aqui vai. Escolhi os quatro países mais populosos da Europa Ocidental. Só a Itália fica atrás dos EUA.

Dados OCDE

Devo confessar que este tipo de comparação serve de pouco. Tem razão Miguel Madeira quando levanta o problema de ser difícil a comparação de países com pontos de partida diferentes. Ainda assim, a minha escolha parece ser razoavelmente honesta. Mais relevante nesta discussão é este artigo do catalão Vincent Navarro (o maradona que lhe perdoe o demagogo e desavergonhado título). Ficamos a saber que diferença de esperança média de vida entre os muito ricos e os muito pobres é de 7 anos na União Europeia (a 15), duplicando para 14 anos no caso dos EUA. O artigo explica muito bem como a desigualdade produz o fosso na esperança média de vida. Obrigatório.

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2 comentários:

  1. Tiago Tavares29 de janeiro de 2008 às 23:06

    A evidência de que o diferencial na esperança média de vida entre diferentes grupos sócio-económicos é inegável. No entanto existirão certamente outros factores para além de desigualdades monetárias que devem explicar esta diferença, tais como níveis de escolaridade, dietas, comportamentos de risco, crime, acesso a sistemas de saúde. Claro que a correlação elevada entre estes factores adicionais que enumerei e o rendimento poderão implicar a causalidade deste na diminuição dos outros.

    Em todo o caso este é um problema grave nos EUA e que reflecte bem que não é apenas de riqueza que uma sociedade pode prosperar no sentido mais lato da palavra. São necessárias também políticas de redistribuição de riqueza e de provisão das necessidades básicas (já que o mercado produz ineficientemente ou não produz de todo alguns bens).

    Deixo ainda a referência a mais um estudo que justifica de uma forma mais metódica o gráfico que produziu, acrescido de evidência sobre as disparidades na mortalidade entre diferentes grupos sócio-económicos a viver nos EUA (se os seus amigos dos outros blogs rejeitarem a evidência que tentou demonstrar por exemplo na base da metodologia tem sempre mais uma figura para os tentar convencer)

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  2. Nuno Teles29 de janeiro de 2008 às 23:20

    Caro Tiago,

    Muito obrigado pela referência.

    nuno

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