quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Tiros

“O ajustamento externo tem sido conseguido, em larga parte, devido à compressão das importações de bens que não sejam combustíveis e, ultimamente, ao crescimento das exportações de combustíveis”, diz o FMI. Razão tem Nuno Aguiar quando afirma neste contexto que “o FMI dá tiro no porta-aviões de Paulo Portas”. Seja como for, o FMI continua a reservar os tiros mais importantes para os de baixo. No campo laboral, o abrandamento da pressão é só aparente. Apesar do sucesso político da contra-reforma – do esfarelamento da contratação colectiva à cada vez maior facilidade para despedir, passando pelo desemprego duradouramente elevado –, o FMI ainda se queixa que os trabalhadores ditos do privado resistem muito a quebras salariais, que ainda não se conformaram totalmente à economia que lhe está reservada: é comer e calar. A pressão também estará concentrada no salário indirecto, na redução permanente das pensões, creio. A ironia é que um dos grandes riscos internos para o FMI, a existência de freios e contra-pesos constitucionais, deu um grande contributo para a recuperação assinalada da procura interna ao bloquear alguns cortes na despesa, cujo impacto recessivo é superior a aumentos de impostos. O FMI acha que quanto mais recessivo melhor, dado que insiste na prioridade a cortes na certa da procura pública, o tal rendimento directo e indirecto de muitos. De resto, a dívida pública e a sua reestruturação inevitável continuam a ser o espectro que persegue os credores. Nada de novo.

3 comentários:

  1. É preciso exigir eleições.

    Eleições que esclareçam a população.

    Espero bem que exista uma alternativa política capaz de defender políticas em prol do povo e não em prol dos credores externos.

    Os interesses de Portugal são a reestruturação da dívida, saída do euro e aplicação de controlos de capital. É necessário garantir o controlo das divisas por parte do estado para garantir o financiamento da economia.

    O problema deste governo e do PS é que querem que a economia continue a depender do financiamento externo o que depois leva a sejamos sujeitos a imposições por parte do FMI e de outros interesses estrangeiros.

    É preciso assegurar o auto-financiamento da economia para garantir que não ficamos dependentes de interesses externos. Essa é a grande reforma estrutural que deve ser feita mas que requer uma moeda própria. Só assim é possível defender os interesses dos trabalhadores e implementar uma política redistributiva. Há que afrontar os interesses que defendem o status quo e que querem endividar face ao exterior para depois torná-lo refém. Essa foi a estratégia que foi seguida desde 1995 e que resultou tão mal. Agora aplicam os sacrifícios à população apenas com o objectivo de manter esta situação de endividamento externo. Recusam-se a aceitar o princípio do risco moral e não querem fazer os credores pagar os erros de avaliação que cometeram. O país está a ser pilhado e não tem forma de reagir. Há que esmagar estas forças que estão a tentar manietar o país e a sua soberania.

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  2. O capitalismo já não é o que foi!
    Face à 'inevitabilidade' da dívida portugfuesa, continua a emprestar dinheiro a 5 e 10 anos de prazo.
    Há motícias de que um vírus suicida empestou as melhores mentes do capital financeiro internacional!

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  3. O FMI vai insistir sempre nos cortes directos e indirectos de muitos! Mas, infelizmente, há pessoas que ainda têm esperança que a coisa mude…
    Como, com quem? Com este PS?

    O “socialista” António Vitorino, sempre opinativo em tudo o que é sítio, foi o apresentador do livro do Gaspar (tão amigos que eles são).
    Seguro, convidado de Bilderberg em 2013 e presente nessa encomenda chamada “Lisbon Summit”, já veio vangloriar-se de ter contribuído para que o défice zero ficasse fixado numa lei, tranquilizando o capital financeiro. O banqueiro Luís Amado é outro “socialista” impostor.
    Estes – afinal, quem manda - não vão querer obviamente nenhuma reestruturação da dívida pública!
    (Mete dó este rito sacrificial a que vamos assistindo, as intenções de voto mostram-no)

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