terça-feira, 9 de junho de 2020
Algo tem de mudar na economia
Quem conheça a história da britânica The Economist, brilhantemente esmiuçada pelo historiador Alexander Zevin, sabe que é difícil encontrar melhor repositório das convenções liberais ao longo do tempo. De facto, desde a sua fundação, em 1843, foi do anti-democrático imperialismo de comércio livre, dominante no longo século XIX, até ao pós-democrático neoliberalismo desde o final do breve século XX, passando por um certo consenso keynesiano no centro, dado o medo de alternativas mais radicais.
Esta pandemia tem perturbado algumas certezas desta sofisticada voz da City com um pé em Wall Street e outro em Hong-Kong, o que de resto já aconteceu noutras alturas, da Grande Depressão ao Brexit.
Desde Março, já não é a primeira vez que leio na The Economist elogios ao Estado indiano de Kerala e ao Vietname, justamente considerados exemplos na área da saúde pública no mundo em vias de desenvolvimento. Esta revista sempre foi visceralmente anti-comunista, favorável a todas as bombas lançadas pelos EUA na Indochina, ao “método de Jakarta” por estes patrocinado. Zevin documenta este padrão com grande rigor.
Já não é a primeira vez que leio apelos a todos os estímulos monetários e orçamentais possíveis e imaginários, num contexto em que se reconhece que a dívida pôde ser gerida no passado, por exemplo através do que estes liberais chamam de “repressão financeira”, vigente a seguir à Segunda Guerra Mundial, um período que até à liberalização financeira dos anos oitenta foi de reconhecida tranquilidade financeira, um padrão inaudito na história do capitalismo. Esta revista deu sempre para todos os peditórios anti-keynesianos desde os anos oitenta, embora tenha chegado a estes um pouco tarde, como é sublinhado por Zevin.
É verdade que é por vezes pragmática, em modo bombeiro, quando as crises, de novo cada vez mais frequentes, atingem o centro. Foi sempre selvagem na periferia, favorável a todo o liberalismo armado, como aconteceu recentemente na Bolívia.
Mas esta semana, que me recorde, foi a primeira vez que este baluarte anti-sindical, sempre muito favorável ao aumento de direitos patronais, reconhece de passagem uma das consequências desta transformação institucional, abandonando um certo esforço de naturalização do aumento das desigualdades:
“Em alguns países a desigualdade estava a aumentar antes da pandemia, em parte por causa da liberalização das regras laborais. Na Alemanha, a percentagem do rendimento dos 10% mais bem remunerados era igual à dos 50% que ganhavam menos quando as reformas laborais de 2004 foram aprovadas [pelo governo SPD]; em 2017, os 10% mais bem remunerados ganhavam mais.”
Se falo desta revista semanal no singular é porque os artigos não são assinados, salvo um ou outro caso, quando a rainha faz anos, o que, reconheça-se, é uma afirmação de um projeto colectivo, neste caso ao serviço do individualismo possessivo, agora a atravessar um daqueles momentos excepcionais.
E, já agora, aposto que não há uma publicação tão influente entre os nossos editorialistas, do Expresso ao Público, passando pelo Negócios, embora na periferia haja muito menos flexibilidade ideológica, também aí imitando a lógica do centro liberal para os países subalternos.
Os media de divulgação ideológica devem ser considerados propaganda e deixados para os apaniguados.
ResponderEliminarEsse é um dos erros dos europeus em geral e os Portugueses em particular: dar credibilidade a pasquins inúteis.
De facto, quanto mais se afunda a comunicação social que deprime desde o advento da Internet, e quanto mais o setor financeiro adquire as empresa dos media, cada vez mais cheios de estagiários "sem futuro", mais disparates iremos ler (para quem assim o desejar ou gostar de ser enganado!) uma mão cheia de nada!
