Entre as reacções mais ou menos difusas de rejeição do acolhimento de refugiados em Portugal, que assentam genericamente na xenofobia militante, no preconceito infundado ou no simples sentimento de medo que a desinformação alimenta, encontra-se a questão da suposta incapacidade e inoportunidade para que o nosso país acolha um número digno (isto é, à altura da catástrofe humanitária a que estamos a assistir) de famílias e de pessoas que fogem da guerra, da perseguição e da morte. Talvez valha por isso a pena nesta matéria - e sem perder de vista o plano mais importante, dos princípios elementares de dever moral e humanista em acolher refugiados - lembrar a nossa história recente e fazer algumas contas simples.
1. Em apenas dois anos (1974 e 1975) chegaram ao nosso país entre 500 a 600 mil pessoas (gerando um aumento da população residente, entre 1973 e 1976, na ordem dos 8%). Num curto espaço de tempo, uma sociedade saída de uma ditadura e exaurida pela guerra, pelo subdesenvolvimento e pela pobreza consegue integrar, sem convulsões relevantes, meio milhão de pessoas. Perante estes valores e esse contexto, os cerca de cinco mil refugiados que se espera cheguem a Portugal nos próximos tempos não chegam a representar 1% das entradas registadas nos anos da transição para a democracia.
2. Em cinco anos, entre 2010 e 2014 - e em resultado das políticas de austeridade e de uma emigração massiva - Portugal perdeu 172 mil habitantes (cerca de -2%). Isto é, um valor que contrasta com o aumento de população verificado nos cinco anos anteriores, de 2006 a 2010, na ordem dos 51 mil residentes. E que inverte a tendência para o aumento regular da população, a partir do início dos anos noventa. Perante estes valores, os refugiados que se espera sejam acolhidos no nosso país não chegam sequer para compensar 3% da sangria demográfica causada pela austeridade e pelo empobrecimento.
3. Projeções europeias para 2080 apontam para que Portugal tenha menos de dez milhões de habitantes até 2030, menos de nove milhões até 2050 e que perca um quarto da sua relevância na população europeia até 2060. Estima-se que existam mais de cinco milhões de portugueses espalhados pelo mundo, o que faz com que Portugal apresente actualmente a «taxa de população emigrada mais elevada da União Europeia (UE28)» e seja o sexto país em termos de número de emigrantes. Os refugiados que se preparam para entrar no nosso país representam cerca de 0,02% face aos cinco milhões de portugueses da diáspora.
E porque a questão constitui fundamentalmente um desafio para a Europa, deve sublinhar-se também que a estimativa de 400 mil refugiados (correspondente ao número de pedidos de asilo registado em todos os países da UE nos primeiros seis meses de 2015), representa cerca de 0,08% da população europeia. Ou seja, como bem lembra o Alexandre Abreu, estamos a falar de «um refugiado por cada 1250 habitantes».
Cinco mil refugiados quantos são?
ResponderEliminarHá qualquer coisa no ar que me diz ter cuidado com escrevinhanças sobre o êxodo para a Europa.
Ou temos uma antiga doença socio cultural (Xenofobia), ou uma outra doença preconceitologica que vem ambas dos primórdios culturais desta Velha Europa. E isto não esta certo…
Antes de mais, temos de ir ao fundo da questão actual –
O que e quem originou este Êxodo do médio-oriente e Africa ?
E´ que não basta ser caridoso ou vítima por simpatia quando vemos os fazedores de tais iniquidades ficarem de fora e tratarem os vitimados de forma vil e isso sim, preconceituosa e repugnante. Da´ ganas de ira turbulenta…la´ isso da´!
Sendo obrigado a sustentar uma guerra iniqua e ainda ter que mostrar boa cara…meus amigos! Custa!
Que se saiba não foram os povos de Africa e medio-oriente que foram fazer guerra aos EUA e a´ UE. …
Uns fazem o mal (países desenvolvidos) outros paguem a factura (países pobres de espirito). De o “Catraio” com respeito
Esta é a minha opinião:
ResponderEliminarhttp://stonesrm.blogspot.pt/2015/09/migrantes-ajudar-sim-integrar-nao.html
Os retornados falavam português e partilhavam a nossa cultura, além disso vinham trabalhar imediatamente..
