domingo, 17 de setembro de 2023

Antiliberalismo, antifascismo


Esta semana ficámos a saber que os liberais vão votar a favor da moção de censura dos fascistas do Chega. É a enésima confirmação - liberais até dizer chega

Há método e racionalidade nas suas formas de proceder, numa espécie de divisão de trabalho entre IL e Chega, parte de uma comum radicalização das culturas das direitas. Esta vai desde a rua, que procuram começar a disputar à esquerda, ainda sem sucesso, até às salas alcatifadas de grandes escritórios de advogados e de certas empresas, onde ninguém os trava. 

Com um programa pleno de convergências, colocam-nos num plano inclinado de degradação institucional, que já vem pelo menos do tempo de Pedro Passos Coelho, por quem, afinal, esperam: a economia política e a política económica são decisivas neste plano, tornado cada vez mais inclinado pelas políticas sociais-liberais de austeridade do actual executivo, que governa com maioria política absoluta para uma minoria social. No fundo, estamos perante duas expressões políticas e organizativas das fracções mais reaccionárias do capital, apostadas em terminar o trabalho do governo da Troika.

Atentem no poder capitalista instalado, atentem, por exemplo, em Pedro Ferraz da Costa e no financiamento que, quase de certeza, vem atrelado a este diagnóstico: “A Iniciativa Liberal e o Chega são quem tem, neste momento, alguma vontade forte de querer mudar coisas”.

1 comentário:

João Arsénio Nunes disse...

Este é um dos mais oportunos comentários políticos que leio desde o 25 de Abril. É sabido que a disposição de largos setores da direita, e até do PS, para a rutura com o regime da Constituição de 1976 vem de longe, mas isso não diminui a gravidade da emergência de forças fascistas num contexto de crise política e económica global. É importante assinalar que a IL e o Chega funcionam de forma concertada, o que já devia ter levado a investigar a origem dos fios que os manobram. Faltou apenas assinalar a subestimação que este problema tem tido da parte da esquerda, inteiramente centrada, mesmo quando desenvolve acções de massas, numa lógica interna ao sistema institucional.