Há dias foi a votos no Parlamento o Programa de Estabilidade do Governo.
Espanta que, ao fim de dez anos sobre o desencadear da crise internacional, ainda se pugne por mais austeridade. E no entanto é isso que a direita e a direita do PS sustentam como programa. E mais tarde ou mais cedo vão ter de assumi-lo.
A direita do PS terá de assumi-lo porque essa é consequência prática da ideia vazia de quem quer "mais Europa", a qual se baseia nas vantagens do cumprimento estrito do Tratado Orçamental, até que alguém poderoso o reforme. Em privado, são capazes de se lastimar, mas em público aplaudem essas regras que mais não representam do que o dispositivo que força governos de esquerda (por muitos votos que tenham) a aplicar políticas de direita. Ir além das metas pode parecer uma ideia cautelosa, mas redunda apenas em ir além de um programa de direita traçado em Bruxelas.
A direita à direita do PS assume hoje aquela posição bipolar: acusa o governo apoiado à esquerda de praticar a austeridade - por cortar no SNS, nas escolas e na segurança, no investimento público, etc. - e grita que o "Estado está a falhar". Mas os deputados contorcem-se em resoluções que gostariam de aprovar no Parlamento em que se esquivam para não dizer que querem ainda mais "menos despesa" (caso do CDS) ou em que condenam o governo por "agravar a despesa corrente permanente do Estado", porque é feita sem um "qualquer exercício de racionalização da despesa corrente" (caso do PSD)...
Ora, ao ponto a que chegaram os serviços públicos ao fim de dez anos de austeridade, é impossível continuar com jogos: ou se quer "menos Estado" e, por isso, "menos despesa pública" e, por isso, "mais austeridade"; ou se quer "menos austeridade" e, por isso, "mais despesa pública" e, por isso, "mais Estado".
Mas esta esquizofrenia hipócrita é apenas um epifenómeno com causas profundas.
A direita e a direita do PS alimentam este falso dilema de curtas visões, porque querem evitar tocar na ferida do problema. E a ferida do problema é que essa política representa um mecanismo de transferência de rendimento - em cada país dos mais pobres para os mais ricos e, na Europa, dos países mais pobres para os países mais ricos, vulgo Alemanha - que está a favorecer a ascensão da extrema-direita e a fragilização da democracia.
E nada fazer para o evitar é levar a Europa ao abismo, com a cumplicidade até de um partido de esquerda. Como há décadas atrás. Mas talvez seja isso que se pretende, porque só isso justifica que se mantenha de pé todos os mecanismos que estão a alimentar essa vaga de fundo. Para quê mais democracia, se vai ser possível ter menos? "Mais Europa" vai significar "menos democracia".
A direita - e a direita do PS - sabem que, desde 1992, que a moeda única é coxa. Vítor Constâncio sempre o disse, sem que nunca a tenha deixado de defender, tanto em Portugal como em Frankfurt. E sabem que, sendo-o, enriquece os países mais ricos e empobrece os mais pobres, porque as economias fracas têm uma moeda forte, enquanto as economias fortes têm uma moeda fraca.
Essa esquizofrenia - ao mesmo tempo que se deu a liberalização da globalização - favorece a desigualdade e acentua-a. Favorece a tomada de activos pelos países ricos nos países pobres, acentuando a concentração da riqueza. Cria défices comerciais nas economias fracas, enquanto faz aumentar superávites nas economias fortes.
Esses défices têm de ser pagos e traduzem-se na subida de dívida privada. Essa dívida privada caminha no mesmo sentido da progressiva perda de competitividade externa da economia, que se transforma em menores crescimentos económicos, que se reflectem num maior desemprego estrutural, que se traduz em menores receitas fiscais para pagar maiores despesas públicas, decorrentes do aumento do desemprego, do empobrecimento e do envelhecimento relativo da população. Ou seja, tudo se transforma em maiores défices públicos que se transformam em maiores dívidas públicas.
A dívida vai rolando. Mas quando se dá uma crise, então os "mercados" - ou seja, quem nos países ricos está a financiar esses défices dos países pobres - exigem os seus retornos rapidamente. Agravam os "prémios do risco país"e tudo se torna impossível de pagar.
Então, os credores tudo fazem para evitar perder dinheiro. Sensibilizam quem está à frente dos Estados dos países ricos credores, que também não querem que nada mude e, muito menos, que tenham de cobrir essas perdas dos financiadores privados. Então tudo fazem para evitar a falência dos Estados pobres devedores porque sabem que isso corresponderia a penalizar quem emprestou aos Estados devedores. Para o evitar, zangam-se publicamente. Começam por culpar os Estados pobres devedores - que viveram acima das suas possibilidades, que foram gastadores, que não foram formiguinhas como no Norte, que não sabem gerir a sua casa, que não foram como uma dona de casa. E depois, no clímax da pressão (ajudada pelo BCE, com o corte do financiamento aos bancos nacionais), com os ditos "mercados" a pressionar nas taxas de juro, "resgatam" esses Estados dos países pobres.
