Lembrando esse grande filósofo político chamado Francisco Assis, “o silêncio é um refúgio eticamente inabitável” sobretudo quando confrontados com a declaração de guerra do Presidente da República, que assim procura reassumir o papel de chefe da direita portuguesa perante a desorientação em que esta entrou desde as eleições.
Cavaco confirma assim pela enésima vez que é o que sempre foi: um garante da dependência nacional, da financeirização do capitalismo português, que os seus governos e as suas acções políticas promoveram denodadamente, o que de resto é confirmado por um discurso que coloca precisamente os interesses “das instituições financeiras, dos investidores e dos mercados” no centro das prioridades políticas.
Cavaco procura convocar os tais mercados para ajudar na sabotagem de quaisquer veleidades progressistas num país desarmado, qual profecia auto-realizada, como assinalou o insuspeito Vital Moreira, promovendo desta forma o máximo de instabilidade que politicamente lhe é possível. Só faltou mesmo apelar directamente ao pós-democrático BCE para que o objectivo da sabotagem, tomando o precedente grego como inspiração, fosse politicamente ainda mais transparente. Temos um presidente que tem de ser tratado como um sabotador.
E temos um presidente golpista, ou pelo menos com tentações golpistas, como bem assinalou João Galamba. Os termos do seu discurso são absolutamente desrespeitadores do lugar e da proeminência do parlamento, da casa da democracia, são desrespeitadores da vontade popular maioritária que a partir dele vai emergir. Suspeito, dada a natureza da direita a quem estalou o verniz, que ainda não vimos nada em matéria de desrespeito pelo regular funcionamento das instituições democráticas. Temos um presidente que tem de ser tratado como um golpista.
E não, não é possível ajudar Cavaco a acabar o mandato com dignidade, tendo ainda em conta que, no fundo, ele está a defender os interesses dos que acham que tudo tem um preço...
Não me parece que Draghi esteja muito para aí virado (pelo menos para já): 'Uncertainty for economics is bad. Is bad for consumption is bad for investment. Political uncertainty however is part of democracy.' (dito ontem).
ResponderEliminarEstá dado o mote: a merda que aí vem resulta da acção da sabotagem do capital internavional e monopolista, convocado pelo PR para 'a sabotagem de quaisquer veleidades progressistas'.
ResponderEliminarDefenindo-se veleidade como 'decisão pouco firme ou visando o dificilmente realizável', o que se exige ao PR é que faça isso mesmo, que não vá em tretas e exiga planos elaborados e subscritos, ao serviço de projectos viáveis e concordes com mais de 80% dos eleitores.
Mas os veleidosos fantasistas, querem corais, hossanas ao desconhecido e ao meramente imaginado, e quem os priva de tais reconfortantes estímulos à sua inconsistência merece ser alvo de todos os insultos e suspeições!
Afinal, o " indivíduo " ... aldraba na justificação das faltas!
ResponderEliminarFaltou á "República", p'ra reflectir o quê?!
A comunicação ao país do senhor Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva pode desdobrar-se em duas partes. Uma em que comunica que indigita Passos Coelho para formar governo, como primeiro ministro e outra que ficará a constituir, nos tempos nos nossos dias, a acto mais negro da Democracia Portuguesa.
ResponderEliminarCavaco Silva não só actuou como chefe de grupo partidário ao procurar uma divisão dos senhores deputados, quanto à orientação de vota quanto à rejeição do primeiro ministro que indigitara, o que demonstra duas coisas, que a direita neo-liberal que nos governa não só não quer dialogar, e foram quatro anos falhados de não diálogo entre o governo e a oposição, como, também, ele , presidente, não sabe ouvir, quando obrigado constitucionalmente a fazê-lo.
O Senhor Presidente da República sabe, como chefe de grupo/facção/seita/ bando salgar a nossa terra com o gesto mais antipatriótico que podia dirigir à comunidade financeira mundial, ele conclama os mercados, as instituições internacionais, a não confiarem num futuro governo que ele será forçado, constitucionalmente, a dar posse, se as instituições funcionarem,normalmente,
.
