Compreender as origens deste ataque implica acompanhar as relações internacionais, a política externa dos países, os movimentos geopolíticos, geoeconómicos e geoestratégicos. Exige acesso a fontes plurais e o seu confronto, e é incompatível com visões do mundo a preto e branco, povoadas por agentes do bem e agentes do mal. Sem esse esforço não se esclarecem nem os mecanismos dos poderes, dos interesses, das relações de forças e das alianças, nem as suas hesitações e disputas internas. Mas o jornalismo internacional, considerado caro e que «não vende», é há muito desvalorizado pela generalidade dos media em Portugal, tendo perdido qualidade, profundidade e pluralidade. E a actualidade política nacional quase não trata, nem questiona, governos e partidos sobre política externa e relações internacionais.
É por isso que as relações internacionais não são algo que «acontece lá longe».
A generalidade dos media portugueses, apanhados de surpresa, passaram do silêncio habitual sobre estes temas para o metralhar de certezas absolutas, intolerantes à divergência. Tão superficiais quanto unilaterais, trocaram a crítica pela manipulação emocional e esconderam ignorância com arrogância. Pode ser cómodo para os poderes, que não se vêem questionados, mas cria comunidades sem memória e sem informação, manipuláveis por qualquer poder.
Excertos do editorial de Sandra Monteiro no
Le Monde diplomatique - edição portuguesa de Março. Pode ser lido na íntegra no
sítio do jornal. Um número com muito para ler e pensar, em contraste com o declínio editorial da imprensa dominante que
aqui temos assinalado.
Neste autêntico vendaval de estupidez que nos rodeia (é bom saber que Sandra Monteiro fugirá, nas palavras de João Rodrigues, à vergonhosa regra) uma coisa há que pessoalmente tem-me deveras agradado: nunca, mas mesmo nunca, me senti tão livre e vivo como agora. É no cair das máscaras e dos inteligentes e sempre oportunos véus que se vê a verdadeira natureza das mentes e dos corações. Por uma e definitiva vez, os campos delimitaram-se e as trincheiras foram claramente cavadas. Quem sempre brincou às esquerdas apareceu com a chupeta do pacifismo(?) ingenuamente salomónico na boquita e quem ficou em cima do um pouco menos salomónico muro apanha, invariavelmente, pedrada rija de um lado e do outro.
ResponderEliminarComo Régio, mas do avesso dele, digo que não vou por aí, porquanto o "ir por aí" é ser confundido com psicopatas e torcionários (e com os seus esquadrões da morte, sejam eles jihadistas "moderados" ou neonazis "democráticos") que semearam a morte e a destruição onde intervieram. Esses psicopatas e torcionários têm nomes e é preciso que eles sejam ditos bem alto, mesmo que sejamos o único a fazê-lo: são eles OTAN e União Europeia.
Da estupidez de considerar uma ditadura burocrática de um só dono como a UE um baluarte da democracia e da liberdade não participei, não participo e não participarei eu. Da inenarrável e mortífera canalhice de ainda considerar aqueles que cometeram a sanguinária sandice de conseguirem pôr os seus povos a aplaudirem entusiasticamente o dealbar da sua inexorável e irreversível desgraça gente digna de ser considerada honrada não me puderam, podem ou poderão jamais acusar. Permaneço de pé (não serei, felizmente, o único) e olho o Sol que eu vejo e continuarei a ver redondo, e isso por mais dedos que mercenariamente o apontem e vendidamente o adjectivem de "quadrado".