Esta tendência de descida das taxas de juro das dívidas soberanas coincide, contudo, com o aprofundamento da recessão na Zona Euro, que dura já há seis trimestres (a mais prolongada desde a criação do euro, em 1999) e agora marcada pela entrada recente da França em recessão técnica (dois meses consecutivos de quebra do PIB) e a variação homóloga negativa do PIB alemão no primeiro trimestre do ano.
Esta «dualidade alarmante» entre o aprofundar da recessão (que já atinge 11 dos 17 países da Zona Euro), reflectido no aumento continuo do desemprego, e a euforia do mercado das dívidas soberanas, que 1/3 dos inquiridos pela Fitch classificam de «exuberância irracional», é bem ilustrativa da distância que separa a economia real do universo das motivações e dos incentivos que orientam os investidores.
De facto, como assinala Jorge Nascimento Rodrigues, alguns analistas sugerem que «quanto pior (na economia) melhor», em virtude de a degradação da situação económica na Zona Euro permitir alimentar expectativas de que «o Banco Central Europeu avance para medidas ainda mais "acomodativas", quer nas taxas de juro directoras como em medidas não convencionais, o que agradará aos investidores». Estamos pois, uma vez mais, perante o «efeito BCE» e não, como se continua a pretender fazer crer, dos supostos bons frutos de confiança que a austeridade permitiria agora colher.
Sinceramente não consigo perceber como se podem extrapolar conclusões a partir de uma amostra temporal de "seis trimestres".
ResponderEliminarSugeria que, para compor a coisa, a série se estendesse a "dezoito meses".