«O encontro [MEL] coincide com a a abertura cada vez mais clara de Rui Rio a Ventura. Os que querem uma direita mais dura, mas capaz de governar, percebem que o voto no Chega não é perdido. Os que, querendo uma alternativa ao PS, não querem um governo que dependa de Ventura, percebem que o PSD não lhes dá essa garantia. Rui Rio perde a direita e o centro» (Daniel Oliveira, A direita na sua bolha).
A dificuldade em apresentar um programa político distintivo e consistente (de rutura com a linha austeritária de Passos e que ao mesmo tempo não se preste a confusões com o PS), foi alimentando no PSD a tentação aritmética de aproximação à Iniciativa Liberal (IL) e ao Chega, como forma de alcançar, com o CDS-PP, uma maioria à direita capaz de derrubar a esquerda em eleições.
Este projeto - assumido como a única forma de regresso ao poder e que constitui, nessa medida, uma espécie de atalho político - prenuncia uma «avantesma» bem mais esquisita que a PAF e assenta no pressuposto de que os novos partidos à direita apenas servem para somar percentagens. Ou seja, que numa eventual aliança pós-eleitoral o peso político da IL e Chega não condiciona, em termos de exigências mais radicais (e para lá das zonas de convergência), a linha convencional de governação à direita.
Contudo, o que PSD e CDS-PP parecem não estar a perceber é que a «nova direita» está numa clara tendência de crescimento desde as legislativas de 2019, e em particular desde dezembro de 2020 (ver gráfico). De facto, se em outubro de 2019 a IL e o Chega representavam cerca de 3% das intenções de votos (e cerca de 10% do total de votos à direita), em maio de 2021, de acordo com a Intercampus, estes partidos representam já 14% das intenções de voto (e cerca de 34% do universo das intenções de voto nos partidos à direita).
Tudo isto enquanto, à esquerda, PS, BE e PCP praticamente mantém o peso eleitoral conjunto obtido em outubro de 2019 (passando dos 53% obtidos nessa data para intenções de voto a rondar os 52% em maio de 2021), sem que as novas formações políticas neste campo do espetro partidário - PAN e Livre - registem uma dinâmica de crescimento idêntica à do Chega e IL, bem pelo contrário.
O que é mais relevante nos números que apresenta é que a Direita tem hoje essencialmente, com variações percentuais pequenas ao longo do tempo, a mesma percentagem dos votos que o PàF obteve em 2015, o que é extraordinário olhando para erros acumulados pelo PS ao longo de quase 6 anos de Governação e não são poucos, incêndios de 2017, o processo de venda do BES, embora fique por perceber que outra solução com custos semelhantes haveria, o caso de Tancos, as questões ligadas ao SEF, a gestão da pandemia que seguramente poderia ter corrido melhor, muito embora os diferentes Governos por essa Europa fora tenham também acumulado muitos erros, etc.
ResponderEliminarApesar da natural usura do Poder e das fricções à Esquerda, a popularidade da Geringonça em versão 2.0 não parece ter diminuído e isso também se explica pelo processo de tribalização e de acantonamento ideológico da Direita, com a consequente transformação do PS em Partido Charneira. A Direita tem passado o tempo preocupada com o seu umbigo e o PSD parece incapaz de recuperar o Centro.
Daí a clara satisfação com que Costa gozava hoje com o encontro do MEL e com Rui Rio... Com inimigos destes...
O PS domina todo o aparelho de estado,governo minoritário mas que vai tendo o apoio das esquerdas,as politicas da Troika (legislação laboral)não foram revertidas mas as esquerdas contentaram-se com as "migalhas" que o PS vai iludindo o povo,no interior o PS com os seus caciques domina toda as instituições,os seus autarcas controlam a maioria das instituições(IPSS,associações desportivas e outras),a tragédia 2020 no lar de Reguengos de Monsaraz foi arquivada ,o seu responsável(líder do PS no Alentejo Central)é o candidato a capital de Distrito,é isto que vai alimentando o crescimento da estrema-direita.
ResponderEliminarIsso mesmo, sem saída.
ResponderEliminarComo resposta ao DO, diria q uma parte dessa direita sabe-se para onde vai, e a outra irá para a abstenção. Valem o que valem e sai reforçada a esquerda.
Mas à esquerda, e de onde eventualmente sai um acordo parlamentar, o BE e o PCP que se cheguem à frente. Que façam parte e assumam.
Não é deixarem lá os do ps sozinhos, à espera que saia coisa boa e depois andarem a inviabilizar orçamentos.
A esquerda unida vencerá.
O fascismo não passará.