Reparem nas pancartas (ou como se distorce uma revolução democrática e nacional...)
Ao invés de nos presentear com espectáculos políticos inovadores, como assinar textos com antigos governantes da troika, é no que dá o europeísmo, e de praticar um dos seus desportos políticos favoritos – tiro ao alvo às esquerdas, sobretudo ao BE e ao PCP –, o fundador do Livre de povo faria melhor em revisitar a história recente na sua coluna do Público: foi o PS que decidiu não reeditar em novos moldes a solução governativa anterior (recuso a expressão geringonça). É o PS que repetidamente declara, entre outros aspectos, a política laboral da troika conquista irreversível do patronato medíocre. É a política económica de Costa-Leão que faz perigar tudo, mesmo tudo. Leia-se o resumo que Manuel Esteves fez no Negócios de ontem, com mais um elemento da desgraçada política incrustrada na orientação da UE para esta periferia, a que também faz com que a extrema-direita possa ter condições objectivas para crescer:
“Neste contexto de pandemia e de forte crise económica, seria de esperar que as despesas da Segurança Social tivessem disparado, certo? Mas não foi isso que aconteceu. A avaliar pela execução orçamental, a despesa da Segurança Social ficou 550 milhões de euros abaixo do que foi orçamentado pelo Governo, num ano em que a pressão foi especialmente elevada. Mais surpreendente ainda é concluir que em duas prestações destinadas ao combate à pobreza – o Complemento Solidário de Idosos e o Rendimento Social de Inserção – os gastos ficaram inclusivamente abaixo de 2019.”
A análise de ontem de Rui Tavares queria tornar mais “completo” o diagnóstico de Pedro Nuno Santos, que se concentrou nas responsabilidades do PS de Costa em relação às presidenciais e para lá delas. Ao acabar por desviar a conversa para a esquerda, afogando tudo numa mistela, distorceu-o. E a experiência aritmética mostra que candidaturas de esquerda, no plural, somam, ainda que a soma possa dar um resultado maior ou menor, dependendo das circunstâncias.
Além disso, e indo à substância, houve diferenças assinaláveis em matéria das vastas questões de soberania, em particular se se atentou nas posições de João Ferreira. Independentemente do resultado, há posições que não podem deixar de estar presentes. Olhando de fora, creio que o discurso federalista de Ana Gomes foi um dos elementos que a afastou da promessa de uma candidatura nacional-popular e fez perigar a sua posição. Não se cuida de Portugal assim. É o que dá ter apenas apoios do Livre e do PAN. As modas intelectuais destes partidos, a que a candidata prestou tributo demasiadas vezes, só beneficiam os Venturas desta vida, até porque, à sua maneira, também levam à tal macronização da política nacional.
A responsabilidade da esquerda não passa por alimentar ilusões em relação a uma UE que não sabe como organizar um sistema de provisão de vacinas, mas que sabe tudo, mesmo tudo, sobre a erosão deliberada dos Estados sociais nacionais. A UE aprendeu com os melhores, de Hayek a Buchanan, passando por Eucken...
O livre é uma espécie de quarta via do socialismo, mais afastada ainda das classes populares que a terceira via.
ResponderEliminarConsegue reunir mais contradições que esta última e tão grandes são elas que nos ofereceram um espetáculo a que nunca tínhamos assistido antes: o "divórcio" em direto com a Joacine Katar Moreira, com direito a acessores de saias e outros sketch "dignos" de serem revistos.
Um must.
Quanto ao PS, sempre foi um partido de contradições, dada a quantidade de facções que por lá vegetam.
A critica de Pedro Nuno Santos a Costa é um prenúncio de que podem ocorrer novidades nos próximos tempos.
Talvez depois de terminada a segunda vaga da pandemia, pois todo o governo estará exausto destes combates ao vírus e ao histerismo mediático-corporativo-partidário.
Na verdade, não foi só o PS que rejeitou a possibilidade de uma reedição, necessariamente em novos moldes, da "geringonça". Nisso, este acompanhado pelo PCP.
ResponderEliminarTanto Rui Tavares como o Partido “Socialista” existem para combater aqueles que acham que existe algo para lá do Capitalismo.
ResponderEliminarCertamente Rui Tavares e outros “Socialistas” gostam de cultivar uma imagem social mas na altura de lutar por algo concreto não são vistos no campo de batalha.
Sim, a luta contra o racismo, contra misoginia e contra homofobia são lutas de grande importância mas com a luta de classes Rui Tavares e o Partido “Socialista” não gostam de se envolver, e este não envolvimento é consciente.
Rui Tavares e outros “Socialistas” não acreditam que existe algo para além do Capitalismo, logo, não só não procuram alternativas como se acomodaram ao pior do mesmo, acomodaram-se à degeneração do sistema, o tal “Neoliberalismo”.
E é também conveniente a uma certa “esquerda” não combater o actual estado de coisas, esta certa “esquerda” que se acha muito “cosmopolita” vive bem, não sofre com a austeridade e não tem qualquer senso de urgência para mudar este deplorável estado das coisas…
Rui Tavares e o Partido “Socialista” são oposição controlada.
Os “Donos Disto Tudo” convivem muito bem com Rui Tavares e o Partido “Socialista”!
Tenho para mim que Rui Tavares é uma pessoa coerente e honesta e com largas provas disso.
ResponderEliminarJá outros preferem vasculhar nas entrelinhas para ver se encontram lama para com ela fazerem uma estátua de si mesmos.
Podemos questionar o papel da UE e uma visão curta dos fornecedores de vacinas A Sputnik não é boa, mas o gás natural sim!
ResponderEliminarNo entanto a UE é um projeto de paz, que embora com todas as suas contradições, a mantém melhor do que a ONU.
Isso é inegável, ou se não existisse, este processo das vacinas já tinha dado molho.
Nhno
A Sputnik não é boa mas o gás natural sim. E então o projecto de paz da UE? E melhor que a ONU. É tão inegável que já tínhamos tido saus ( ou molho em português)
ResponderEliminarNhno? como é que se diz também em português?
«Tenho para mim que Rui Tavares é uma pessoa coerente e honesta e com largas provas disso.»
ResponderEliminarO que dizer em relação ao processo Joacine Katar Moreira e o modo como se aproveitou e depois descartou da deputada?
O que dizer da sua posição em relação ao bombardeamento da Líbia, quando foi deputado europeu.
Como disse bem, Lúcia Gomes, em «Manifesto 74»: «Rui Tavares é o exemplo acabado do homem branco bem nascido e privilegiado. Sempre rodeado dos seus amigos influentes, vivendo à custa da imagem publicamente criada sem que lhe seja conhecida densidade que construa essa imagem, na primeira hipótese que teve de se apropriar de dinheiros públicos para seguir a sua agenda pessoal assim o fez, sempre com a bênção dos seus amigos, essa elite bem pensante que escreve nos jornais e fala na televisão.»