quarta-feira, 23 de abril de 2025

Falar assim, escrever assim


Os jovens de todo mundo que vieram a Lisboa viver a alegria do encontro com Deus e com Francisco gritaram alto e bom som: «Esta é a juventude do Papa.» Se as consequências de um evento com a JMJ não são avaliáveis no imediato, há pelo menos a certeza de que Francisco, um jovem entre jovens, gera este entusiasmo por causa de uma genuína proximidade à vida concreta e às suas provações. Por essa razão é alguém escutado e observado no mundo de hoje — e não apenas pela comunidade católica. É certo que há quem o escute e observe a engolir em seco, a desdizê-lo, até a combatê-lo, mesmo dentro da Igreja. Mas também é verdade que há quem o faça com o sorriso cúmplice de quem descobriu um aliado.

Sérgio Dias Branco, Le Monde diplomatique - edição portuguesa, outubro de 2023. 

Falar assim expõe conflitos sociais e não os evita. O silêncio seria uma forma de cumplicidade perante uma realidade de desigualdades escandalosas que cortou laços fraternos e solidários. Perante estes conflitos sociais, Francisco propôs que a resposta é olhar para as suas causas e ousar curar o mundo. Ao reflectir sobre o perdão e a concórdia social, Francisco chamou a atenção para o facto de Jesus Cristo convocar os seus discípulos a serem fiéis à sua opção – e que isso tem custos. Tal «não convida a procurar conflitos, mas simplesmente a suportar o conflito inevitável» (FT 240).

Sérgio Dias Branco, AbrilAbril, 23 de abril de 2025.

1 comentário:

Manuel M Pinto disse...

as palavras são armas:
"E tudo!"
http://aspalavrassaoarmas.blogspot.com/2025/04/e-tudo.html