Não li o livro, acabado de sair, mas li e traduzi excertos do artigo na Foreign Affairs, onde uma das editoras do Financial Times resume as principais ideias. E são pontos em que também temos insistido. Não há alternativa ao neoliberalismo, que não é um slogan, que não passe por um resgate de uma economia política soberanista num mundo menos globalizado.
Entretanto, quando não está em modo automático, promovendo o imperialismo norte-americano, dando dignidade intelectual às opções do complexo militar-industrial, o antigo Journal of Race Development, Foreign Affairs desde 1922, permite vislumbrar alguns dos debates potencialmente progressistas que decorrem no centro e na sabedoria convencional em evolução. Mais tarde ou mais cedo, isto chega às elites periféricas. Dado o seu globalismo, de que o europeísmo é uma declinação, chega muito mais tarde e quando já for tarde demais.
"uma economia política soberanista num mundo menos globalizado"
ResponderEliminarParece claro que o Mundo caminha para uma desglobalização, constatada a realidade de que o comércio livre não foi suficiente para demover alguns atores internacionais de optar por intervenções bélicas para reforçar a sua influência num Mundo multipolar.
A comparação entre a China e a Rússia ilustra bem o que aconteceu.
O primeiro (China) é um vencedor da globalização que limita a sua expansão ao plano económico. Já o segundo (Rússia) é um perdedor da globalização que, não conseguindo acompanhar o desenvolvimento económico baseado no comércio livre opta pela invasão e conquista de recursos através da guerra.
Conclusão: face à postura da Rússia, a desglobalização é inevitável.
Mas, ao contrário do que muitos desejam ou anteveem, a desglobalização vai fortalecer a União Europeia enquanto patamar de economia política soberanista, em detrimento dos seus Estados Membros (EM). Individualmente, os EM da UE como Portugal não têm escala ou recursos para competir com os outros blocos ou países que resultam da desglobalização.
Reforçando o meu ponto anterior (15:20) basta fazer o paralelo com o efeito da guerra na aliança militar NATO. A ameaça Russa não fortaleceu o sentido de defesa individual dos países, que na sua maioria nunca poderiam sozinhos fazer face a essa ameaça. Pelo contrário, reforçou o entendimento da necessidade de fortalecer alianças mantendo assim o patamar das políticas de defesa ao nível dessas alianças. Uma fragmentação da UE e da NATO deixaria os países completamente à mercê da lei do mais forte e do mais bárbaro.
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