domingo, 8 de novembro de 2020

Um jornal para combates urgentes


Está em curso uma batalha decisiva na saúde em Portugal. Décadas de desinvestimento público no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e nos seus profissionais alimentaram cada vez mais os privados com transferências do Orçamento do Estado (41% do bolo da saúde), num quadro de níveis já elevados de pagamento directo pelas famílias (29,5% das despesas totais da saúde em 2018). Este desinvestimento, que agora fragiliza muito a resposta à pandemia, foi preparado pelos neoliberais sem que a generalidade da comunicação social os questionasse sobre os problemas estavam a ser criados à defesa da saúde pública, sobre a natureza ideológica das escolhas em curso, sobre o despesismo e as injustiças que essas escolhas geravam ou, muito menos, sobre os interesses privados que alimentavam. Agora, de repente, os jornalistas passaram a fazer algumas destas perguntas, mas apenas a quem sugere rumos contrários ao neoliberal. Há uma verdadeira campanha na comunicação social para gerar alarmismo sobre a resposta do SNS e das autoridades públicas de saúde à segunda vaga pandémica, não para melhorar essa resposta, mas para os privados da saúde aumentarem os seus lucros.

Início do editorial de Sandra Monteiro no Le Monde diplomatique - edição portuguesa deste mês, que pode ser lido na íntegra na página do jornal. O número deste mês é particularmente forte em economia política e em política económica: da análise de Nuno Teles ao Orçamento do Estado para 2021 à desmontagem do mito do congelamento das rendas, feita por Ana Cordeiro Santos e Nuno Serra, passando pelo artigo de Robert Boyer sobre os futuros dos capitalismos em contexto pandémico, no seguimento do último livro de um dos fundadores da chamada escola da regulação.

5 comentários:

  1. Adoraria ler o artigo do Nuno Teles sobre a urgência de mais investimento público. Antes via o jornal, a edição portuguesa do Le Monde diplomatique, nas bibliotecas públicas, mas hoje passam-se meses, anos, sem que me cruze com ele (e não compro, nem esse nem nenhum, por dificuldade financeira). Depois de um tempo aceitável, compreensível para não afetar a venda, talvez o autor possa disponibilizá-lo aqui no blog. Como disse, leria com muito interesse.

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  2. Nada como construir um hospital ao lado dos do privado para promover o progresso do país e da saúde pública. Avante... ou não há o que faz falta para organizar o saque do privado?!

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    1. Isto ê idiotice a mais.
      Agora os privados fazem nascer hospitais e tratam os arrabaldes como coutada privada?
      A desfaçatez destes homens de negócios a babarem-se pelos negócios â monopolista sem escrúpulos...
      Choraminguice é pouco

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  3. «pagamento directo pelas famílias (29,5% das despesas totais da saúde em 2018»

    Será que os tadinhos dos ricos estão a pagar a sua saúde em vez de usaram a provisão pública?
    O nascimento, a saúde e a morte são responsabilidade do Estado! E isto é só para começar.

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  4. Ah,essa choraminguice pelos ricos e pelos porno-ricos.

    Os sonhos húmidos de jose passam por aqui.

    Talvez por isso se entusiasmou tanto pelos tempos da revanche e do retrocesso social a que Passos tentou conduzir o país. Um regresso aos tempos do século XVIII

    Uma verdadeira história de amor essa de jose pelos doutrinadores sociais de tal condição.Só suplantada pelos olhinhos que jose andou a fazer posteriormente a Bolsonaro

    Ah e não foi só pela ideologia,segundo a sua peculiar ideologia.Foi mesmo também pelos olhinhos do sacana sem lei.Do bolsonaro entenda-se


    "Das verbas públicas que financiam os cuidados de saúde, perto de 41% vão para os privados".

    E jose arredonda e emite estes seus ruídos típicos, com estas oportunidades de negócio

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