ResponderEliminarUm refugiado quando é acolhido não pode trabalhar se não perde as ajudas.. Entretanto com o passar dos anos o estatuto é reavaliado e aí começam a contribuir para o país..
Há duas questões de fundo.. A primeira é.. Devemos ajudar quem foge da morte? Acho que essa resposta é óbvia e os políticos europeus estão a ir na direcção certa..
A segunda é.. Será que este movimento migratório vai ser benéfico para a nossa sociedade tal como a conhecemos? Infelizmente tenho as minhas dúvidas e prevejo um aumento da extrema direita por toda a Europa..
Cumprimentos,
Fd
Realmente, comparar o regresso dos Portugueses que estavam nas ex-colónias com esta situação é completamente delirante.
ResponderEliminarcumps
Rui Silva
É conveniente!
EliminarNunca percebi estas teorias de suprir êxodos provocados de cidadãos nossos, com elevado valor acrescentado, por populações emigrantes ou refugiados, no caso presente, sob o argumento que temos deficit de população.
Então porque é que provocámos a saída dos nossos.
Já na altura do "boom" construtivo da EXPO, os nossos operários emigravam e nós abriamos a porta aos emigrantes que se sujeitavam dócilmente à exploração dos baixos salários.
Hoje tê-mo-los aí com pensões de miséria.
A quem serve isto?
Pois! O mercado.
Sintomáticamente, já se aperceberam da conotação predominante dos arautos da solidariedade e da compensação demográfica?
Desertificaram o paí; desgraçaram vidas e futuros; têm os vãos das pontes e tudo o que é tugúrio cheio de sem abrigos, sem futuro, nem esperança; mão de obra precária em termos de vínculo laboral e salarial; os "sanguessugas" cada vez se contentam menos com o justo, enquanto as suas fortunas são cada vez mais favorecidas fiscalmente; e eis senão, quando lhes dá para as públicas virtudes.
Meus pais sempre me ensinaram que a solidariedade começava com os nossos.
Excelente. Pena que os trogloditas não leiam isto, para reduzirem um pouco a cretinice.
ResponderEliminarCaro Rui Silva, O regresso de Portugueses das ex-colónias implicou um problema de logística muito maior (que foi resolvido por Portugueses), implicou integrar essas Pessoas no mercado de trabalho, na função pública, etc. Nesse sentido, receber 5.000 refugiados é um problema bem menor, até porque o País é hoje bem mais rico. Existe claro a questão da aprendizagem da língua, da diferença de culturas e da religião, mas a nossa comunidade muçulmana não é tão pequena quanto isso (http://www.publico.pt/sociedade/noticia/sao-portugueses-sao-muculmanos-1685260), calcula-se que cerca de 50.000 pessoas, de acordo com esta reportagem do Público. Quanto ao problema da segurança, ou seja que possam existir terroristas entre os refugiados, se a Europa não fizesse nada, creio que o sentimento de revolta, que seria plenamente justificado, aumentaria o risco de radicalização dos Muçulmanos Europeus, que são 50 milhões. E sejamos claros, a questão da integração destas Pessoas irá colocar-se, porque muitos, depois de terem os filhos na escola e encontrarem emprego, não quererão regressar a um País destruído. E depois, não me digam que nós, que recebemos tantos refugiados na II Guerra, quando éramos governados por Fascistas, não saberemos lidar com a situação.
ResponderEliminarO exercícip favorito da esquerda: introduzir o delírio na polítiva sempre que haja uma oportunidade!!!!
ResponderEliminarVer responsáveis da Igreja Católica defender o DIREITO À SOBREVIVÊNCIA de Identidades Autóctones é algo que seria uma coisa de admirar!
ResponderEliminarQuando se fala no (LEGÍTIMO) Direito à Sobrevivência de Identidades Autóctones [nota: Inclusive as de 'baixo rendimento demográfico'... Inclusive as economicamente pouco rentáveis...] nazis made-in-USA - desde há séculos com a bênção de responsáveis da Igreja Católica - proclamam logo: «a sobrevivência de Identidades Autóctones provoca danos à economia...»
