terça-feira, 25 de julho de 2017
Foi isto, não foi?
«Resumo destes últimos 3 dias
No sábado o Expresso faz uma manchete inacreditável, desmentida pelo texto da investigação do próprio jornal e, à boleia, aquela coisa chamada "i" resolve publicar, sem verificação, uma lista de uma senhora (que para além de ter muito tempo disponível não deve muito à inteligência, como ontem provou na TVI) em que eram apresentados supostamente 73 nomes de mortos. Escândalo, o governo está a esconder mortos (como se 64 fossem poucos, enfim...) grita quase tudo o que é comunicação social portuguesa, "o governo tem de se demitir" ou "o governo tem de mostrar os nomes".
[Chegada aqui confesso que a parte mais surreal foi ver o Expresso mandar às couves a sua própria investigação - que, recordo, dizia que as listas que circulavam tinham inúmeras incorreções e que tinha chegado ao mesmo número que os números oficiais - e alimentar a fogueira da "lista da senhora empresária".]
Entretanto surge a PGR a dizer que a lista está em segredo de justiça, mas isso não interessa nada, o PSD até dá 24h ao governo para apresentar a lista.
Cerejinha no bolo, a SIC apresenta ontem no jornal da noite uma série de peças que continuam a alimentar a teoria da conspiração e no fim resolve passar uma em que diz que foi verificar a dita lista e está cheia de erros, chegando também ao número oficial de mortos (ao mesmo tempo a autora da lista era entrevistada na TVI e foi um espetáculo surreal).
A maravilha das maravilhas é ver jornalistas, particularmente os do Expresso, muito ofendidos porque estão a ser atacados. Mal estaríamos nós se não houvesse quem se tivesse mandado ao ar nos últimos 3 dias, assistimos a um degradante espetáculo de ver boatos transformados em notícias, e isso é gravíssimo.
Foi isto não foi?»
Maria João Pires (facebook)
Maria Joao Pires, a pianista? Cheira-me que será antes Ana Matos Pires (o link não funciona)
ResponderEliminaresta estratégia é sinistra, e também é clarificadora desta gente sem escrúpulos. Servem-se deste pretexto de forma macabra, para passar a mensagem ao Zé Povinho das fragilidades do Governo, de que eles além de saudosos e precisados, se apresentam como melhores executantes. A porra são os factos desta "formiga" trabalhadora pro bono. Cigarras são os outros. Quem se sentir confortável com tal gente, que se lhes junte.
ResponderEliminar..... e tantos erros "orthográphicos".......
ResponderEliminarDe oásis na turbulenta Europa política chegamos muito rapidamente a isto: a pouca vergonha descarada, a passinhos largos para o populismo pós-verdade.
ResponderEliminarEu não sei como é que o tuga médio olha para isto, mas é tão ridículo. 64 mortos ainda vá que não vá, mas 73 é razão para fazer motins nas ruas! Se não fosse tão grave era de rir à gargalhada.
"Juro de mão pousada sobre «O Capital» que nem sequer sou dado a teorias da conspiração. Mas, na verdade, certas sequelas jornalísticas do trágico incêndio de Pedrogão Grande, já estão a passar todas as marcas e , desde logo, esta questão insana do número de mortos que - ao que chegámos ! - leva a Procuradoria-Geral da República a convidar quem saiba de mais mortos a comunicá-los. Mas, antes, andaram uma data de órgãos de informação e jornalistas a falar de uma sujeita qualquer cuja contabilidade mortuária já ia nos 80 e nunca nenhum lhe perguntou pelos nomes em concreto. Ou seja, eu bem sei que o tema dos incêndios tem todos os ingredientes para serem as novas «Citânias de Briteiros» que nos anos 60 do século passado ocupavam os jornais nos insonsos meses de verão. Mas, sinceramente, desconfio seriamente que não é isso. O que tendo a pensar é que aquilo a que, entre amigos, chamei o «jornalismo pós-4 de Outubro de 2015» está vivo, de boa saúde e muito criativo. Ponhamo-nos a pau"
ResponderEliminar(Vitor Dias)
"Isto é uma guerrilha constante dos Pafiosos a que a comunicação "súcial" dá guarida amplificada, em que vale tudo para levar a água a certos moinhos, desde certos valentes apadrinhados com Coelho, até ao colapso do Estado em Pedrógão e Tancos. Cansa tanta "miséria" moral, tanto despudor de quem é apenas a voz do dono, os dos envolvidos em manigâncias financeiras de alto coturno, sediados em off-shores ou na alva Suíça, especialistas em fugas aos impostos, traficantes de influências ...."
(Vitor Nogueira)
falta saber se o método vai ter continuidade ou se é apenas um epifenómeno. A verdade é que "eles", por mais inorgânicos que sejam, podem fazê-lo. Não serão ainda king makers, mas têm as ferramentas e têm, sobretudo, um deserto em frente. O último que se aguentava, o Público, já caiu e vai em plano inclinado para panfleto da área Passos e Cia.
ResponderEliminarNem com um governo geringonça se consegue articular uma estratégia mediática (com meios e recursos) para marcar terreno pela esquerda. E com menos meios e recursos, nem nas redes sociais, senhores??! Não há meia dúzia de maduros que se sente à mesa a discutir como dar a volta a isto? Fazes tanta falta, Miguel Portas.