O Senhor Cavaco não agiu no âmbito politico. O senhor Silva agiu, raivosamente, como um desvairado à procura de uma saída feliz, para o seu bando, contrariando os interesses da nossa pátria e do nosso povo
Podia ter indigitado o PM, mantendo a postura que seria exigível a um PR. Mas não foi nada disso.
ResponderEliminarFoi um discurso demagógico em que revelou ter o salazarismo inscrito no seu código. Além da manifesta self-fullfilling prophecy, o discurso acaba por instigar o ódio entre os cidadãos portugueses.
Dias, confrange-me vê-lo tão amargurado cpm a possibilidade de ódio entre os portugueses.
ResponderEliminarMas Dias, o que é a maioria de esuqerda senão a mais clara manifestação do poder do ódio?
Acaso ela é uma maioria de crenças e objectivos?
Não, é tão só ódio e oportunismo a impôrem-se ao que é de uso e bom-senso.
“Como bem disse Karl Marx, “os homens fazem sua história. Mas não a fazem segundo o que querem, em condições que eles mesmos escolhem, senão que nas circunstâncias que já existem, dadas e herdadas do passado”. Não entender essa situação é, como disse Friedrich Engels, “ter uma inocência infantil, que apresenta sua impaciência como o argumento teoricamente convincente”.”
ResponderEliminarHá dias dizia aqui do meu regozisjo pelo dialogo a´ esquerda e, mais recente, afirmei que não sabia ate que ponto eram capazes de perverter a Constituiçao.
Tambem disse que o PR era no seu cargo “apartidario” mas fazia parte de uma çlasse, ponto final paragrafo
Preconizo, para dar fim a este sistema politico/economico absurdo, uma firmeza cultural democratica e progressista.
Cabe a´ esquerda, toda ela, alavancar a medio prazo, um processo de pedagogia politica - democratica e progressista junto do proletariado.
Como e´ possivel não confundir as populaçoes com a pulverizaçao de candidatos de esquerda as presidenciais?
Como e´ possivel não confundir as populaçoes com a pulverizacao de partidos a´ esquerda nas legislativas?
Com um Povo sabedor, os fanfarroes “baixavam a guaripa” .
De adelino Silva
Após 24h de estupefacção, fez-se subitamente luz no meu espírito.
ResponderEliminarO discurso e a posição de Cavaco são o 1º acto da campanha eleitoral das próximas Legislativas. E o tema é: o PS nem governa nem deixa governar; transformou-se num novo partido de bloqueio.
Não é nada disso, José!
ResponderEliminarA maioria de esquerda vai correr com este governo (ainda bem que há uma constituição!) porque quer outra política, não aquela que o governo cessante perfila, sempre acompanhada pela instalação do medo e a intrujice.
Jose
ResponderEliminarAcho piada um perdigoteiro como tu, sempre vociferante, a falar do ódio dos outros
já tu és só amor
E se rasgássemos a "Constituição da República Portuguesa" e colocássemos em seu lugar um novo documento intitulado "Tradição da República Portuguesa"? É pena que essa noção de "tradição" não tenha sido trazida à discussão durante o debate entre Passos Coelho e o Irrevogável em 2011. Hoje ouvi muitas pessoas a perguntar o que teria acontecido se os resultados das eleições tivessem sido ao contrário... eu sei o que teria acontecido, para os que têm dúvidas vão ver esse debate a que me refiro - está no Youtube - e lá terão a resposta, não será necessário submergir ao âmago das palavras proferidas pois ela está bem à tona da água.
ResponderEliminarAgora mais a sério. É uma vergonha que se esteja insistentemente a tentar passar aquela mensagem errada de que "quem ganha as eleições é quem governa, ponto final". Quem governa, segundo a Constituição, é quem consegue juntar uma maior base de apoio dentro do Parlamento, sendo que se se conseguir formar uma maioria, esta é garantia suficiente para esse efeito. Simples, concorde-se com isso ou não, é o que possibilita o funcionamento da Democracia em Portugal e como tal deve ser respeitado.
