segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Krugman e a economia austeritária


Como a Shyznogud ontem assinalou, é difícil perceber o que levou o semanário «Sol» a repisar uma interpretação enviesada das palavras de Krugman, em Maio de 2010, segundo a qual o nobel da Economia teria afirmado «que os salários dos portugueses têm de cair até 30 por cento face à Alemanha».

A este respeito, para além do último post do Alexandre Abreu, vale igualmente a pena recuperar um outro, do João Rodrigues, relativo às razões pelas quais Krugman considerou recentemente Portugal como a «história da periferia» mais difícil de explicar.

A cerimónia de atribuição do doutoramento honoris causa a Paul Krugman, promovida pela Universidade de Lisboa, pela Universidade Técnica de Lisboa e pela Universidade Nova de Lisboa, tem hoje lugar na Aula Magna, a partir das 17.00h, podendo ser aqui acompanhada em directo.

10 comentários:

  1. convém assinalar que o artigo que espoletou toda esta contróvérsia foi este: "Et tu, Wolfgang?"

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  2. Krugman escreveu mesmo que "os salários dos portugueses têm de cair até 30% face à Alemanha".
    E em maiúsculas.

    O que ele *näo* escreveu foi "os salários dos portugueses têm de cair 30%", como disse o Sol e o JN e quejandos.

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  3. Agora que se tornou claro que Krugman disse aquilo que se dizia não ter dito gostava eu que não sou economista que me alguém neste blogue me explicasse como é que é possível afirmar que as políticas austeritárias são um erro (ideia que só posso sublinhar) e em simultâneo avançar com uma receita austeritária de decréscimo de 30% dos salários face há Alemanha (o que obrigaria a elevar os nossos salários médios!!!), receita esta que faria inveja a Milton friedman e a Vitor Gaspar. Alguém me ajuda a perceber isto ou a economia é afinal uma ciência isotérica?

    João Martins

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  4. Krugman, o professor Bamba da economia...

    http://trasgalhadas.blogspot.com/2012/02/paul-krugman-o-adivinho.html

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  5. Caros Maquiavel e Anónimo,
    A interpretação que alguma imprensa fez das palavras de Krugman é enviesada na medida em que sugere que o nobel da Economia defenderia a redução dos salários como solução para a crise.
    Ora, a opção pela compressão salarial é apontada como saída possível, face aos limites de acção de que as periferias dispõem, no quadro político-económico imposto pelo eixo franco-alemão. Isto é, na impossibilidade de serem adoptadas as soluções que - num contexto diferente - Krugman defende.
    Só assim se pode compreender, aliás, o aparente paradoxo que resulta de repudiar a via austeritária e, ao mesmo tempo, apontar para a necessidade de reduzir salários.

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  6. Caro Nuno Serra,

    Isso não será uma interpretação sua das palavras de Krugman? É que isso não é totalmente claro para mim. Era bom que o próprio esclarecesse isso, já que tão mau como as interpretações e apropriações neoliberais das palavras de Krugman seriam as interpretações ideológicas de esquerda que se apropriariam do desejo do que o Krugman queria dizer mas não disse. Sempre preferiria este último tipo de interpretação mas não estou totalmente convencido de que foi isso que o nobel quiz dizer...

    João Martins (anónimo identificado)

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  7. Caro João Martins,
    (peço desculpa, antes de mais, por não ter reparado na assinatura do seu primeiro comentário).
    Sim, é como interpreto as palavras de Krugman (a interpretação que julgo permite dar alguma coerência entre a recusa da austeridade - e o sublinhar dos seus efeitos contraproducentes - e a «necessária» retracção dos salários (numa lógica de «realismo» face ao contexto político-económico que caracteriza a situação europeia actual). Mas tem razão, Krugman podia ser muito mais claro nesta matéria.
    O que me parece não se poder interpretar das palavras do nobel é, como disse, que elas significam a solução defendida por Krugman para a resolução da crise.

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  8. «nobody has labor markets that flexible. If the euro isn’t workable without highly flexible nominal wages, well, it isn’t workable.»

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  9. No cömputo geral os salários médios portugueses já estäo abaixo dos 70% dos salários médios alemäes, nomeadamente os dos trabalhadores que säo cerca de 40% relativamente aos trabalhadores alemäes (logo a léria do "governo" de que é preciso baixar mais para ser competitivo näo cola).

    Os salários dos gestores portugueses é que näo estäo a 70% dos salários dos gestores alemäes. Estaräo pelos 95% ou até 150% no caso de gestores de topo... mesmo com produtividades de 50% ou menos relativo aos alemäes!

    O Krugman que se explique (ainda) melhor e diga logo: os salários dos gestores médios e de topo (públicos e privados) devem baixar uns belos 50%.

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