Com o dinheiro do "resgate", os Estados dos países pobres pagam de imediato a quem lhes emprestou levianamente, que assim se escapam da aflição de perder dinheiro. Ficam sempre a ganhar, antes e após a crise. Dessa forma, passam a sua potencial perda (que adviria com uma reestruturação ou corte da dívida) para o Estado pobre, que dessa forma acumula mais dívida, a qual terá de pagar tudo. Mais não seja porque se repete à exaustão - e a comunicação social repete igualmente - aquelas leviandades de quem é pobre mas honesto, que está disposto a honrar todas as suas dívidas, independentemente de quem esteja no Governo.
Mas como pagar? Com políticas de austeridade sobre toda a população.
A dívida pública dos Estados dos países pobres aumenta, os encargos públicos com a dívida aumentam e fazem pressão para que o Estado encolha, cortando-se no investimento público e nas suas despesas correntes - serviços de Saúde, de Educação, de protecção social, na Segurança, etc. - , degradando-se em consequência a sua economia, o que prejudicará ainda mais as contas públicas, o que faz com que o Estado se encontre cada vez mais fragilizado, a necessitar de novos "resgates" num momento de crise...
O "resgate" é o mecanismo de redistribuição invertida de rendimento em favor de quem mais tem e em prejuízo de quem menos tem.
É desta forma que a austeridade se auto-alimenta e reproduz. Como um vírus. O vírus não pára até matar o hospedeiro. Só que tudo está controlado: se o hospedeiro for bem comportado, o dono do vírus abranda o aperto; se for mal comportado, mantém a pressão, nunca soltando a trela apertada, com acentuados conselhos para que faça reformas estruturais.
A direita e a direita do PS sabem isto. A direita e a direita do PS contam ser bem comportados. Mas sabem que não podem fazer nada para colocar em perigo este ciclo de exploração dos países pobres pelos países ricos e, com ele, os rendimentos de quem lucra com isto. E por isso evitam discutir este imbróglio. Preferem submeter-se e fazer com que todos paguemos a quem tem interesse nisso.
Possivelmente, as pessoas honestas de direita ou da direita do PS pensam que assim protegem melhor os portugueses. Que evitam o fecho dos bancos e as bichas à frente de um Multibanco. Mas se os portugueses soubessem que é assim que pensam, tenderiam - acho - a votar de outra forma. Como o fizeram na Grécia, no referendo. Aliás, é por isso que, de cada vez que isso se torna possível, todas as instituições dos poderosos países chantageiam os povos para que não adoptem uma posição de força, de rompimento, que faria o carrocel parar de repente, com prejuízo para todos, mas também para os emprestadores... E há povos que se deixam chantagear e outros não.
Aliás, o problema é que cada vez menos o fazem. E tendem a votar na Europa, só que nos ditos populismos que tanto parecem - repito, parecem - assustar o status quo. Em face disso, e em desespero, defende-se uma reforma do sistema político - vulgo eleitoral - para que a direita - e a social-democracia de direita - vençam sempre. Nada de novo. Em Portugal, tivemos isso durante 48 anos.
Ora, se isto assusta realmente, mais valia que se actuasse sobre as causas do problema. E nos deixássemos de folclore. Porque se repetirmos as mesmas políticas, é provável que tenhamos os mesmos resultados.
Mas tanta teimosia em nada fazer, faz pensar se não é isso mesmo que se pretende: uma fragilização da democracia.
"A direita e a direita do PS ...."
ResponderEliminarFala muito "da direita e a direita do PS" mas esquece a "esquerda do PS", que ainda há pouco tempo defendia "fazer tremer os joelhos dos banqueiros" e agora, num governo apoiado pelas esquerdas, se cala e é conivente com Mário Centeno, com deficits zero, e com austeridade transvestidas de cativações. Mais folclore, hipocrisia e esquizofrenia que isto é impossível.
Dá gosto ver estas questões, que são as que realmente interessam ser esclarecidas contra a cumplicidade de uns, a cobardia de outros e a alegre inconsciência de ainda outros.
ResponderEliminarS.T.
"Possivelmente, as pessoas honestas de direita ou da direita do PS pensam que assim protegem melhor os portugueses."
ResponderEliminarAs pessoas "honestas" de direita ou da direita do PS (a oposição controlada), como Francisco Assis, sabem que são privilegiados e não sofrem com a "austeridade"/ transferência da base para o topo, eles estão-se nas tintas para a pessoa comum!
