quinta-feira, 26 de abril de 2012
As consequências económicas de Cameron e Osborne
Graças à austeridade, o Reino Unido reentra em recessão, tornando a comparação com os anos trinta ainda mais esclarecedora. É bom relembrar que os raríssimos casos de austeridade expansionista ocorreram em países com soberania monetária e que puderam usar a política monetária e cambial, contando então com o decisivo impulso do resto dos parceiros comerciais em expansão. No actual contexto, tal impulso está bloqueado. Num país com soberania monetária, com Banco Central e Tesouro articulados, a austeridade é muito mais facilmente evitável, o que torna a fracassada opção pré-keynesiana do governo conservador britânico ainda mais aberrante. É claro que a política económica é sempre a expressão da correlação das forças sociais, sendo a soberania monetária condição necessária, mas não suficiente, para uma política de combate à crise. Também no Reino Unido, as fracções dominantes e bem poderosas do capital tratam de aproveitar a oportunidade oferecida pela crise e pela resposta que a aprofunda para prosseguir com renovado vigor o projecto neoliberal ainda inacabado, apesar das décadas que já leva de hegemonia.
Tudo isto, evidentemente, partindo do princípio de que vivíamos num mundo onde a maior parte dos políticos seriam honestos (e não meros funcionários bancários), e onde não existisse, de facto, um monopólio financeiro mundial nas mãos de meia dúzia de famílias.
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