Palavras para quê?
... Mas depois a direita parlamentar (!) insiste que o Parlamento não pode ou não deve decidir sem que, antes, as leis que se quer aprovar sejam concertadas na Comissão Permanente da Concertação Social. Como se antes de aprovar legislação modernizadora se tenha se passar tudo pelo crivo troglodita da lógica "pois se eles estão habituados a muito menos, assim lucramos todos, é um win-win".
Aliás, foi exactamente essa a lógica que esteve na base do escancaramento das fronteiras, do desmantelamento de barreiras à entrada dos países europeus que deixaram passar, sem alcavalas, a produção vinda de zonas em que a mão-de-obra era bem mais barata, sob o argumento de que todos ganhavam. Os indígenas porque ganhavam um salário que nunca tinham recebido, os consumidores do ocidente porque tinham produtos mais baratos, os empresários europeus porque baixavam o salário médio nacional, e as multinacionais porque conseguiam ter margens de lucro de 3 dígitos ao beneficiar dessa via verde, sem pagar direitos à entrada e cujo rendimento até era capaz de ir parar a um paraíso fiscal, pouco contribuindo para os esforços públicos!
E tudo isto dando lições de moral à esquerda por, ao defender o proteccionismo, não ter espírito de internacionalismo proletário, ao condenar à fome a classe operária de países menos desenvolvidos. E ainda são capazes de acrescentar que o trabalho ao nível nacional terá de se adaptar a estas novas condições, porque é melhor ter um emprego assim - o único possível dado o facto de vivermos em globalização - do que estar no desemprego, a receber um subsídio que, aliás, deve ser reduzido para que os trabalhadores não se habituem ao ócio viciante e aceitem o trabalho que lhes for dado, ao preço que for necessário.
É que, para que a produção de tomate cherry seja competitiva, tem de ser feita nas condições de trabalho dos... indígenas. Não percebem isso? Assim fica-se muito mais próximo do mercado consumidor e poupa-se em transportes e desperdício... Isto é feito em nome da produção nacional!
(O PCP divulgou recentemente uma gravação entre uma angariadora de mão-de-obra e um dos trabalhadores das explorações de agricultura intensiva no Alentejo.
Ele e os seus colegas tinham dois meses de salários em atraso. Ao se dirigirem à Segurança Social (para irem para o desemprego) descobrem que o patrão, para além de não pagar os salários, ainda lhes roubou os descontos à segurança social. A chantagem, o desprezo pela condição daqueles homens e mulheres, a coacção e a ameaça são a marca de água de um regime de trabalho de super-exploração, são o próprio rosto do capitalismo. contratados.)É interessante ver como basta um pouco de realidade para que, rapidamente, se percam de vista todos os argumentos "técnicos" e venha ao de cima o que interessa. Bem hajam empresários nacionais e organizações patronais desta estirpe, a quem é dada a função nobre de legislar.
(fotografia roubada ao José Gusmão)
Capitalismo em decadência rumo ao novo esclavagismo.
ResponderEliminarSempre foi este o objectivo da pérfida ideologia neoliberal, e é por isso que não digo “Neoliberalismo falhou”, Neoliberalismo é um tremendo sucesso, está a cumprir os objetivos não assumidos pelo amigo e confidente do assassino Pinochet, o Milton Friedman.
A exploração dos trabalhadores da agricultura, as “plataformas digitais", o turismo mantido por baixos salários e precariedade cada vez mais intensa... Estes e outros sinais não demonstram um sistema capaz de cumprir com uma função básica, a função básica chamada dignidade humana.
Reparem na hierarquia das necessidades de Maslow
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hierarquia_de_necessidades_de_Maslow
e digam se acham que as necessidades básicas de tanta gente estão salvaguardadas.
Na base da hierarquia está o básico para a sustentação da vida como comida e água.
Nós sabemos que em Portugal há lacunas na garantia do básico.
Depois do mais básico temos segurança do emprego, acesso à saúde.
Nós sabemos que Portugal não só não tem emprego para todos como o emprego gerado (e rendimentos correspondentes) é de tal forma precário que está a impedir gerações de jovens emanciparem-se.
Abrigo, comida/água, segurança estas são as necessidades básicas e em Portugal há deficiências ou simplesmente nem sequer está garantido o básico a muita gente!
Depois temos as necessidades psicológicas como relações intimas, amigos, auto-estima, confiança, concretização, respeito dos e aos outros.
Como é que aqueles (e são tantos) que tem dificuldade em alcançar o básico depois vão ter a saúde mental para alcançar a auto-estima necessária para manter família, amizades, concretização no trabalho?
E por fim, no topo da hierarquia temos a auto-realização, a capacidade que um tem para perseguir sonhos, coisas como aprendizagem e actividades criativas.
Ninguém sonha ser condutor da Uber…
Cada vez mais pessoas percebem que o regime Capitalista está em decadência, os Donos do Capital estão cada vez mais desesperados, não querem perder qualquer poder então as suas maquinações são cada vez mais violentas, cada vez mais descaradas. Os fantoches liberais como Obama, Clinton, Biden perderam a eficácia, os Donos do Capital precisam de recorrer a fascistas para manter o poder, a história se repete...
A mentalidade das pessoas que trabalham na «CARP» (Confederação dos Agricultores Ricos de Portugal) sempre foi esta. Faz lembrar a entrevista de Isabel Jonet, durante o mandato de Passos Coelho.
ResponderEliminarDebaixo da ignorância geral que lhe é reconhecida (quem conhece o secretário geral da CAP, e somos alguns desses, sabe bem a sua formação e a sua nuvem de interesses sociológicos e culturais) consegue, por isso mesmo talvez, a ingenuidade, ao jeito de literacia de café, que os que tem efectivamente poder e prosápia (na sua maior parte conhecidos dinossauros das confederações de isto e daquilo) não dizem. Bem haja pela involuntária honestidade!
ResponderEliminarA própria ideia que tem sobre a caçada ao javalis, difunde o pânico aos mais ignorantes sobre o tema. A ideia é matar o javali como desporto - premir o gatilho a qualquer animal no campo. Jacinto Amaro, Miguel Sousa Tavares, entre outros tios da CAP querem matar mais e falar menos sobre estes assuntos, manchados de sangue de animais inocentes.
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