Confesso que me encanita cada vez mais ver intelectuais de esquerda resumidos ao equivalente político do treinador de bancada, com tática sempre pronta para os outros, que são estúpidos e sectários, sem esquecer, claro, que os outros “vivem fora da realidade”. Depois das derrotas é sempre mais fácil, de qualquer modo.
Da estratégia política alternativa para o desenvolvimento soberano do país é que, neste contexto, jamais há um vislumbre sequer, muito menos da brutal conformidade que a UE impõe. Sim, estou, só para dar um exemplo, a pensar no artigo de ontem de Domingos Lopes no inevitável Público e no seu sentido de oportunidade.
Numa linha despacha-se a bondade do Orçamento de Estado, que BE e PCP chumbaram e na minha opinião bem, dada a sua substância, dado o facto, facto, sublinho, de Portugal continuar a ter uma das mais medíocres respostas de política orçamental da zona e de por isso continuar a ficar para trás.
Sem avanços na área do trabalho, com o SNS cercado de privados alimentados orçamentalmente por todo o lado, já sabemos que o inteligente e de acordo com a realidade seria aprovar-se tudo o que o PS faz na mais seguidista conformidade com o plano da UE para esta periferia.
PCP e BE anteciparam um prejuízo eleitoral, certamente, mas ainda há princípios e programas alternativos que não podem ser mantidos se não se mantiver uma coerência mínima com a acção política. O resto é contingência, incerteza, inadmissível laissez-faire nas sondagens e medo. E ninguém é estúpido. Quanto ao sectarismo e verbalismo, cada um deve olhar para o que escreve e para o tom mais ou menos arrogante que usa.
De resto, é como se o essencial se resumisse a especulações sobre percepção e comunicação, mas já sobre o papel objectivo da cada vez mais enviesada comunicação social no silenciamento e distorção da mensagem nem uma frase. Afinal de contas, escreve-se no Público e por isso não deve haver problema. No fim, fica a pergunta: para que serve mesmo este tipo de artigo?
Não faria mais sentido terem-se abstido à última da hora? A única coisa para que estas eleições serviram, para além da maioria absoluta do PS, foi para dar tachos aos amigos de André Ventura, cuja seita já estava em queda (perderam 100000 votos em comparação com as presidenciais, onde geralmente costumam votar menos eleitores). Agora vamos estar todos a sustentar 12 fachos durante quatro anos, muitos deles ligados à criminalidade, com dinheiro públicos, quando o lugar dessa escumalha era o Campo Pequeno.
ResponderEliminarUrge um debate franco e aberto entre as Esquerdas,se realmente estão interessadas num rumo diferente para o país,no combate as desigualdades,mais solidário e fraterno,é o tempo de construir uma Alternativa que de novo traga a esperança e um futuro de progresso e bem estar para todos,que Abril renasça de novo em todos aqueles que acreditaram (quase a meio século)num país mais justo .
ResponderEliminar1. Há meses - meia dúzia de dias ANTES DO CHUMBO da proposta de OE2022 e ainda sem eleições antecipadas no horizonte -, as estimativas divulgadas em https://sondagens.rr.sapo.pt eram as seguintes: PS com 39.65%, PSD com 26.04%, Chega com 8.49%, BE com 6.26%, CDU com 5.57%, IL com 5.10%, PAN com 2.53%, CDS com 1.83% e Livre com 0.37%.
ResponderEliminar2. Entretanto, a dois dias das eleições - e dias DEPOIS DE ALGUMAS "SONDAGENS" MUITO PUBLICITADAS DAREM O PSD PRATICAMENTE A PAR DO PS, CHEGANDO MESMO A ULTRAPASSÁ-LO NUMA OU NOUTRA - , as estimativas divulgadas em https://sondagens.rr.sapo.pt ficaram assim: PS com 36.02%, PSD com 32.34%, Chega com 5.77%, BE com 5.80%, CDU com 5.20%, IL com 4.99%, PAN com 1.46%, CDS com 1.71% e Livre com 1.64%.
Vale a pena comparar estas estimativas quanto às intenções de voto com os resultados das eleições do passado dia 30/01/2022 e os das eleições legislativas de 2015 - que obrigaram o PS aos acordos da "geringonça" à esquerda - e 2019 - que não obrigaram o PS a acordos semelhantes, mas deixaram o PS ainda dependente dos parceiros de esquerda no que diz respeito à aprovação dos orçamentos do estado propostos.