EliminarAs coisas do Economist parecem-me cada vez mais escritas por algoritmos e não por pessoas. É um pasquim da ferradura, embora por vezes dê no cravo, só para enganar. Tem uma atenção desmesurada, que não merece.
ResponderEliminarToda a Informação tem que ser analizada reconhecendo o posicionamento ideológico do autor e da publicação, de todos os meios de comunicação social. E este posicionamento evolui ....
ResponderEliminarUm gráfico, neste link, ajuda a posicionar diferentes fontes de Informação nos EUA no espectro direita esquerda. Não se ignore o próprio posicionamento de autor de esse gráfico, ali exibido.
Um trabalho semelhante em Portugal seria ...
https://www.zerohedge.com/s3/files/inline-images/PredictIt_SUPP_03.jpg?itok=t6zRvPL-
Isso é um gráfico do posicionamento partidário, não económico, e, portanto, nada tem a ver com o assunto.
ResponderEliminarA Economist é bem escrita, analisa em detalhe e tem pontos de vista alternativos. Segue uma linha de defesa do mercado livre sem contudo ser dogmatica. Tem vários artigos sobre a desigualdade crescente e em várias ocasiões defende a intervenção estatal.
ResponderEliminarNão existe qualquer semelhança entre a Economist e a nossa imprensa económica. Basta ler o que se escreveu na altura de crise das dívidas soberanas.
Os países estão falidos é lógico que a desigualdade aumente no século XXI com uma população crescente de desempregados
ResponderEliminara pandemia vai destruir empregos por muitos anos e é natural que a desigualdade aumente
ResponderEliminarOs países não estão falidos Anónimo Pimentel Ferreira...
ResponderEliminarOs jornalistas que escrevem na Economist são, como diz, pragmáticos. É preciso que alguma coisa mude para que o resto permaneça igual, pensam eles.
ResponderEliminarE são capazes de reconhecer, como os comunistas que se converteram ao capitalismo na área económica (sem no entanto terem largado o freio ao Poder e organizado eleições livres, como na China ou no próprio Vietname) que se calhar há coisas em que os adversários têm razão. Se não podes vencê-los...
No fundo, João Rodrigues, ideologias à parte, quem tem apego ao Poder, quer conservá-lo seja lá porque meios for...
Mas ainda assim, não são exactamente o Ortega :) ...
No mundividência dos humanos:
ResponderEliminarPromover as adaptações suscitadas por um sistema falível e instável é sinal de realismo e inteligência.
O tratar de sistemas infalíveis e estáveis deve ser deixado a tolos e a crentes.
De facto, os pragmáticos como Jaime Santos são de um pragmatismo inaudito.
ResponderEliminarVejam só como estes pragmáticos liberais passam o tempo a defender o individualismo, que o Estado tem que estar fora da economia para logo a seguir pedir a esse mesmo Estado que passe milhões e biliões para as suas contas e para dar umas bastonadas nos malandros que exigem melhores salários e melhores condições de trabalho.
É ver estes pragmáticos quando o seu adorado sistema Capitalista - tão dependente do Estado - entra em colapso começarem logo a conspirar para meter no poder um Salazar, Mussolini ou Hitler.
Foi isso o que os pragmáticos do laissez-faire fizeram no passado.
Mais pragmáticos do que isto não encontram!
Mais uma vez um texto lúcido e atento de João Rocrigues
ResponderEliminarMais uma vez um texto que concita o coro de alguma "hárpia".
Refiro-me a joão pimentel ferreira. Num post com 10 comentários, vários são do agente "holandês" de serviço. Paulo Marques e Geringonço já levantaram o véu sobre o trafulha travestido
Falta dizer que "Oakwood", "eduardo", os "canhões" ( a substituir o "ide, ide") são do mesmo galinheiro.
Adiante. O lixo pertence ao lixo.
Entretanto Jaime Santos mostra a irrelevância do seu discurso ideológico. Impotente (é mesmo o termo) tenta arrumar a China e o Vietnam como se convertidos aos seus adversários.
