O presidente do PSD veio ontem queixar-se do facto do seu partido estar a ser ultrapassado pela direita pelo Governo e o partido que o suporta, o PS. «O Governo está a matar todos os dias o Estado Social», disse. Concretamente «na área da saúde, este Governo está muito à nossa direita».
Subscrevo totalmente. Mas não é a primeira vez, nem será com certeza a última, que o PS ultrapassa o PSD pela direita. A razão é simples e amplamente conhecida. As medidas que o Governo de José Sócrates tem vindo a aprovar eram impraticáveis por um Governo de direita pois suscitariam a oposição firme do PS e da UGT, que juntariam forças, respectivamente, aos partidos da oposição e à CGTP. Mas estando o PS no poder, sobram para fazer oposição às medidas neoliberais apenas a CGTP, no plano sindical, e o PCP e o Bloco de Esquerda, no plano partidário. O CDS aplaude e o PSD assusta-se com a perda de espaço político.
Isto mesmo constatou ontem o secretário-geral dos TSD. Segundo Arménio Santos, «acontecesse o que está hoje a acontecer com um governo do PSD e a atitude do movimento sindical seria diferente». Pois claro, «como temos um Governo dito de esquerda e dito socialista, o movimento sindical aceita tudo melhor». É um recado claro à UGT, o segundo depois do secretário-geral da CGTP ter dito em entrevista ao JN que «a direcção da UGT, muitas vezes, funciona como uma direcção-geral do Poder, funciona como lóbi do Poder». Onde é que o Carvalho da Silva terá ido buscar esta ideia?
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