PSD continua a querer usar mortes nos fogos – e ainda não foi desta que acertou
ResponderEliminar"O PSD apostou tudo na exigência de publicação da lista de mortos no incêndio de Pedrógão do mês passado, requerendo uma reunião de urgência do Parlamento. Menos de cinco horas depois, a lista era divulgada sem novidades.
O recém-eleito líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, entrou de forma triunfal nas suas novas funções, ao lançar um ultimato ao Governo logo na sua primeira semana. Na segunda-feira, deu 24 horas para que fosse divulgada uma lista com os nomes dos falecidos no incêndio de Pedrógão Grande, no mês passado.
Nos dias anteriores, foram várias as notícias que surgiram com números diferentes do que foi oficialmente indicado (64 mortes). A somar a estas, só um caso foi sinalizado, de uma mulher atropelada quando fugia das chamas. A informação estava em segredo de justiça, já que decorrem diligências judiciais.
Apesar de o Executivo já ter reiterado que não lhe cabia a revelação dos nomes das vítimas, o ultimato foi levado até ao fim e Hugo Soares agendou uma conferência de imprensa para ontem, a meio da tarde. Após a presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, ter falado de uma hipotética moção de censura, chegou a especular-se se o novo líder parlamentar do PSD não se anteciparia ao antigo parceiro de coligação.
No entanto, o diabo não apareceu e o fim do ultimato trouxe um requerimento ao presidente da Assembleia da República para o agendamento de uma reunião de urgência da Comissão Permanente, o órgão que substitui o plenário durante as férias parlamentares.
Mas, menos de cinco horas depois de Hugo Soares dar por terminado o prazo para a divulgação da lista pelo Governo, enquanto o Executivo dizia não lhe competir revelá-la, a entidade competente (a Procuradoria-Geral da República) acabou por tornar públicos os nomes das 64 vítimas mortais do fogo de Pedrógão. A estes, somam-se outros dois que estão ainda em investigação – o do caso de atropelamento, que é alvo de inquérito autónomo, e de outra morte cujas circunstâncias ainda estão por apurar.
O novo líder parlamentar acabou por colocar todas as fichas numa falsa partida: não só lançou um ultimato inconsequente como acabou por ver a tese de que o Governo estaria a esconder mortes ocorridas no incêndio do mês passado. Após o episódio dos suicídios anunciado por Passos Coelho, que, horas depois, foram desmentidos, o PSD continua a correr atrás da tragédia.
Para hoje, às 16h, estava agendada uma reunião da conferência de líderes para apreciar o pedido do PSD, marcada por Ferro Rodrigues. Hugo Soares disse querer discutir «a não publicação da lista de pessoas que perderam a vida nos incêndios de Pedrógão Grande e concelhos vizinhos».
Face ao esvaziamento da matéria, o líder parlamentar do PSD disse esta manhã à Lusa, na Assembleia da República, que o partido desiste da reunião da Comissão Permanente. «Não faz sentido», afirmou Hugo Soares."
PS, Bloco e PCP acusam PSD de aproveitamento político da tragédia de Pedrógão Grande
ResponderEliminar"A esquerda criticou esta quarta-feira a decisão do PSD de desistir do debate de urgência na Comissão Permanente da Assembleia da República, acusando os sociais-democratas de "instrumentalizarem" para aproveitamento político o número de vítimas do incêndio em Pedrógão Grande, cujos nomes foram ontem revelados pela Procuradoria-Geral da República.
O PS considerou hoje que a desistência do PSD de requerer um debate sobre as vítimas de Pedrógão Grande tornou "clara" a sua tentativa de instrumentalização da tragédia e o desrespeito pelas instituições do Estado de Direito.
"Ao desistir da conferência de líderes [prevista para hoje às 16:00] e de uma reunião da Comissão Permanente, ficou clara qual era a real intenção do PSD. Pela parte do PSD, mas também do CDS-PP, ficou clara a mera intenção de procurar criar um incidente, sem qualquer respeito pelas vítimas e pelas instituições do Estado de Direito", acusou o dirigente socialista.
Também o Bloco de Esquerda acusou hoje o PSD de "aproveitamento político" e de instrumentalizar o debate sobre o número de mortos nos incêndios de Pedrógão Grande, que pediu e do qual desistiu.
"Assistimos à politização de algo que deveria ser mantido para lá dos partidos políticos -- o número de vítimas da tragédia e a lista dessas vítimas", afirmou o líder parlamentar bloquista, Pedro Filipe Soares, no parlamento, após o PSD ter desistido de um debate em Comissão Permanente da Assembleia da República.
Já o PCP considerou que o PSD ter desistido do debate é um "desfecho lamentável".
"Só revela até que ponto o PSD tem procurado instrumentalizar as vítimas do incêndio de Pedrógão para fazer uma chicana política que é absolutamente inaceitável", disse o deputado comunista António Filipe em declarações aos jornalistas, na Assembleia da República.
O importante, acrescentou, é agora combater os incêndios que ainda lavram no país e, no caso de Pedrógão Grande, "pôr em prática rapidamente os mecanismos de apoios aos familiares das vítimas".
O Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV) acusou o PSD de ter falta de "sentido de Estado e de bom senso" face ao "episódio triste e lamentável" sobre o debate em torno das vítimas do incêndio de Pedrógão Grande.
Um debate como este, afirmou, "revela um desnorte preocupante e era perfeitamente dispensável".