Entretanto notícias das trincheiras da frente Sul dão conta de que tudo se desenrola como previsto:
ResponderEliminarOs soberanistas da Lega e Salvini sobem nas intenções de voto e ganham eleições regionais e Di Maio (M5S) quer novas eleições em Junho. Como se sabe ambos estão apostados em erodir o eleitorado dos partidos europeístas, e eu interpretaria esta pressa pelo facto de Salvini estar a ser melhor sucedido no desbastar da expressão eleitoral do PD e sobretudo, em virtude de propostas mais claras do que o M5S e ter melhores perspectivas de crescimento.
Tudo portanto a correr bem para o lado soberanista.
https://www.bloomberg.com/news/articles/2018-04-30/with-italy-s-coalition-talks-failing-five-star-seeks-june-vote
S.T.
Quando 'mais democracia' significa não fazer contas, duas coisas ficam claras:
ResponderEliminar- a esquerda entende que mais dívida é o caminho de obter a ruptura e a crise que a chamariam a missão salvadora, quando a evidência é que não salvaria coisa nenhuma nem se salvaria a si mesma.
- clama por despesa sem ter a coragem de clamar pela receita que a viabilizaria. E essa só seria possível de obter pelo saque 'socialista', para o qual sabe não ter nem mandato nem força.
Ficam claras mas silenciadas, que esta é uma esquerda de tretas e de meias-palavras!
Da frente Atlântica ficamos a saber por Wolfgang Munchau do FT que a guerra comercial USA - EU é quase inevitável.
ResponderEliminar"The current account surplus and the non-fulfilment of the Nato defence spending commitment are related in two ways. More defence spending reduces the current account surplus directly by raising the fiscal deficit. Secondly, these ugly twins make the EU overly dependent on the rest of the world. The EU needs the US for its defence and the rest of the world to absorb its current account surplus. The surplus is thus a strategic stupidity. It arose out of the EU’s handling of its financial crisis — which it resolved by getting rid of current account deficit in all the crisis countries."
...
"By far the most benign way to redress the imbalance would be for the eurozone to reform itself."
Mas desiludam-se as alminhas europeístas...
"But the signals from Berlin are the very opposite."
(Ha-Ha-Ha-Ha-Ha! Stupid German elites!)
Link para o artigo:
https://www.ft.com/content/ba483178-4a10-11e8-8ee8-cae73aab7ccb
S.T.
Ótimo, vamos atuar sobre as causas do problema. Vamos tirar o País do Euro. Explique-me por favor como sem arruinar a nossa Economia. Com todos os detalhes, que é o que a Esquerda anda a evitar fazer desde 2011 e por isso é que não sai do diagnóstico, insistindo que as pessoas não estão informadas. Estão e estão aterradas...
ResponderEliminarSe é para ficarmos pior do que antes e dizermos que temos soberania, talvez, mas primeiro tem que se admitir que é para ficar pior do que antes. Não estamos só a falar de falta de dinheiro nas caixas multibanco, João Ramos de Almeida, falamos de falta de combustíveis e medicamentos. O contrário é pura demagogia...
Ah, pois, os gregos votaram contra a austeridade em referendo e quando o Syriza decidiu submeter-se aquiesceram. Ter a conta bancária denominada em Euros é afinal bem mais seguro... A coragem implica ser-se capaz de se viver com as más consequências das nossas decisões...
Sabe, poderemos sair do Euro depois de trazermos a dívida para valores razoáveis. De contrário, o garrote mantém-se, com ou sem a moeda única, até porque as políticas que você defende implicam todas o aumento de despesa pública com o consequente aumento da dívida pública.
E não tem razão sobre o círculo vicioso. Mário Centeno provou o contrário. Só que é possível recuperar alguma coisa, mas não é possível recuperar tudo porque isto está, como bem diz, pendurado por fios.
É inacreditável como é que alguém ainda julga que uma economia pequena e aberta como a nossa teria capacidade de se manter sem financiamento externo. E, como continuaremos a precisar de dinheiro do exterior, temo bem que não haja nenhuma alternativa senão pagar mesmo a dívida...
Se calhar, os credores até teriam uma vantagem efetiva numa reestruturação. Mas parece-lhe que há margem para isso agora? A mim não...
Mário Centeno provou o contrário?
ResponderEliminarMário Centeno foi completamente cilindrado pelo Varoufakis
Lembra-se caro JS da triste figura que andou a fazer com o seu cognome dado a Centeno?
Como o " mais revolucionário de todos"?
Uma espécie de Omo lava mais branco
Uma esquerda de tretas e de meias-palavras.
ResponderEliminarA seguir ao rebobinar cansativo da cassete.
Reparem-se nestas pérolas: "a esquerda entende que mais dívida é o caminho de obter a ruptura"
Donde tirará o jose tais tiradas? Dos discursos lúcidos e claros do outro pervertido?
