- a taxa de crescimento do PIB português em termos nominais estabilizará nos 3,6% (1,8% de crescimento real e 1,8% de inflação);
- a procura interna crescerá entre 0% e 1,4%; e
- a taxa de juro média da dívida pública a 10 anos aumentará de 3,4% para 4%.
Já aqui questionei a razoabilidade de cenários construídos em torno destes valores (semelhantes aos que têm sido utilizados pelo governo).
Lembrei-me de olhar para a experiência histórica dos vários Estados Membros da UE, de modo a perceber quais os países e em que circunstâncias o cenário apresentado se verificou. O resultado é o que se segue.
Nº de anos (entre 1996 e 2012) em que o país em causa verificou as hipóteses indicadas
Fonte:AMECO
Entre 1996 e 2012 é possível obter 446 observações válidas para os 28 Estados Membros da UE (446 observações = 28 países x 17 anos - 30 observações em falta por falta de dados). Neste periodo verificamos que:
- só em 6,1% dos casos aconteceu um país ter um saldo orçamental primário superior a 2% num ano em que o PIB tivesse crescido 3,6% ou menos em termos nominais;
- só em 3,8% dos casos se verificaram as condições anteriores, ao mesmo tempo que a procura interna não crescia mais do que 1,4%; e
- só em 1,6% dos casos se verificaram as condições anteriores ao mesmo tempo que a inflação (medida pelo deflator do PIB) não foi além de 1,8%.
Por outras palavras, os pressupostos assumidos pelo cenário do FMI e do governo só se verificarm num número insignificante de casos nos últimos 17 anos.
Mas não é tudo. Vejam quais os países e os anos em causa (coluna da direita). Nenhum dos seis países tem problemas sérios de dívida externa. Só um desses países - a Itália - verificou nos últimos anos, à semelhança de Portugal, um agravamento das suas contas externas, o que em larga medida é explicado pela debilidade da sua estrutura produtiva (como procurei mostrar aqui). E o único ano em que a Itália atingiu os valores referidos, no período em análise, foi 2012 - um ano em que aquele país foi sujeito a um terapia de choque que dificilmente poderia prolongar-se por anos e anos.
Ou seja, não só o cenário do FMI e do governo é improvável em geral, como é praticamente desconhecido para países que tenham uma situação económica e financeira semelhante à portuguesa.
Só há duas explicações possíveis para que o FMI e o governo apresentem cenários tão improváveis: ou não acreditam nos seus próprios valores (que apresentam apenas para tentar convencer-nos que o programa de ajustamento português foi mesmo um sucesso); ou então estão a preparar-se para um ataque ao Estado Social de dimensões bárbaras, que não têm paralelo histórico. Ou então ambos.
Penso que sejam ambos.
ResponderEliminarEsta gente é gente do piorio e que está disposta ás maiores barbaridades para fazer vingar a sua (maldita e miserável)visão da sociedade e dos países.
Portugal, infelizmente, deixou-se cair nas mãos desta vil gente e agora só se conseguirá levantar saindo do Euro e mesmo da UE.
Pelo menos no nosso país, nunca por nunca ser devia ser permitido haver um governo(como o actual) que tudo faz para prejudicar e maltratar as pessoas, sejam trabalhadores sejam pensionistas.
Por isso, devia haver maneira de correr com um PM que,mentiu e aldrabou( e por isso vigarizou um país - a mim não porque não votei no miserável... ) dizendo uma coisa na campanha eleitoral e fazendo outra completamente diferente no governo.
E se isto continua assim, não tenho dúvidas ( e o PS devia ver isso e opôr-se claramente ao governo e á troika) que a coisa vai acabar mal.
Quando as pessoas são esmagadas e se vêm encurraladas perante tanta barbárie, normalmente reagem mal e com violência.
Pena é que a U.G.Tide continue a lavar mais branco ( isto é, a dar cobertura a muitos desmandos e patifarias do Governo )e não se una clara e declaradamente á CGTP para lutarem pelos trabalhadores e pelos pensionistas e pelos cidadãos em geral.
por falar em combustíveis, qual é a justificação para ter sido legislado um decréscimo das reservas de segurança de petróleo e de seguida ter sido legislado a transferência da manutenção dessas reservas para fora do território nacional?!
ResponderEliminarhttp://www.publico.pt/economia/noticia/salarios-em-portugal-ainda-deveriam-baixar-entre-2-e-5-defende-bruxelas-1624490
ResponderEliminarEstão a preparar-se para a barbárie nas nossas costas...
Economicamente falando, barbárie foram os últimos anos, a partir de agora é so acertos.
ResponderEliminarSejamos francos, assumir que os "erros" foram fruto de incompetência e de uma inocência atroz. Do mesmo tipo daqueles que acham mesmo que os cortes são necessários e que não há dinheiro (como é que estamos de lucros do BCE, para não falar de outras entidades?)...
O trabalho difícil, o de impor uma ideologia, está feito. Pode não ter sido de agora, mas o tratamento de choque dos últimos anos, foi como um época de exame a la Crato: empinar tudo, não pensar, e repetir até acreditar no som que sai da boca.
Se ha dúvidas, as mais recentes sondagens dão a vitória nas Europeias à coligação que nos governa!
NorTor, a que sondagem te referes?
ResponderEliminarNa Europa, pelo contrario, as sondagens apontam para que o centro esquerda ganhe ao PPE pela primeira vez em 15 anos. Ve o link seguinte:
http://www.ejpress.org/index.php?option=com_content&view=article&id=48210&catid=7
Verdade que a direita radical tambem sobe, mas nos tempos de descontentamento que correm, é apenas natural.
Mas dá-me um link para a tal sondagem que dá a vitóri ao PSD/CDS.
Na compilacao de sondagens da Marktest, o PSD tem estado sempre atras do PS 11 ou 12 pontos. E o CSD anda pelas ruas da amargura.
Olá Rui:
ResponderEliminarSegue abaixo
http://pollwatch2014.eu/