Se não pode vencê-los...junta-se (quase) a eles. Sem o querer JS retrata a sua própria posição. Já não dá como exemplos os habituais paraísos fornecidos durante um ror de anos pelas classes dominantes.JS não tem outro remédio senão tentar catrapiscar os sucessos de quem lhe dá azia e perturbação.
Entretanto desapareceu qualquer referência ao estado indiano de Kerala. Sumiu em direcção ao "Ortega".
JS ainda não reparou que estas "bandeiras" permanentes descredibilizam o seu discurso?
Na mouche, caro Geringonço
ResponderEliminarAcho que era Dimitrov que dizia que o fascismo é a ditadura abertamente terrorista dos elementos mais reacionários, mais chauvinistas e mais imperialistas do capital financeiro
Quanto às máximas de Jose, estas estão reservadas aos crentes.
ResponderEliminarDiz jose:
"Promover as adaptações suscitadas por um sistema falível e instável é sinal de realismo e inteligência"
Uma outra forma de confirmar que Giuseppe Tomasi di Lampedusa tinha razão. Jose faz o que pode, mas não deixa de despertar o riso. Ele próprio sugeria ( aos berros e aos impropérios) algumas dessas "adaptações", durante o processo austeritário troikisto/passista. Agora está reduzido a isto?
Diz Jose:
"O tratar de sistemas infalíveis e estáveis deve ser deixado a tolos e a crentes"
Ora bem. Não se sabe que sistemas são estes, os infalíveis, Como se sabe os que se denunciam por aqui, são o que são.
Estáveis também não parecem ser. Se não,não teríamos estas figuras de contorcionistas permanentemente em acção
Agora se ele quiser qualificar como crente ou tolo quem assim procede, que esteja à vontade. Ele lá sabe os caminhos que.
enfim homens de tanta fé deveriam peregrinar pra Fátima, o desemprego está aí o consumo caiu e não é com o comunismo que se cria uma economia mais sólida, Kerala é um estado agrícola e pobre que nem por 20 anos de governo comunista viu aumentar muito o PIB em relação a outros estados indianos
ResponderEliminarJoão pimentel ferreira volta como "eleitorado que não se rende"
ResponderEliminarEle bem tenta, de pé ou de cócoras, em português ou em holandês, a dar vivas a Friedman ou a Pinochet, disfarçado de agente rebolucionário ou a cantar loas ao "estado social " da Alemanha nazi"
Para o peditório de JPF,dito aonio eliphis, agora como moderador do Publico, já demos. O lixo ao lixo. E confessemos que o lixo neoliberal está cada vez mais medíocre e acanalhado
Mas como parece que os "canhões" e o "eleitorado" não consegue perceber o que se escreve ( ou não estivesse em causa joão pimentel ferreira),voltemos a este excelente texto de JR sobre Kerala
ResponderEliminar"O Estado indiano de Kerala, governado quase sempre pelos comunistas e seus aliados desde meados dos anos cinquenta, destaca-se agora no combate ao Covid-19, tal como foi assinalado pelo insuspeito Washington Post (via AbrilAbril): uma abordagem humana e rigorosa, dizem os peritos, em contraste com o fascismo hindu, que desgraçadamente hoje domina a vida política daquela grande nação. A história recente conta."
( JPF prefere o fascismo hindu.E ainda tem atravessado na garganta a resposta até aqui do nosso tão massacrado SNS)
Mas voltemos ao texto de JR :
"Realmente, na Índia, há décadas que temos uma espécie de experiência natural, com o contraste entre o Estado de Kerala, que está longe de ser dos mais ricos em termos de PIB per capita, e tantos outros Estados da união, com níveis de desenvolvimento humano aterradores.
