sexta-feira, 5 de abril de 2019

Um banco central faz-de-conta


Fora da zona euro, no resto do mundo, o banco central cria a moeda necessária para repor a liquidez e resgatar os bancos em dificuldade. Na zona euro, temos um banco central faz-de-conta e, por isso, os Estados acabam por ter de intervir para evitar o caos.

Uma vez que o dinheiro posto de lado pelos bancos para resgatar os que vão falir está muito longe de ser suficiente, será sempre o dinheiro dos contribuintes que terá de responder numa emergência. Supervisão bancária única, Fundo de Resolução, União Bancária são instrumentos recentes que não conseguem esconder o que realmente conta: a Alemanha não quer ter encargos com os bancos dos outros (bastam-lhe os seus) e não quer ter de acudir a Estados endividados com o resgate dos respectivos bancos, mas quer manter uma moeda única e um mercado financeiro único. Não dá, e isto não aguenta uma nova crise.

3 comentários:

José Cruz disse...

A análise do professor,até poderia ser aceitável,sem grande esforço e,principalmente,num mundo virtual.No entanto,o eufemismo de considerar bancos que pelas suas práticas,reiteradas e a descoberto,configuram actuações criminosas e fraudulentas,como "bancos em dificuldades",é uma ilusão e a conclusão, pela argumentação exposta,de que a "autonomia" dos bancos centrais ,com a emissão de papel moeda ,seria a solução para o resgate dos bancos em tal situação ,não mais que o incentivo à economia de fraude que,por exemplo,por cá foi largamente praticada,nos tempos ainda recentes.

Jaime Santos disse...

Permita-me fazer história alternativa: um Portugal fora do Euro em 2011 teria reagido à crise mais ou menos da mesma maneira, ou seja, teria ido pedir dinheiro ao FMI, como das duas vezes anteriores, em 1977 e 1983.

O problema, Jorge Bateira, não é o Euro, é o carácter aberto da nossa pequena Economia, coisa que sempre foi e há de ser, se Deus quiser. A falta de capital implica como implicou no Passado que temos que ir sempre buscar dinheiro ao Estrangeiro. E tarde ou cedo, o erário público acaba a pagar tais desmandos, sejam dos bancos ou do próprio Estado.

Tive o prazer de ouvir recentemente uma palestra sobre o Conde de Ferreira, credor da coroa portuguesa e que cobrava juros a 4 ou 5%. Os Regeneradores reestruturaram a dívida e ele acabou a receber um juro inferior, para irem depois pedir aos Ingleses e aos Franceses... O resultado foi o conhecido, com o País a reestruturar de novo a 99 anos... Assim, não dá...

Bendita UEM que nos obriga pois a ter cuidado com o nosso dinheiro e o dos outros... Pode ser por vias travessas, mas dá uma excelente desculpa a Centeno para cativar o orçamento de alto a baixo :-) ...

Anónimo disse...

"...se Deus quiser"

E entramos no reino dos deuses. É por eles aliás que existem classes dominantes e classes dominadas,ricos e pobres, sacanas sem lei e leis de sacanas

E se Deus quiser que existam por muitos e longos anos. Bendito o fruto do ventre do capital e de todos os que se amesendam a tal mesa. Mesmo que tenham que de vez em quando entreter o pagode, conclamando que Centeno era o mais revolucionário ministro da Europa ou que o respeito é muito bonitinho e o mundo é de quem tem cheta. Por isso há que proteger o dinheiro deles. E elevá-los à Santidade, dando graças pela sua bênção.

Até serem desmascarados como alguns pedófilos para estragar o ramalhete

"Se Deus quiser", pois...