A impopularidade persistente dos dirigentes socialistas franceses não resulta de uma excepção nacional que pudesse ser imputada aos maus números do emprego ou à renúncia metódica aos principais ideais da esquerda. O esgotamento de um ciclo ideológico incarnado há vinte anos pela «terceira via» de Bill Clinton, Tony Blair, Felipe González, Dominique Strauss-Kahn e Gerhard Schröder é observável nos Estados Unidos e na maior parte dos países europeus.
Serge Halimi
Se as ameaças e imposições desta União Europeia em auto-decomposição chegarem ao ponto de obrigar o país a empobrecer com planos de «ajustamento estrutural» sem fim, destruindo os patamares de bem-estar social que uma vida digna exige, não será altura de responder a esta União, adaptando o que ouvimos nos filmes americanos, que «o Estado social não negoceia com terroristas»? E, para isso poder ser feito, não é necessário preparar seriamente esta hipótese, esse «plano B»? (…) É altura de lhe mostrarmos que «planos B» há muitos…
Sandra Monteiro
Para lá destes sugestivos excertos, deixo aqui o resumo do excelente número, que conta com o contributo de três ladrões de bicicletas: «Este mês dedicamos um dossiê ao Orçamento do Estado para 2016. Eugénio Rosa analisa a “Redução da austeridade num quadro insuficiente e restritivo”, António Carlos dos Santos as “Controvérsias sobre a política fiscal”, Isabel do Carmo a “Taxação de refrigerantes na prevenção da obesidade” e José Gusmão a forma como a União Europeia piorou o documento inicial em “Europa e liberdade”. Relendo os discursos de seis jornalistas de economia sobre a crise, José Castro Caldas e João Ramos de Almeida mostram como foi feita nos últimos anos uma “Fabricação do consenso”. No internacional destacamos o dossiê “Fim de ciclo para a social-democracia” (artigos de Serge Halimi, Frédéric Lordon e Thomas Frank), as restrições ao associativismo em Israel, os problemas que se colocam à zona do Sael, entre a Al-Quaeda e o Daech, os dois eixos da geopolítica paquistanesa, as razões da implantação da direita na Polónia… e muito mais.»
“O Estado social não negoceia com terroristas”. “Planos B há muitos…”
ResponderEliminarEste promete. Leitura também aconselhável à direita empedernida, que saliva com Plano B, agências de rating e Portugal ao fundo.
«os patamares de bem-estar social que uma vida digna exige»
ResponderEliminarOra aí está um tema que a esquerda nunca desenvolve completamente.
Para além das rimas da ordem – Pão, Habitação, Saúde, Educação – fica sempre indefinido se o patamar é o de Cuba se é o de ir a Cuba de férias.
Bem decerto que os patamares sempre implicam que não haja vestígios de colonialismo ou de imperialismo que os ensombrem, e para além da liberdade e independência dos povos do mundo ainda há a considerar o acolhimento digno dos refugiados e emigrantes que nos batam à porta.
Sendo estes os mantras e as omissões mínimas de uma ‘verdadeira política de esquerda’, as geringonças que a partir daí se montam sempre causam a profunda perplexidade resultante de as consequências serem os mais inconvenientes.
A religiosidade sempre tem ‘os tortuosos caminhos do Senhor’; a estupidez está desamparada desse conforto.
Porque será que sistematicamente qualificativos do tipo "estupidez" a pontuar certos comentários a raiar a pesporrência?
ResponderEliminarO aferidor da "estupidez" em curso tirá tirado o seu curso com aulas práticas da dita? Na Bélgica? Na Alemanha?
Onde está a sua qualtificação para arvorar tal prosápia? Na religiosidade que invoca,nos mantras que rumina, nas missas que papagueia?
Medíocre e manhosa. A forma.Porque do conteúdo é o habitual entre o género, onde a saudade pelo colonialismo e pelo imperialismo se misturam com o vende-pátrias miserável habitual
Não sabe aí um em cima o que é "o bem-estar social que uma vida digna exige"
ResponderEliminarQue dizer de tal postura? Não sabe e tem horror a quem saiba.
Esta é a visão da direita e da direita-extrema. Confirmada pela sobranceria como se debita o "Pão , Saúde, educação, Habitação" em forma de cantilena pesporrenta e arruaceira.
Esta é a visão "humanitária" dos que vêem,para lá do seu umbigo nada mais do que o seu umbigo.Ou seja o lucro,nada mais do que o lucro e somente o lucro. Tem crises de pieguismo pelas dores do Capital e dos seus próceres. Têm manifestações do género odiento e "gozão" acima demonstrado por aqueles que querem uma vida com patamares dignos de bem-estar social.
Este é um exemplo paradigmático que de facto há classes sociais. Este tipo luta pela sua classe, pelos seus privilégios, pelo direito ao saque e à continuação deste. Também a sua história vem de longe,quando defendia ( defende? ) a ditadura terrorista do grande capital. O salazarismo entranha-se no sangue e acaba sempre por falar mais alto.