sábado, 27 de novembro de 2021

Faltam respostas


Rui Rio disse no discurso de vitória que quer melhores serviços públicos e menos impostos. Contudo, não disse como vai financiar esses melhores serviços públicos, já que, supostamente, irá ter menos recursos financeiros.

Como o quadro liberal europeu vigente na UE impede, em absoluto, - e mal! - a emissão monetária nacional para financiar os défices orçamentais, todo o aumento de despesa pública terá - na cabeça de Rui Rio - de ser pago ou por um aumento de impostos ou por uma subida do défice orçamental que, por sua vez, se transformará numa dívida pública mais alta (vidé exemplo de Ronald Reagan nos Estados Unidos).

Como Rui Rio, no mesmo discurso de vitória, disse que, ao mesmo tempo, era absolutamente prioritário reduzir a dívida pública, resta a única hipótese de compensar um aumento da despesa pública em certos serviços (como no SNS) com cortes noutras áreas da despesa pública. E então a questão que deve ser colocada é: onde será que Rui Rio pretende cortar despesa pública?

Resta outra solução: aumentar a riqueza criada, reduzindo proporcionalmente o peso da dívida pública. Mas aí, as suas ideias são muito pobres. Ou será que Rui Rio pretende colocar os funcionários a trabalhar mais, por menos ordenado? Ou ainda mais radical, pretende defender o regresso da emissão monetária ao âmbito da esfera soberana nacional, colocando em causa o sacro-santo princípio liberal europeu da proibição de emissão monetária nacional para financiar os défices orçamentais?

Há ainda - mais fácil! - outra solução: tudo não será senão demagogia eleitoral e nada - na realidade, tal como aconteceu com Passos Coelho - se passaria assim.

E no final, o Governo Rio iria cortar os impostos aos mais ricos. Basta descer o IRC, já que, em 2019, cerca de 380 empresas com facturação acima de 75 milhões de euros pagaram 40% dos 5 mil milhões de euros do IRC liquidado. E depois, ainda eram capazes de cortar na verba para o próprio SNS e transferi-la para pagar serviços no sector privado da Saúde, tal como se passou nos mandatos da direita.


2 comentários:

  1. “tudo não será senão demagogia eleitoral”

    Apenas demagogia…

    E algum jornalista da comunicação social convencional perguntou ao Rio como é que ele vai proporcionar melhores serviços públicos e menos impostos?
    A direita demagógica e aldrabona (o seu estado natural ao que parece…) pode mentir desalmadamente pois terá sempre os camaradas da comunicação social convencional a protegê-los de perguntas inconvenientes…
    Já repararam como o “como vai pagar por isso?” é frequentemente arremessado à “esquerda radical” e nem tanto ao P”SD” e P”S”?
    O objectivo é claro, criar a ideia que a “esquerda radical” só sabe gastar o dinheiro dos outros e os partidos euro-liberais é que sabem gerir o dinheiro público.

    É também esclarecedor como a comunicação social convencional já não importuna o Partido “Socialista” com “como vai pagar por isso?”, os Donos Disto Tudo sabem que o Partido “Socialista” é o melhor partido para manter o status quo europeísta por estes lados…
    Partido “Socialista”, o Partido das Contas-Certas!!

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  2. O problema começa na definição de:"melhores serviços públicos". Só por si não quer dizer absolutamente nada. É fácil cair na narrativa.

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