terça-feira, 15 de janeiro de 2013

O inverno do nosso descontentamento


No boletim de inverno, saído no início de 2012, o Banco que não é de Portugal previa um tímido crescimento de 0,3% no PIB para 2013. Um ano depois, no boletim de inverno, acabado de sair, o Banco que não é de Portugal já prevê uma expressiva contracção de 1,9% no PIB para o mesmo ano de 2013. Quem depositou esperança numa recuperação económica guiada apenas pelas exportações tem de se confrontar com um detalhe: a austeridade dos outros. Isto fez com que, só entre Novembro e agora, a previsão para o crescimento das exportações, em 2013, tenha caído para menos de metade. De resto, é a mesma lengalenga neoliberal de sempre: “reformas estruturais”, “novo quadro institucional”, remoção dos entraves ao investimento” (os próprios empresários dizem que é a evolução das vendas que entrava tudo, mas que sabem eles?), vagos “aumentos da eficiência” (pouco interessa o imenso desperdício do desemprego galopante) e, claro, a “redefinição do papel do Estado”. Palavras que suportam a regressão em curso e mascaram mal o total fracasso desta política para a maioria, cujos interesses quem manda por ali está habituado a não defender. Os bancos estão a recuperar à custa de todos, os credores estão protegidos e isto é que é importante. Descansem, em 2014 é que vai ser.

1 comentário:

  1. Muito a propósito destes temas, chamo a atenção, caso não tenham ainda dado conta, para este artigo de Monbiot que remete para um relatório muito interessante da UNCTAD.

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