quinta-feira, 11 de abril de 2024

Então, que aconteceu à ambição?

Presumindo que a atualização do Programa de Estabilidade 2024-2028, deixada pelo PS e aprovada pelo atual governo, é consonante com o cenário macroeconómico do PS no seu programa eleitoral, é caso para perguntar o que aconteceu à ambição do PSD/CDS-PP, que serviu de mote para acusar o PS de ter uma proposta pouco ambiciosa para o país, «com níveis medíocres de crescimento», dizia então Miranda Sarmento.


A aceitação implícita do cenário de crescimento apresentado pelo PS, e que desconsidera o impacto das medidas do programa do atual Governo (o que já de si é notável), não é um pormenor. É que o programa eleitoral da AD assentava, todo ele, no delírio de um crescimento que atingiria os 3,5% em 2028 (bem acima dos 2,0% projetados pelo PS), em resultado do «choque fiscal», e que tudo permitiria fazer. Isto é, como Ricardo Paes Mamede oportunamente aqui assinalou, «reduzir os impostos 'a la' Iniciativa Liberal, aumentar as despesas públicas 'a la' PCP e Bloco de Esquerda. E, ao mesmo tempo, reduzir a dívida pública 'a la' Mário Centeno». Um programa miraculoso, de facto, com todas as fichas na ilusória «fada da confiança».

Ora, se o cenário macroeconómico que a AD apresentou em campanha já era, em si mesmo, fantasioso, não havendo «nenhum organismo internacional [a prever], seja de que forma for, níveis de crescimento da economia (...) alinhados com os do PSD», como bem assinalou na altura Mariana Vieira da Silva, parecendo que a AD se tinha limitado a somar «todas as medidas do lado da despesa», pondo depois «o país a crescer o que fosse preciso», que dizer agora, quando toda a ambição de crescimento, prometida pelo PSD e pelo CDS-PP parece ter-se esfumado? Terão tido vergonha de apresentar o seu cenário, mirabolante e com fins meramente eleitoralistas, em Bruxelas?

2 comentários:

  1. Não se sabe se os desavergonhados agora têm vergonha, mas lá que o programa era e é uma fraude, lá isso é.

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  2. nem as contas do banco de portugal estão boas, sabe-se lá porquê, nem as contas do estado português vão ficar

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