Parecem-me bastante claras duas coisas:
a) António Costa desejou eleições antecipadas [E, com a preciosa colaboração do
presidente-comentador, provocou-as mesmo, através de uma intransigência negocial não usada para os orçamentos anteriores]: a maioria absoluta do PS sozinho parecia perfeitamente possível ANTES DO CHUMBO da proposta de OE2022, atendendo aos 39.65% já disponíveis (com o PSD a mais de treze pontos percentuais), mais a robusta "margem de progressão" que uma boa campanha de vitimização poderia oferecer ao PS.
b) Em termos de apoio eleitoral, os partidos à esquerda do PS já estavam em perda muito antes do chumbo do OE2022 [A CDU até baixou dos 8.25% de 2015 para os 6.33% de 2019, tendo viabilizado todos os orçamentos do estado nesse intervalo.]. Meia dúzia de dias ANTES DO CHUMBO da proposta de OE2022, as intenções de voto no BE e na CDU já tinham caído para 6.26% e 5.57%, respectivamente, mas pouco desceram desde então até serem divulgadas as tristemente famosas "sondagens" com o PSD a par do PS e com o Chega num destacado 3º lugar. Foi mesmo o medo de uma vitória do PSD sobre o PS - um PSD condicionado por um forte Chega - que provocou o desgaste eleitoral adicional do BE e da CDU, vítimas que foram do "voto útil" no PS...
A. Correia
Dada a intransigência negocial do Governo quanto à sua proposta de OE2022 - uma proposta muito longe do que era possível e urgentemente necessário ao país e à maioria esmagadora dos que nele vivem (sobrevivem) -, os partidos à esquerda do PS ficaram perante um dilema:
ResponderEliminar1. Se viabilizassem a coisa, seriam acusados de se terem deixado "meter no bolso do Costa", traindo o seu eleitorado e assim se tornando politicamente irrelevantes;
2. Se não viabilizassem, seriam acusados de "irresponsabilidade", merecendo por isso passar à irrelevância política depois da dissolução do parlamento, entretanto anunciada pelo
presidente-comentador, e de legislativas antecipadas.
Se os partidos à esquerda do PS tivessem optado pela viabilização do OE2022 do Governo, acabariam por ter de enfrentar o mesmo dilema na votação do OE2023, a última antes da data prevista para as legislativas seguintes...
A. Correia
O cadáver eleitoral, apesar da sua morte tão recente, já faz sentir todo o seu cheiro de putrefacção. Afinal, parece que as mais-valias provenientes da venda de acções, não vão poder ser alvo de englobamento em sede de IRS nem de uma taxação por cima. Há dificuldades técnicas ou lá o que é, já esclareceu a Secretaria de Estado dos Assuntos Fiscais. E, sendo assim, para o que for preciso, contarão Vª.s. Exªs. com a nossa disponibilidade tão bem sublinhada com essa afirmação profética da nossa capacidade enquanto burros de carga: _Ai aguenta, aguenta!
ResponderEliminarAté quando é que não estou por ora em condições de informar. Espero, que só até o povo querer:
QUADRAS DO ANTÓNIO ALEIXO
Esta mascarada enorme
com que o mundo nos aldraba,
dura enquanto o povo dorme,
quando ele acordar, acaba.
Chega vai propor para vice-presidente da AR,Pacheco de Amorim,ex-bombista ligado ao grupo terrorista MDLP.
ResponderEliminarLendo a análise bem construída e escrita por A. Correia, a tendência da CDU nos próximos 4 anos não será de queda, mas sim de subida.
ResponderEliminarPara o PS consolidar os seus 117 deputados daqui a 4 anos, terá de governar com uma política à esquerda, de acordo até com o programa da CDU. Como isso não é e nunca foi possível em governos PS maioritários, fosse com Guterres ou Sócrates, o PS não estará bem dentro de 4 anos e o mais certo é vermos um regresso de algum governo de direita ou extrema-direita (caso seja algo semelhante ao desastroso governo de Passos Coelho).
É por causa disso que eu e muita gente continua a acreditar na CDU e no seu projeto político para o país. A CDU é a força política que os eleitores devem apostar/votar e não o PS.
Concordo inteiramente com as razões apontadas para o chumbo do orçamento. Além de sérias, são verdadeiras. O PCP cometeu dois erros, primeiro a inventona de que o PS queria a maioria, segundo não ter levado para a especialidade a discussão do orçamento. Por estas razões, não explicou as verdadeiras razões do chumbo e "obrigou" o PS a pedir a maioria. Quanto ao BE, o pudor impede-me de qualificar a sua estratégia de tentar tirar dividendos do apoio do PCP aos orçamentos. Lixaram-se.
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