quinta-feira, 19 de junho de 2014

O outro lado

O outro lado de uma sociedade dominada pelo empresarialmente correcto é o exercício, cada vez mais sem freios e contrapesos sindicais e legais, do despotismo patronal, da busca de controlo sobre corpos e mentes, sem distinções artificiais. Aqui está um exemplo do que se esconde por detrás da porta que diz proibida a entrada a pessoas estranhas ao serviço, da porta que cada vez mais se fecha à igualdade democrática: “Há empresas que estão a obrigar as suas funcionárias a assinar por escrito o compromisso de que não vão engravidar nos próximos cinco anos.”

8 comentários:

  1. E que tal, os "cozinheiros" de serviço, em vez de se mostrarem muito indignados e estupefactos com a denúncia, pedindo provas de casos concretos, para satisfazer a sua enorme vontade de agir(??!!), legislassem:

    invalidando legalmente este tipo de acordo;

    penalizando, quem tivesse a desfaçatez de propor tal, com...prisão perpétua!

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  2. Tenho podido vir menos a este blog, mas vejo que continua excelente.
    Num curto artigo, resumiu a situação muito bem. Essa do "empresarialmente correcto" é de mestre.

    Que é isso, que não a linguagem por excelência do Neo-liberalismo?
    Uma empresa abre, é uma festa. Os trabalhadores deixaram de serem apresentados como NECESSÁRIOS, para passarem a ser apresentados como um favor.. quando na verdade, as empresas não fazem favor nenhum. NECESSITAM DELES.

    Como é um favor, nem se pergunta mais se são bem tratados. Há regras para tudo (instalações eléctricas, distancia entre prateleiras por exemplo), mas cada vez menos para os Trabalhadores.

    Repare-se que não sou contra Empresas. Sou contra este discurso Neo-Liberal, que faz delas "um milagre", um "favor", o que quer que seja... quando elas existem para dar lucro e precisam de trabalhadores. Unicamente isto.
    Pelos mesmos lucros despedem passados 6 meses.


    Mas creio que isto, e como diz o autor do artigo, também se deve a uma falta de discurso melhorado, da Esquerda no geral.

    Uma das coisas necessárias para a esquerda melhorar o discurso, passa pelas pessoas PERCEBEREM mais de ECONOMIA.
    Fazerem um esforça para isso, e este blog ajuda muito.
    Aos poucos, percebe-se os elementos fundamentais da Economia.

    Quantas mais pessoas de esquerda perceberem de economia, das bases, mais um discurso coerente começaram a emergir.

    E as pessoas passaram a não ser tão enganadas.
    Ser um bocado KEYNESIANO, ajuda a todos. Mesmo comunistas, acreditem.

    Keynes explica a economia como ninguém, e pode ser aplicado em qualquer lado.
    Seja em CUBA (país comunista)
    Seja em Portugal (pais neo-liberal)



    Exemplo: faz tempos estava num blog com muitos frequentadores, e uns números foram avançados num artigo. Toda a gente estava a ser enganada, de comunistas a tantos outros.
    Quando (e não é para me gabar... quem me dera nao ser necessário um dia) eu cheguei e fiz uma única pergunta (QUE NÚMEROS ERAM AQUELES ? O PIB, ORDENADOS MÉDIOS?) as pessoas viram que tinham sido enganadas, pois estavam a discutir nem sabiam o quê !!^?!?!

    Isto não pode ser. Assim, a esquerda é facilmente enganada até por números em artigos, que não se diz o que é.
    E perguntar se é o PIB, ou Ordenados Médios, não me faz um grande especialista. Tem as pessoas que começarem a perceber isto.


    Acho que expliquei o meu ponto de vista.
    E obrigado mais uma vez a este blog. Mas todos temos que melhorar

    OU AINDA
    Discursos como "o Passos Coelho não presta", não seduzem mais pessoas... é tempos de perceber, e melhorar.

    Será que na Esquerda só sabem fazer discursos "fora com o Governo, é preciso mudar" ? Isso não chega. Temos todos de perceber de economia, pois esse é o ponto forte dos Neo-Liberais.
    Mesmo os não economistas, percebem um bocado.
    E as pessoas de esquerda, não me parecem burras.... a maioria , pelo menos.

    Espero não ter ofendido ninguém, e que tenham percebido o intento do meu comentário.

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  3. Alias, como pode a Esquerda Melhorar, se nao percebem de economia ?
    Mudar unicamente os "donos das empresas" para nacionalizações, é algo que não diz que as coisas melhorem.
    E muita gente até perde confiança disso, se nao for acompanhado de explicações económicas para além de "deixa de haver exploração", porque levam logo como CUBA, a URSS, etc.

    Abraço

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  4. Ó Aleixo, imagina que contratas pessoal para vender serviços de limpeza de escadas; passado uns meses tens o pessoal grávido.
    Não te parece que isto é matéria para pores a funcionar o Estado Social em vez de teres que ir roubar ou falir?
    Quanto ao papel já hoje não vale nada!
    Palpita-me que tudo isto é pretexto para os PSD se juntarem ao coral dos que têm "uma enorme sensibilidade social" à custa dos outros!

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  5. E que não vão ter relações sexuais durante os dias de trabalho à semana, só aos feriados, fins-de-semana e aos domingos apenas até à meia-noite!

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  6. Infelizmente a forma de combater este tipo de situações não passa apenas por as proíbir directamente, em parte porque se deixarem de ocorrer acordos escritos, passarão a haver práticas obscuras que "de certeza absoluta" não estão relacionadas com a gravidez, "claro que não", mas que levam ao despedimento de uma grávida.

    Em parte ter licensas de maternidade e paternidade iguais seria o caminho a seguir, por forma a ser igual contratar um homem ou uma mulher. As mães solteiras ainda ficam de fora (à espera de conseguirem provar que o despedimento foi por estar grávida), mas seria uma ajuda para muitas outras.

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  7. Ó Judeusito, se algum dia abrires uma empresa, asseguar-te que os teus primeiros 4 trabalhadores não sejam 1 sindicalista, 1 bombeiro, 1 autárquico e 1 candidata a grávida, ou estás 'feito'.

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  8. Brincar com assuntos sérios é neste caso profundamente chocante.
    A face obscura e sinistra do despotismo empresarial é assim disfarçada de conversa da treta em piada de mau gosto serôdio.

    No fundo está certo.As questões humanas sempre foram motivo de chacota néscia e pútrida da tribo em causa.

    De

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