Mas a saga continua: "e a crise que a chamariam a missão salvadora"
Donde tirará este jeitinho para o responso beato?
E continua: "quando a evidência é que não salvaria coisa nenhuma nem se salvaria a si mesma."
Uma espécie de evidência diabólica só vista pelo oficiante religioso em jeito de pregação ao diabo
Jaime, a ver se nos entendemos. A saída limpa deixou a economia ainda mais fragilizada do que estava, com a remoção de dinheiro da economia (efeito do tal superávit), os privados que não se endiviraram novamente sustentam-se a bolhas. Já vimos isto, e daqui não saímos - mal rebente a próxima, ninguém paga os empréstimos, a banca vai à falência, e lá vai mais uma geração embora para nunca mais voltar. Mas pior, porque os compromissos financeiros assumidos pelos "partidos responsáveis" que nada aprenderam com o EMS ou o ERM são cada vez mais limitativos.
ResponderEliminarO que é incrível é que ninguém tenha percebido que o QE levou todos os bancos centrais a admitir que o dinheiro não funciona, de todo, como se pensa... e também é incrível como alguém acha que sem controlo de capitais alguma parte relevante desse "financiamento" fica por cá: para começar os impostos são 0%, e os salários perto disso, já os dividendos são superiores aos lucros.
Sobre a saída em si, era questão de aproveitar a boleia apresentada tantas vezes pela Alemanha para a saída "temporária", só que só regressávamos quando a Suécia e a Noruega aderissem connosco, e tal... até a coisa cair de podre.
Mas pronto, o país está melhor, os portugueses é que estão demasiado à rasca para pagar a renda e a morrer nos hospitais e incêndios para ver isso!
E continua jose:
ResponderEliminar"clama por despesa sem ter a coragem de clamar pela receita que a viabilizaria."
Donde é que jose tirará o clamar pela despesa? A despesa dos juros da dívida? Dos Swaps da sua miss Swap? Das rendas das empresas privatizadas e dos negócios sujos da Cristas?
Mas quem clama por tais despesas é o jose himself
E as receitas? Que idiotice é esta de se afirmar que não há coragem de se exigir as receitas devidas?
Por exemplo por via fiscal aos grandes tubarões que pagam uma miséria de imposto. E cuja fuga é defendida por este mesmo jose. Que por acaso também defende os paraísos fiscais,vulgo bordéis tributários
(Que disparates sem nexo são estes? Da idade? Da má fé argumentativa?)
Mas continua:
" E essa só seria possível de obter pelo saque 'socialista'". Que saque é este? O dos privatizadores que venderam por tuta e meia a nossa riqueza aos vampiros? Ou o saque referido pelo jose representa a pose de grande patrão a tentar fugir aos impostos para o qual sabe não ter nem mandato nem força?
Ou jose pensa que a casta dos donos de Portugal pode fazer o que quiser e liquidar o país como os seus amigos, salazar e passos, fizeram?
Fica mesmo muito claro, tão claro que nem as tintas inteiras pintadas por jose conseguem esconder que estamos no reino da farsa dum Pafista fora de tom, a debitar tanta treta como um padre duma seita fundamentalista qualquer
(Quanto às contas e à democracia aí em cima referidas por jose
ResponderEliminarIsto deve ser alguma auto-piada àquelas calinadas prenhes de saudades, dirigidas ao elogio da riqueza económica do salazarismo. Da riqueza dos donos de Portugal não era mesmo?
Tanta hipocrisia barata é difícil de vender.
Da idade ou da má fé argumentativa?)
Caro Jaime,
ResponderEliminarParece-me bastante irado com a Esquerda, a tal Esquerda "despesista". Mas acho que convinha a todos, a si também, pensarmos o que nos interessa mais. Tivemos vários de Direita "poupadora" e o resultado foi desastroso. Está a ser.
Pede-me que não faça mais diagnósticos, mas que proponha alternativas. Mas eu não lhe posso propor alternativas se não concordarmos com um diagnóstico. Ou será que estamos de acordo em relação ao diagnóstico? É que se estamos e se achamos que o retrato feito corresponde à realidade, então teremos de pensar todos em algo que o debele. E não insistir e repetir o erro, por mais que lhe pareça que Centeno consegue a quadratura do círculo, de conciliar o Tratado Orçamental e uma política socialista.
Como diz, tudo está por fios. E se aplicar a regra do Tratado Orçamental de redução do défice e da dívida, as coisas tenderão a piorar ainda mais. Se o turismo abrandar, pior ainda. E se essa bolha do turismo rebentar com a bolha do mercado imobiliário, pior ainda. Portanto, estas são igualmente os louros de uma pequena economia aberta que quis ainda por cima abrir-se totalmente. E entretanto teremos os novos contratos de trabalho com salários próximos do SMN que não entusiasmam ninguém e que só leva à emigração.
