domingo, 26 de fevereiro de 2012

Parar enquanto é tempo


O gráfico representa as variações percentuais das receitas fiscais entre um mês e o mesmo mês do ano anterior (linha e escala da esquerda) e as variações percentuais do PIB entre um trimestre e o mesmo trimestre do ano anterior (circulo e escala da direita). Aí se pode ver que entre Maio de 2009 e Março de 2010 as receitas fiscais cresceram a par do PIB. Isso é o que é suposto acontecer em tempos normais. A partir daí, com o choque austeritário, o PIB começou a cair e as receitas fiscais continuaram a aumentar, primeiro muito, depois menos. Isto foi conseguido, como sabemos, à custa do aumento das taxas de imposto. Finalmente, ficamos a saber, com a divulgação da execução orçamental de Janeiro 2012 pela Direção Geral do Orçamento, que as receitas fiscais caíram abruptamente.

Este pode ser o sinal que faltava para confirmar a entrada de Portugal na espiral recessiva tipicamente grega: austeridade que aprofunda a recessão e reduz a receita fiscal mantendo o défice orçamental, ou obriga a novos e sucessivos aumentos de taxa de imposto ou cortes na despesa para o reduzir, gerando mais recessão. Janeiro foi um mês especial? Veremos em Fevereiro e depois em Março… Quanto mais tempo vamos deixar que façam experiências connosco?

Tiberius Julius Caesar Augustus, imperador romano entre os anos 14 e 37, resumiu a sua teoria das finanças públicas numa frase: “o dever de um bom pastor é tosquiar as suas ovelhas sem as esfolar”. Conhecia este ditado Dr. Vítor Gaspar?

5 comentários:

  1. «a entrada de Portugal na espiral recessiva»


    A grande questão que se coloca é:
    - Como é que foi possível Portugal cair nessa RATOEIRA?


    ANEXO:
    Há séculos e séculos que o Negócio da Dívida é a mesma coisa:
    - sempre que um agiota quer 'deitar a luva' aos bens de alguém... o agiota acena com empréstimos... que sabe que não vão conseguir pagar... até porque, frequentemente, o agiota 'trata' de complicar a vida ao devedor!
    RESULTADO FINAL: quem foi atrás do aceno de empréstimos (feito pelo agiota) vê-se espoliado... e o agiota fica com os seus bens!
    Hoje em dia, mega-agiotas não se limitam a acenar a famílias... eles acenam a países inteiros!
    [uma obs: a Goldman Sachs chegou ao ponto de camuflar a dívida grega... para que depois... mega-agiotas pudessem deitar a luva a activos gregos (e não só: consequências do chamado 'efeito dominó'!) a preço de '''saldos'''(empresas estratégicas para a soberania nunca deveriam ser vendidas)].
    É ALTURA DE ANALISAR:
    1- em Portugal, quem é que andou a silenciar ''Medinas Carreiras''?
    2- em Portugal, quem é que nos ANDOU A EMPURRAR para o Negócio da Dívida?

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  2. Ai não era "e as esfolar"? Ora gaita!

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  3. Falta uma vírgula a seguir a «ditado».

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  4. Está na altura é dos portugueses se organizarem e unirem contra esta escumalha de traidores e varrerem este lixo todo como fizeram os islandeses!

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  5. Não só conhece como sabe em que página do livro está -- só não sabe é o que quer dizer.

    A célebre frase de Keynes continua com "Economists set themselves too easy, too useless a task if in tempestuous seasons they can only tell us that when the storm is past the ocean is flat again."; E o que disse o que o nosso Vítor na LSE sobre de onde virá o crescimento? Parafraseando "Quando batermos no fundo, voltamos a subir".

    Ora, isso também eu sei fazer, aliás, eu sou um perito em fazer nada.

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