Amartya Sen, que é, a par de Gunnar Myrdal, o Prémio dito Nobel de Economia mais humanista, tem dado como exemplo o Estado de Kerala nos seus trabalhos. A mobilização social e política pode fazer toda a diferença nos processos de desenvolvimento, enquanto expansão das liberdades positivas, onde a liberdade para levar uma vida relativamente longa, instruída e saudável não se reduz à, não está tão dependente da, bitola pecuniária.
Ter redes densas de educação e de saúde públicas requer organização e vontade políticas. E nem é preciso ter rendimentos per capita elevados para se obterem resultados impressionantes.
O socialismo só faz sentido se for um humanismo radical, que se institucionaliza nos sistemas de provisão fundamentais à vida e que não faz concessões a certos relativismos."
O coitado de JPF não percebeu ou não lhe faz qualquer sentido o que aqui está escrito.
Pudera. Dêem-lhe um euro que seja e ele começa logo a fazer habilidades...
e cria logo mais um nickzito
anonimous bosch...é isso aí.Uma mão cheia de nada
ResponderEliminarDeram-lhe mais um euro
O ideal comunista keraliano de: pobres, letrados e saudáveis longevos, merecia umas jornadas de luta solidária.
ResponderEliminarEstes apartes de Jose são apesar de tudo muito úteis.
ResponderEliminarPermitem verificar que tem qualquer osso atravessado na garganta. Tem horror a uma dimensão humana que lhe escapa e ultrapassa
Como soi dizer-se: Os cães ladram e a caravana passa
Merece ser vincado o contraponto deste esgar do Jose com o que nos dão as notícias dessa região do mundo:
ResponderEliminar"O estado indiano, com 35 milhões de habitantes, regista 2244 casos de coronavírus e 18 mortes. O governo local, liderado por comunistas, e a sua ministra da Saúde têm sido louvados pela contenção da doença.
KK Shailaja, ministra da Saúde do estado de Kerala (Sul da Índia), começou a preparar-se para a epidemia de Covid-19 logo a 20 de Janeiro, depois de ter lido que um novo vírus perigoso se estava a disseminar na China.
Três dias depois, ainda antes de o estado ter registado o primeiro caso de Covid-19, a ministra manteve uma reunião com a sua equipa de resposta rápida. No dia seguinte, a 24 de Janeiro, já existia em Kerala uma sala de controlo para lidar com a nova situação e foram dadas ordens ao funcionários da Saúde nos 14 distritos do estado para começarem a fazer o mesmo a nível local, explica o The Guardian.
Quando, a 27 de Janeiro, houve registo do primeiro caso, o estado de Kerala já tinha começado a aplicar o protocolo da Organização Mundial da Saúde: testar, investigar contactos, isolar e apoiar.
Cinco meses volvidos, Kerala regista apenas 2244 casos de pessoas infectadas com o novo coronavírus e 18 mortes. O êxito no controlo da pandemia tornou-se conhecido e levou o jornal inglês a falar com a ministra, para tentar perceber como um estado no extremo Sul da Índia, com muito menos recursos que o Reino Unido ou os Estados Unidos, tem um número tão baixo de casos e mortes, por comparação com os países referidos (cerca de 41 mil e 116 mil mortes, respectivamente).
Em Janeiro, três passageiros provenientes da China que tinham febre à chegada foram hospitalizados – confirmando-se depois que tinham Covid-19 – e os restantes passageiros do avião tiveram de ficar em quarentena. A doença foi então contida, mas, em Fevereiro, uma família local que regressava de Veneza não referiu com precisão o seu trajecto de viagem; posteriormente, as autoridades detectaram seis casos de infecção com o novo coronavírus entre as pessoas que tinham contactado com eles e conseguiram conter novamente a disseminação da doença.
Entretanto, foram chegando ao estado muitos trabalhadores que haviam emigrado para países do Golfo Pérsico, alguns dos quais infectados. A 23 de Março, os aeroportos internacionais de Kerala fecharam e, dois dias depois, a Índia entrou em confinamento.