Mas tem razão: não vai haver soluções milagrosas, fáceis. As dificuldades são enormes. E as alternativas implicam uma visão integrada de análise de problemas e soluções. Uma outra visão do país, que tem de haver.
Passe ela por um perdão de dívida (já que pouco teve a ver com o problema de Portugal - não foi Portugal que desenhou esta moeda única); passe ela por um novo desenho da moeda única que dê margem de manobra às economias mais fracas; passe ela por uma desarticulação dos câmbios fixos (fim da moeda única); passe ela por uma nova maneira de afectarmos os nossos recursos económicos e que se olhe mais para o bem colectivo e não para o bem-estar de certos sectores económicos, que se estude a melhor forma de sobreviver com uma balança externa (comercial, de serviços e de rendimentos) sem défices, que permita o investiento e o consumo sem condicionar o futuro, todas essas situações e soluções têm de ser equacionadas e abordadas friamente, analisando vantagens e desvantagens. Há fóruns próprios para esse debate, sem pressas, sem agendas políticas de curto prazo e sem subordinações a agendas comunitárias.
E se o fizermos, creio que apenas essa disposição desarmará situações. Mas estes são os momentos em que se deve pensar nisso. Não quando formos confrontados com um fecho político da torneira de financiamento, em que estaremos todos sob o estado de choque.
«... sabe não ter nem mandato nem força.»
ResponderEliminarMas alimenta-se de deste 'faz-de-conta que estamos a caminho do socialismo'!
Ótimo, vamos atuar sobre as causas do problema. Vamos tirar o País do Euro. Bravo! Já não era sem tempo! Explique-me por favor como sem arruinar a nossa Economia. Como se o Euro já arruinou a nossa economia? Com todos os detalhes, Podemos arredondar as contas ao centavo? que é o que a Esquerda anda a evitar fazer desde 2011 e por isso é que não sai do diagnóstico, insistindo que as pessoas não estão informadas. Estão e estão aterradas...Não vejo ninguém aterrado, vejo é pessoas com a cabeça enterrada na areia, o que é diferente!
ResponderEliminarSe é para ficarmos pior do que antes e dizermos que temos soberania, A soberania não é um artigo de exibicionismo, a soberania é a possibilidade de tomar decisões politicas e económicas sem os constrangimentos do Euro. talvez, mas primeiro tem que se admitir que é para ficar pior do que antes. Porquê admitir aquilo que é falso? Não estamos só a falar de falta de dinheiro nas caixas multibanco, João Ramos de Almeida, falamos de falta de combustíveis e medicamentos. O contrário é pura demagogia... Demagogia é pretender que o rumo dentro do Euro é sustentável contra a opinião fundamentada de tantos economistas.
Ah, pois, os gregos votaram contra a austeridade em referendo e quando o Syriza decidiu submeter-se aquiesceram. Ter a conta bancária denominada em Euros é afinal bem mais seguro... A coragem implica ser-se capaz de se viver com as más consequências das nossas decisões... Como se o Euro fosse um artigo avariado de que se perdeu a factura de compra e isso nos impedisse de reclamar a garantia. LOL
Sabe, poderemos sair do Euro depois de trazermos a dívida para valores razoáveis. A dívida nunca poderá ser trazida dentro do Euro para valores "razoáveis". Fazê-lo implicaria retroceder 20 ou 30 anos em qualidade de vida. De contrário, o garrote mantém-se, com ou sem a moeda única, O garrote É a moeda única! até porque as políticas que você defende implicam todas o aumento de despesa pública com o consequente aumento da dívida pública.
E não tem razão sobre o círculo vicioso. Mário Centeno provou o contrário. Só que é possível recuperar alguma coisa, mas não é possível recuperar tudo porque isto está, como bem diz, pendurado por fios. A recuperação de Mário Centeno é feita de subreptícios cortes na qualidade dos serviços públicos. Por essa via voltaremos à primeira metade do sec. XX
É inacreditável como é que alguém ainda julga que uma economia pequena e aberta Quando há correntes de ar fecham-se as janelas.... como a nossa teria capacidade de se manter sem financiamento externo. O "exterior", ou seja a EU, não nos está a financiar, está a vampirizar todos os capitais dos países da periferia, como o demonstram os saldos Target2. E, como continuaremos a precisar de dinheiro do exterior, temo bem que não haja nenhuma alternativa senão pagar mesmo a dívida...Pagar para contrair mais empréstimos? Faz sentido?
Se calhar, os credores até teriam uma vantagem efetiva numa reestruturação. Claro que sim, mas o objectivo dos credores não é receber mas dominar o "cliente" à maneira dos cantineiros em Angola antes da independência. Mas parece-lhe que há margem para isso agora? A mim não...
