"O fim de semana de Portugal ficou ainda marcado por uma surpresa que apanhou desprevenidos barões, caciques, comentadores e jornalistas em geral: Rui Rio venceu com relativa facilidade as diretas para presidente do PSD, derrotando o aparentemente favorito Paulo Rangel que vai regressar a Bruxelas e ao Parlamento Europeu depois de um aventura mal sucedida. Apesar dos apoios mais ou menos envergonhados de Marcelo Rebelo de Sousa e de Carlos Moedas e de praticamente todos os notáveis sociais-democratas, Rangel ficou-se pelos 47 por cento dos votos dos militantes sociais democratas."
(Newsletter do jornal Expresso, de 29/11/2021)
E depois queixem-se das sondagens...
"Em anteriores eleições, os barões sempre se inclinaram mais para um ou outro candidato, mobilizando as suas hostes e determinando à partida o vencedor. Desta vez, o partido fracturou-se de uma forma espectacular: a maioria esmagadora dos líderes concelhios ou distritais, as guras históricas (salvo excepções raras) do partido, os nomes fortes do último Governo do PSD estiveram ao lado de Paulo Rangel. Ganhando-lhes, Rui Rio mostrou a sua vulnerabilidade, mas ao consegui-lo expôs também a vulnerabilidade do PSD.
Ganho o partido, Rio precisa mais do que operários de base para colar cartazes. Para ganhar o país, não pode continuar a aparecer apenas ao lado de Salvador Malheiro ou de José
Silvano, com uma ou outra aparição de David Justino. Vai precisar de uma equipa forte, credível e com conhecimento e provas dadas em matérias sensíveis como a política scal, de Justiça ou dos Negócios Estrangeiros. Vai precisar de reunir os melhores, extrair-lhes as suas experiências prossionais e mostrar aos portugueses que é capaz de construir uma alternativa. Felizmente, há no país muita gente qualicada, mas a maior parte dos melhores do PSD aliou-se a Paulo Rangel.
Tendo tão pouca massa crítica do seu lado, Rui Rio precisa de pontes para o PSD que derrotou este sábado. Se tiver sucesso, ser-lhe-á mais fácil dispor de trunfos para as Legislativas. Com o seu actual séquito, será difícil ir para lá dos militantes. O eleitorado vai pedir provas para se convencer que, para lá dos programas, há gente capaz de os executar."
(Manuel Carvalho, Público, 29/11/2021)
Ei-los que voltam, novos e velhos...
Resta saber se a derrota de Rangel ajudará a fazer crescer ainda mais o «Chega» de André Ventura?
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