No pico da pandemia, 170 mil pessoas chegaram a estar sob observação das autoridades de saúde; aqueles que não tinham casa de banho em casa foram alojados às custas do governo local em unidades de isolamento improvisadas. Além disso, 150 mil trabalhadores migrantes de outros estados indianos, que ficaram presos em Kerala por causa do confinamento obrigatório, foram alimentados com três refeições por dia durante seis semanas, estando agora a ser enviados para suas casas de comboio, explicou a ministra ao The Guardian".
"Shailaja Teacher (a professora Shailaja), como é conhecida – por ter sido professora de Ciências no ensino secundário –, nasceu, em 1956, no seio de uma família progressista e com ligações à política. Ao crescer, viu como o Partido Comunista da Índia (Marxista) – PCI (M) – teve um papel destacado nos governos do estado (desde 1957) e assistiu à construção, desde a base, do chamado «modelo de Kerala».
ResponderEliminarA reforma agrária, o sistema público de saúde descentralizado e o investimento público na educação são marcas desse «modelo». «Cada aldeia tem um centro de saúde primário e há hospitais em todos os níveis de administração, além de dez universidades médicas», refere o The Guardian.
Acrescenta que nenhum estado indiano investiu tanto na saúde primária como Kerala, que tem a mais alta esperança média de vida e a mais baixa taxa de mortalidade infantil da Índia; é também o estado com o nível mais elevado de literacia. A ministra da Saúde afirma: «Se o modelo de Kerala não existisse, a resposta do governo à Covid-19 não teria sido possível.»
Quando o PCI (M) assumiu o poder, em 2016 – liderando uma coligação de esquerda –, empreendeu uma modernização do sistema de saúde. A criação de um registo para doenças respiratórias – que é um problema de primeira ordem na Índia – ajudou muito as autoridades a lidar com o coronavírus, sublinha Shailaja.
Além disso, com o surto, cada um dos 14 distritos do estado teve de dedicar dois hospitais à Covid-19 e cada faculdade médica foi obrigada a reservar 500 camas. Como havia falta de testes – sobretudo depois de a doença atingir em força países mais ricos –, estes foram feitos inicialmente só a doentes com sintomas e aos seus contactos mais próximos, bem como aos trabalhadores mais expostos.
Em 2018, as autoridades de saúde de Kerala detectaram um caso de infecção causado pelo vírus Nipah – encontrado pela primeira vez na Malásia em 1998 e transmitido pelos morcegos da fruta. A rápida contenção do surto, com o isolamento de casos suspeitos, levou a que o número de contágios e mortes fosse muito baixo. Tanto o governo liderado por Pinarayi Vijayan como KK Shailaja foram elogiados pelo seu trabalho.
«O Nipah preparou-nos para a Covid-19 porque nos ensinou que uma doença altamente contagiosa para a qual não existe tratamento ou vacina deve ser levada a sério», afirma a ministra, que goza de muita popularidade e a quem chamam a «destruidora do coronavírus».
Agora, o estado de Kerala está a preparar-se para uma eventual segunda vaga, que poderá chegar com o regresso de mais emigrantes dos países do Golfo quando as fronteiras forem reabertas. «Vai ser um grande desafio, mas estamos a preparar-nos para isso», disse a ministra da Saúde e militante comunista ao The Guardian.
«Há os planos A, B e C (para o pior cenário), que implica requisitar 165 mil camas a hotéis, pensões e centros de conferências», explicou, acrescentando que a aposta passa também pela investigação dos contactos, estando professores a ser treinados para essa tarefa.
Quando a segunda vaga passar – se chegar a haver alguma –, estes professores voltarão para as escolas. E é exactamente isso que ela espera fazer, assim que terminar o seu mandato, depois das eleições do próximo ano. Questionada sobre o segredo para combater a Covid-19, respondeu: «Planeamento adequado.»