ResponderEliminarO anónimo das 12 e 59 não se quer apresentar?
Com os seus Avés fundamentalistas a uma UE pós-democrática e corrompida?
Jose fala na alimentação e fala que estamos a caminho do socialismo
ResponderEliminarDevia haver limites mínimos para o disparate. Socialismo? a caminho de?
Lolol
Se estivéssemos a caminho de tal encontraríamos o jose de forma bem diferente. Ainda pior do que quando a 25 de Abril...
Não sei se o LdB tem efectivamente interesse em informar os seus leitores.
ResponderEliminarSe assumisse essa função parece-me razoável que esclarecesse os comentadores sobre dúvidas razoáveis que são apresentadas em relação ao que é afirmado, mas sobretudo, por uma questão de higiene mental, haveriam de denunciar alguns dos delírios e manifestos de total ignorância sobre o que é possível propôr para o país.
Tanta coisinha às 12 e 59 e´só se aproveita isto:
ResponderEliminar"Demagogia é pretender que o rumo dentro do Euro é sustentável contra a opinião fundamentada de tantos economistas".
Pimentel ferreira tem que se esforçar mais
"Ótimo, vamos tirar o País do Euro. Bravo! Já não era sem tempo! como sem arruinar a nossa Economia. Como se o Euro já arruinou a nossa economia? Com todos os detalhes, Podemos arredondar as contas ao centavo?"
ResponderEliminarEstão a perceber a ideia?
Depois vem o ataque boçal à esquerda e a bênção àquele traste do Coelho. Havia um idiota que até dizia que tinha sido este que tinha conseguido o record da velocidade da recuperação do emprego à esquerda
Estão a ver quem quer que fiquemos com a cabeça enfiada na areia?
"A soberania não é um artigo de exibicionismo"
ResponderEliminar(De uma profundidade exemplar. Parece uma resposta de uma tiazorra qualquer)
Mas de facto soberania não é a possibilidade de tomar decisões políticas e económicas sem os constrangimentos do euro. É bastante mais do que isso. Talvez consultar a wikipedia, embora nesta trabalhem alguns trafulhas pouco recomendáveis
Mas os disparates continuam.Desta forma singela: "talvez, mas primeiro tem que se admitir que é para ficar pior do que antes. Porquê admitir aquilo que é falso?
E continuam: "Não estamos só a falar de falta de dinheiro nas caixas multibanco"
Mas quem está a falar nas caixass-multibanco?
E agora aparece a cassete : "Falamos de falta de combustíveis e medicamentos. O contrário é pura demagogia... " Pois é. O velho TINA regado agora de gasolina e de xarope
Mas a falta de nexo do texto do nosso comentador habitual das 12 e 59 vai cada vez mais longe.
ResponderEliminarFaz tábua rasa do voto popular grego. Os neoliberais são assim. Rasgam a democracia quando não lhes interessa. Mas o que impressiona mais é a tentativa de rasurar a responsabilidade dos traidores, passando-a para os gregos em geral. Assim parece que o Syriza decidiu submeter-se ...e os sacanas dos gregos aquiesceram.
Mas aquiesceram porque não se revoltaram e pegaram em armas? Não,porque segundo a perspectiva insultuosa do sujeito das 12 e 59:
"Ter a conta bancária denominada em Euros é afinal bem mais seguro... A coragem implica ser-se capaz de se viver com as más consequências das nossas decisões..."
Contrariamente ao afirmado, a coragem implica respeitar a vontade popular mesmo que isso traga consequências.
Deixe-se para lá patetice de considerar "o Euro como um artigo avariado de que se perdeu a factura de compra e isso nos impedisse de reclamar a garantia". Isso merece apenas um lol ao auto lol do sujeito e a compreensão que estas imagens comparativas fazem justiça plena a quem as produz.
ResponderEliminarPorque as coisas sem nexo, numa tentativa pueril de apagar o registo de quem as faz, continuam e acentuam-se:
"poderemos sair do Euro depois de trazermos a dívida para valores razoáveis". Mas a "dívida nunca poderá ser trazida dentro do Euro para valores "razoáveis".Porque " Fazê-lo implicaria retroceder 20 ou 30 anos em qualidade de vida" Mas" De contrário, o garrote mantém-se". Mas mantém-se "com ou sem a moeda única". Porque "O garrote É a moeda única!" E "até porque as políticas que defende implicam todas o aumento de despesa pública com o consequente aumento da dívida pública".
Estão a compreender?