[nota: os nazis made-in-USA provocaram holocaustos massivos em Identidades Autóctones]
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P.S.
http://separatismo--50--50.blogspot.com/
(antes que seja tarde demais)
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Anexo:
AUTARCAS EM GRAVE DESLEIXO
{uma riqueza que as regiões/sociedades não podem deixar de aproveitar}
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-> Muitas mulheres heterossexuais não querem ter o trabalho de criar filhos... querem 'gozar' a vida; etc;
-> Muitos homens heterossexuais não querem ter o trabalho de criar filhos... querem 'gozar' a vida; etc;
CONCLUINDO: é uma riqueza que as sociedades/regiões não podem deixar de aproveitar - a existência de pessoas (homossexuais ou heterossexuais) com disponibilidade para criar/educar crianças.
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---> Já há mais de dez anos (comecei nos fóruns clix e sapo) que venho divulgando algo que, embora seja politicamente incorrecto, é, no entanto, óbvio:
- Promover a Monoparentalidade - sem 'beliscar' a Parentalidade Tradicional (e vice-versa) - é EVOLUÇÃO NATURAL DAS SOCIEDADES TRADICIONALMENTE MONOGÂMICAS...
{ver blogs http://tabusexo.blogspot.com/ e http://existeestedireito.blogspot.pt/}
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P.S.
Tal como eu explico no blog «http://tabusexo.blogspot.com/» -> o Tabu-Sexo não se tratou de um mero preconceito... foi, isso sim, uma estratégia que algumas sociedades adoptaram no sentido de conseguirem Sobreviver... leia-se: o Tabu-Sexo tinha como objectivo proporcionar uma melhor Rentabilização dos Recursos Humanos da Sociedade... leia-se, o verdadeiro objectivo do Tabu-Sexo era proceder à integração social dos machos mais fracos!!!
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P.S.2.
Uma sociedade/região, para sobreviver, precisa de (como é óbvio ) possuir a capacidade de renovação demográfica.
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P.S.3.
Existem autoridades de sociedades/regiões (que estão sem capacidade de renovação demográfica) em desleixo:
- não monitorizam/motivam/apoiam uma riqueza que não podem deixar de aproveitar -> a existência de pessoas (homossexuais ou heterossexuais) com disponibilidade para criar/educar crianças.
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P.S.4.
Mais, existem autoridades de sociedades/regiões (que estão sem capacidade de renovação demográfica) que são cúmplices de 'globalization lovers' nazis.
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P.S.5.
Nazismo não é o ser 'alto e louro', bla bla bla,... mas sim... a busca de pretextos com o objectivo de negar o Direito à Sobrevivência de outros!
Existem 'globalization-lovers' (que fiquem na sua... desde que respeitem os Direitos dos outros... e vice-versa), e existem 'globalization-lovers' nazis (estes buscam pretextos para negar o Direito à Sobrevivência das Identidades Autóctones).
Senhores, o que se esta´ a passar entre potências politicas ou económicas são ensaios de coisas mais perigosas para a humanidade. Isto tem tudo a ver com o “Poder Hegemónico Mundial”.
ResponderEliminarE, neste jogo, parece não haver neutralidade.
As forças vão-se alinhando…
Por um lado vão criando bolsas de destruição socioculturais urbanas. Por outro lado tentam levar os povos nómadas a claudicarem das suas tradicionais vivências.
Por outro lado ainda, a incentivação aos choques civilizacionais através dos vários fanatismos religiosos. Há mais e muito mais…
A liquidação de Estados laicos. A criação de organismos terroristas e o reaparecimento do nazi-fascismo tem tudo a ver com as forças capitalistas/imperialistas, cujas não reconhecem pátrias. Nem povos, Nem família.
A meu ver o êxodo para a Velha Europa não deixa de ser um ataque organizado, (embora não pareça) de um império contra outro império. A União Europeia como império económico tem os dias contados, tem de ser abatida.
No tradicional Tabuleiro de Xadrez só há lugar para dois Reis!
DE o “Catraio” com respeito