domingo, 29 de abril de 2018
É preciso escolher
Se nada for feito para suster e inverter esta curva descendente, o SNS deixará de ter condições para continuar a ser o garante do direito à saúde e, onde hoje temos um direito reconhecido e consagrado, passaremos a ter apenas negócio e nada mais do que negócio. Não permitiremos que a saúde deixe de ser um direito para se converter e degenerar num grande negócio.
António Arnaut e João Semedo
Em 1979, as bases gerais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) foram aprovadas pelas esquerdas. Quase quarenta anos depois, é preciso voltar a defender o SNS; por exemplo, através de uma nova lei de bases que responda, entre outros aspectos, a um politicamente robustecido capitalismo da doença. Como sempre acontece, o neoliberalismo realmente existente não dispensa o Estado e ainda mais na doença: das parcerias público-privadas a outras formas de perversa separação entre financiamento e provisão, incluindo esquemas variados de subsidiação pública ao sector privado. É preciso acabar com a parasitagem privada à custa do público. Este e outros objectivos, incluindo um plano para salvar o SNS, irão certamente unir as esquerdas que não desistem - bloquistas, comunistas e socialistas - e sectores que podem ir para lá delas.
Quando o capitalismo da doença se expande, os corpos e as carteiras é que pagam. Se depender do PSD de Rio, a linha é clara ou não fossem Luís Filipe Pereira e Álvaro Almeida responsáveis pelas áreas da doença e da carteira. Pereira, ex-ministro fez carreira no grupo CUF, um dos principais do capitalismo da doença e actualmente preside à linha de cuidados de saúde SA. Almeida, com passagem pelo FMI, tem feito estudos para um grupo de pressão a favor da imbricação entre o Estado e os capitalistas da área, defendendo a subsidiação do primeiro aos últimos à boleia da ficção da liberdade de escolha e da concorrência. Um cheque-saúde à paisana, realmente.
Por isso, quando se lê no Público que Rio quer um bloco central na área da saúde, é mesmo caso para começar a olhar para as nossas carteiras, para os nossos corpos e mentes com preocupação. Se isto é a viragem ao centro, então confirma-se que o centro continua bastante enviesado para a direita. O bloco central é hoje a expressão política directa da realidade material da expansão do capitalismo da doença alimentado pelo Estado. Não se trata, como se titulou de forma enviesada, de reformar o SNS, mas de o continuar a destruir. As pressões austeritárias europeias também servem para isto, conjuntamente com a promoção do turismo de saúde. Está tudo ligado.
Infelizmente, há sectores relevantes do PS que não têm sido imunes à pressão, aos incentivos, do capitalismo da doença: aí estão os casos, só para dar dois exemplos, de Maria de Belém, consultora do antigo Espírito Santo Saúde (actual Luz Saúde) e responsável pela resposta governamental às esquerdas, ou de Óscar Gaspar, antigo dirigente socialista e que agora preside à associação da hospitalização privada. Maria de Belém defende, é claro, o chamado acordo de regime, nome de código para bloco central. O Presidente da República, cuja primeira iniciativa nesta área foi uma visita apologética a um hospital do grupo CUF, em linha com as suas conhecidas relações de proximidade com os grupos privados, também deve fazer as suas pressões.
Perante isto, a posição do PS será absolutamente clarificadora: SNS assente, como não pode deixar de ser, na provisão pública ou capitalismo da doença?
E o dinheiro da provisão pública para investimento e despesa vem...?
ResponderEliminarSe acertar na resposta ganha ...um magnífico conjunto de electrodomésticos, mais uma viagem de fim-de-semana para duas pessoas numa das Pousadas de Portugal.
Jose está muito activo.
ResponderEliminarQuererá compensar a excelente prenda a 25 de Abril?
Mas agora tem um cariz levemente diferente. Veste-se de aldrabão de feira e cumpre o papel a preceito, com este pregão tão apropriado a uma burguesia decadente
Jose pergunta inquieto pelo dinheiro.
Mas, mas, mas...já não se discutiu isso tanta vez?
Os banqueiros e os DDT. Mais as rendas pagas pelo erário público. Mais os Swaps da miss Swapp. Mais as odes pungentes aos grandes capitalistas que vão engordando a cada dia que passa
E o jose não se lembrará das fitas que andou a fazer pugnando pela fuga de impostos e pelos sacrossantos paraísos fiscais?
Eu sei que é um tema incómodo,mas se este sujeito não se lembra, podem-se convocar aqui as suas exactas palavras
Só se pede que depois não venha choramingar a falar no texto e no contexto. E fuja depois, como é costume
https://ladroesdebicicletas.blogspot.pt/2018/04/os-valores-liberais.html
A pergunta pode e deve ser feita ao contrário: De onde vem o dinheiro para a provisão privada? Não nos podemos dar a esses luxos!
ResponderEliminar51% da despesa dos hospitais privados é paga pelo erário público.
ResponderEliminarSaia agora um pífaro é uma viagem de fim-de-semana ao Minho para visitar uma associação patronal
Muitos do que andaram com uma bandeira na mão a dizer que eram de esquerda, após o 25 de abril 74, hoje, muitos deles, são uns autênticos reacionários e até defensores dos capitalismo, e do fascismo. O PS tem no seu seio muita gente democrática e patriota, coisa que o PSD, hoje já não se pode dizer o mesmo. No PSD e CDS na sua maioria são (extrema-direita) neoliberais com alguns tiques fascistas , isso viu-se na ultima legislatura, com o apoio do Cavaco, o pior presidente de todos os tempos, nem o Américo Tomaz, tomava atitudes como ele as tomou, e era um indevido ligado de alma e coração ao regime fascista do ditador falazar..
ResponderEliminarTem qua haver uma grande unidade por parte dos democratas e patriotas deste país...
Densificando:
ResponderEliminarDr. Pangloss Chronicles
'Incresed longevity without quality of life is an empty prize. Health expectancy is more important than life expectancy.'
Dr. Hiroshi Nakajima, Director-General, W.H.O. 1997
'Dados divulgados na Pordata mostram que os portugueses perderam anos de vida saudável face aos anos anteriores. Se em 2012, um homem português podia viver sem grandes limitações de saúde mais dez anos após os 65 (acima dos 8,5 anos médios da União Europeia), este valor baixou para sete anos em 2015 (abaixo dos 9,4 da média da UE). A situação é ainda pior para as mulheres, já que passaram de uma esperança média de vida saudável de nove anos em 2012 (acima dos 8,5 anos da média da UE) para apenas cinco anos em 2015 (abaixo da média europeia de 9,4 anos).'
Professora Sibila Marques ISCTE-IUL
Perdeu-se em esperança de vida?
ResponderEliminarMas temos a função pública a trabalhar menos 14,2875% o que mais que compensa!
Não herr jose,não diga asneiras nem nos tente impingir as suas contas à patrão bem nutrido e néscio
ResponderEliminarPassos e Portas roubaram salário e pensões. Dos portugueses. Também na função pública mas não só.
E roubaram também nas horas pagas pelo trabalho efectuado. Como pulhas e salteadores que goram.
Percebe-se que o 1º de Maio o deixe a espumar e a rosnar Mas não passam tais alarvidades