Estamos mesmo no reino da farsa.E da fraude
E agora a quadratura do círculo. Continua o declamador:
ResponderEliminar"E não tem razão sobre o círculo vicioso. Mário Centeno provou o contrário " ( o contrário do círculo vicioso?) "Só que é possível recuperar alguma coisa, mas não é possível recuperar tudo" Pois não. "A recuperação de Mário Centeno é feita de subreptícios cortes na qualidade dos serviços públicos". Mas a recuperação é apenas parcial segundo o que se dissera antes. "Por essa via voltaremos à primeira metade do sec. XX". Mas então não há nenhuma recuperação, há apenas retrocesso
E agora o círculo da quadratura:
"É inacreditável como é que alguém ainda julga que uma economia pequena e aberta Quando há correntes de ar fecham-se as janelas...."
Textual.
E o espectáculo de "coerência"continua:
"a EU não nos está a financiar, está a vampirizar todos os capitais dos países da periferia, como o demonstram os saldos Target2".( ainda bem que ST o ensinou sobre Target2) "E, como continuaremos a precisar de dinheiro do exterior, temo bem que não haja nenhuma alternativa senão pagar mesmo a dívida..."porque não podemos sair da UE porque isso é empobrecermos mais embora a UE nos esteja a vampirizar.
Faz todo o sentido lolol
Pois é, a farsa é isto e o farsante é quem tenta vender esta fruta podre como se fosse genuína.
ResponderEliminarQue banhada o joão Pimentel Ferreira
ResponderEliminarMuito bom o texto de Paulo Marques
Ena! Tantos equivocos acerca do comentário das 12:59!
ResponderEliminarO texto base é do habitual Jaime Santos, a que foi feito a BOLD comentários "in-line".
Portanto a BOLD são respostas ao comentário do Sr Jaime Santos mais acima.
Ora leiam lá outra vez. Já é claro?
Por lapso não coloquei o habitual S.T.
S.T.
O amigo ST continua a esquecer-se do que era economia Portuguesa nos tempos da soberania (do orgulhosamente sós), antes do euro, da UE e da EFTA:
ResponderEliminar- Duas bancas rotas: em 1979 e 1983;
- Emigração em massa na década de 60;
- mais de 50% da população trabalhava na agricultura na década de 50, com uma produtividade baixissima;
- altas taxas de analfabetismo;
- pobreza generalizada, apesar da inexistência de desemprego;
...etc....
Bancas rotas?
ResponderEliminarNão foram só duas. Foram muito mais
Mas isso ê só consultar a saga da banca privada e da gestão da CGD dada a europeístas do bloco central de interesses
Que grande confusao
ResponderEliminarTudo esclarecido e percebido
As minhas desculpas
José quer apenas que se comentem as suas possibilidades
ResponderEliminarO seu TINA querido e adorado e sobre o qual postou milhares de posts, entre a apoteose épica e a mais desbragada crispação insultuosa
Daí o gosto pelos censores do salazarismo e a sua admiração por tais crapulazitos
@Unabomber
ResponderEliminarA soberania monetária é uma condição necessária para uma boa governação mas não é uma condição suficiente. Não dispensa uma prudente política monetária nem adequadas medidas de repressão financeira.
Mais uma razão para não se cometer a imprudência de abdicar dos mecanismos estatais de controle que a adesão ao euro implicou.
Quem navega numa conoa em águas agitadas e deita fora o remo só pode ser parvo!
Da mesma forma quem abdica de instrumentos fundamentais como a taxa de cambio e a possibilidade de fixar a taxa directora do banco central em troca de fracas e inadequadas garantias e estúpidas restrições orçamentais baseadas em doutrinas escrafulosas só pode esperar ter problemas ao primeiro embate.
E apesar de indesejável pelas receitas amargas e contrárias às boas práticas económicas como alguns estudos apontam, o FMI serve para isso mesmo: Para financiar estados em dificuldades.
A emigração, pobreza e analfabetismo tiveram origem no obscurantismo económico do Estado Novo, lembra-se?
S.T.
Para o ST:
ResponderEliminarDisse o ST:
"E apesar de indesejável pelas receitas amargas e contrárias às boas práticas económicas como alguns estudos apontam, o FMI serve para isso mesmo: Para financiar estados em dificuldades".
- Amigo ST, já todos sabiámos disso. O que muitos devem ter esquecido é que o FMI não esteve cá somente em 2011, também esteve em 1979 e 1983 (no tempo da soberania monetária).
Disse o ST:
"A emigração, pobreza e analfabetismo tiveram origem no obscurantismo económico do Estado Novo, lembra-se?"
- Quem parece ter esquecido é o amigo ST - assim como esqueceu que tais desgraças já vinham antes do Estado novo, bem assim que depois de 1974 a situação económica e financeira de PT só estabilizou depois da adesão à CEE em 1986 (com a consequente perda de soberania)
Disse o ST:
"A soberania monetária é uma condição necessária para uma boa governação (...)"
- Se a soberania monetária é assim tão importante, e atendendo às fortes diferenças económicas (e culturais)regionais, devemos então balcanizar (acabar com)o país decretando a independência do Alentejo, da região Centro, da região Norte, das ilhas? - ficando a constituir cada uma dessas regiões um novo país (soberano) com moedinha própria ( e apto a "boa governação").