Mais, quero chamar a atenção para a forma desonesta e grosseira como se tem tentado difundir esta ideia de que "a coligação ganhou as eleições e por isso é a única que pode legitimamente aspirar governar". É uma maneira descarada deste tipo de pessoas tentarem afetar a opinião de uma franja mais ignorante da população, procurando criar nesses grupos um sentimento de revolta que as mobilize a penalizar os partidos da possível maioria, estigmatizando-os como pessoas que "não respeitam a Democracia". Isto não se pode admitir, eu não o admito. É jogo sujo e deve ser denunciado e punido como o verdadeiro "terrorismo intelectual" que o é.
Apelo às pessoas que se revoltem contra esta atitude execrável e lutem para desmascarar estes anti-democratas. Denunciem e passem a mensagem com factos, razão e honestidade.
E para que fique claro. Pedro Passos Coelho foi indigitado Primeiro Ministro com toda a legitimidade e, dado que a possível maioria ainda não tem um documento oficializado que formalize o seu acordo, não vejo como seria possível outra solução neste momento. Agora que governe, pago para ver...
Não me pronuncio sobre a segunda parte do discurso do Presidente do PSD pois tal diatribe é tão absurda que não encontro palavras que me permitam expressar o que me vai na alma.
O ódio não é defeito em si, define-se como defeito pelo seu objecto.
ResponderEliminarDo mesmo modo a tolerância mede-se pelos seus limites.
Odeio burgueses renegados por oportunismo e presunção. Aliás todo o renegado me enoja.
O PS e a esquerda renegou a sua responsabilidade pela austeridade inevitável e apresentam-se para mudar o que necessáriamente poderia e devia mudar em seu tempo.
Só que, como sempre fazem, vai-lhes a língua além da vontade e a vontade além do possível.
Por isso, Dias, prepara-te para maus tempos.
O José é filósofo, mas negativista. Detesta Burgueses -diz-, ele que defende os interesses políticos da Grande Burguesia: -Deve detestar os candidatos a Burgueses, assim como os Médicos detestam os alunos de Medicina e os Arquitectos os de Arquitectura.
ResponderEliminarHoje, a direita, como faz parte do seu ADN, fala muito em tradição. Mas, embora a tradição tenha alguns aspetos positivos, precisa de ser avaliada criticamente, e nessa avaliação facilmente se constata que o seu estatuto enquanto critério de valor é muito discutível. Pressupor que as coisas não devem ser mudadas porque foram sempre assim, conduz ao imobilismo e funciona como um instrumento ideológico ao serviço do statu quo. De lembrar que em nome da tradição também se costumam cometer as maiores barbaridades e se justificam mesmo retrocessos civilizacionais.
ResponderEliminar"A dialética da história é tal – escrevia Lenin – que o triunfo teórico do marxismo obriga seus inimigos a disfarçar-se de marxistas. O liberalismo apodrecido internamente, tenta renascer sob a forma de oportunismo socialista"
ResponderEliminarVem isto a propósito da actual conjuntura política em Portugal.
O novo Presidente da Assembleia da Republica foi eleito com
Os votos de Bloklstas, Comunistas, Socialistas e Outros em votação secreta.
Possivelmente, esta maioria vai chumbar o que vem a seguir, e eu felicito-me. Mas, e aqui e´ que não bate a bota com a perdigota – será que os comunistas vão abrir mão do seu projecto politico-ideológico para o pais, nem que seja por um fugaz momento conjuntural?
Já vi muito desvio ser feito em nume e na defesa do povo – Não aprovar o PEC4 do governo socialista foi um deles, para o regresso em directo da direita ao poder e o mesmo povo sofrer ainda mais.
Mas há sempre um raio de esperança nesta vida dissoluta, não e´ verdade….a ver vamos. De Adelino Silva