@Unabomber
ResponderEliminarO Euro de Lisboa não é o mesmo do Euro de Freixo de Espada à Cinta nem de Rabo de Peixe.
Mas isso qualquer economista com dois dedinhos de testa o sabe.
Mas como consideramos Rabo de Peixe como parte do nosso país e os seus habitantes como parte da nossa nação, por muito pobres que sejam fornecemos-lhes infraestruturas, subsídios de desemprego, RMIs, pagamos os salários dos funcionários públicos que lá trabalham, fornecemos escolaridade e até os acolhemos noutras partes do país se eles quiserem mudar-se para áreas mais prósperas. O Estado Português está lá presente com forças políciais, protecção civil e Marinha, quando ´e preciso.
Entre nós e Rabo de Peixe há uma identidade cultural. Falamos a mesma língua, eles vêm o "Preço Certo", deploramos as suas perdas quando acontece alguma infelecidade, temos os mesmos costumes e sentimo-los como "dos nossos".
Pode "ficar caro" "ter" Rabo de Peixe, mas já viu alguém propor a independência de Rabo de Peixe?
O ponto é que, apesar das assimetrias regionais, Portugal constitui uma "Zoma Monetária Optima". Pelo contrário a Zona Euro não é uma Zona Monetária Óptima. Grande diferença!
S.T.
@Unabomber
ResponderEliminar"O que muitos devem ter esquecido é que o FMI não esteve cá somente em 2011, também esteve em 1979 e 1983 (no tempo da soberania monetária)."
Mas eu referia-me precisamente a essa intervenções.
A de 2011, para lá da infâmia que a originou, encerra várias contradições fundamentais:
Se se considera que a Zona Euro se sobrepõe aos países, qual é o sentido de o FMI intervir no resgate de uma sub-região de uma área monetária? Porventura pela mesma ordem de ideias vai resgatar o estado americano do Kansas?
E se o BCE é o banco central responsável pela estabilidade monetária de Portugal, que faz ele do lado dos credores?
S.T.
@Unabomber
ResponderEliminar" tais desgraças já vinham antes do Estado novo"...
Eu sei, eu sei! O problema é que as elites políticas deste país são sobrinhos-netos do "menino do lapêdo".
Mas ainda mais parvo é quem acredite que outros países ou blocos dominados por outros países tomem sobre o nosso futuro decisões que acautelem os nossos interesses descurando os deles. E coincidência de interesses entre países assumidamente concorrentes fiscais é como diz o Jerolme, "manteiga em focinho de cão".
S.T.
(Moedinha é?
ResponderEliminarContinua o mesmo este Unabomber-
Antes era o escudinho...
Porque nunca se ouviu Unabomber falar em eurozinho? Embora agora e atendendo ao seu perfil se adivinhe que o faça rapidamente.
Mas talvez aprenda alguma coisa, perdão, coisinha)
Para o ST:
ResponderEliminarDisse o ST:
"O Euro de Lisboa não é o mesmo do Euro de Freixo de Espada à Cinta nem de Rabo de Peixe."
- Pois, tal como o antigo escudinho não era "o mesmo" nessas localidades.
Disse o ST:
"Pode "ficar caro" "ter" Rabo de Peixe, mas já viu alguém propor a independência de Rabo de Peixe?"
- Já amigo ST: A FLA (frente de libertação dos Açores): https://pt.wikipedia.org/wiki/Frente_de_Liberta%C3%A7%C3%A3o_dos_A%C3%A7ores - há sempre quem tente aproveitar as crises para tentar dividir, para assim poder reinar.
Dise o ST:
"Portugal constitui uma "Zoma Monetária Optima".
- Tem a certeza disso amigo ST?
Disse o ST:
"O problema é que as elites políticas deste país são sobrinhos-netos do "menino do lapêdo"
- Quais elites? As elites politicas de esquerda?
- Todos nós somos sobrinhos-netos de alguém desse tempo, incluimo "o Jerónimo": fazemos parte também de "o problema".
Disse o ST:
"Mas eu referia-me precisamente a essa intervenções"
- Quais? as de 1979 e 1983 no tempo do escudinho e da soberania (na zona monetária óptima)? será mesmo que era a essas que o ST se referia?
@Unabomber
ResponderEliminarHá um dito oriental que as suas objecções me sugerem como resposta:
"quando o sábio aponta para as estrelas o idiota olha para o dedo"
Parecia mais esperto do que se tem revelado, e é com pesar que o constato.
S.T.
Diga-se de passagem que unabomber reúne aqui um bela colecção de patetices.
ResponderEliminarEm jeito miudinho e assim para o frustradinho.