sexta-feira, 15 de julho de 2011

Injustiça

O Ministro das Finanças tem razão num ponto: regista-se uma profunda "transformação estrutural" em Portugal. Disso faz parte uma alteração radical das relações sociais, em desfavor dos rendimentos do trabalho. Trata-se não apenas de uma rude desvalorização salarial mas também de desapossar os que trabalham de um lugar mais digno na economia e na sociedade. A forma desigual como esta sobretaxa se aplica, deixando de fora outros rendimentos (lucros, juros, ganhos financeiros) é, a este propósito, esclarecedora.

Desapossadas as pessoas, regressa a virtude à economia? Os liberais julgam que sim. Mas não parece. Gera-se mais e mais recessão, cria-se desconfiança e desânimo. E uma profunda sensação de injustiça...

Mas a regressão salarial tem relação com outro tema da conferência de imprensa: um plano de privatização intenso, com apelo aos capitais estrangeiros. Isto somado ao encolhimento rude do Estado nas suas funções sociais. É, de facto, uma profunda "transformação estrutural".

Acontece, no entanto, que Portugal, como economia periférica, está a ser alvo de uma manipulação agressiva a partir do exterior. É aí que está um problema estrutural decisivo. O mais difícil mas também o mais decisivo de todos. O que valem, nesse contexto, os sacrifícios rudes e desiguais que se impõem e o desapossamento da economia que se promove?


José Reis, Uma profunda sensação de injustiça, Público.

2 comentários:

  1. Esta "transformação estrutural" conduzirá necessariamente a uma revolução violenta, já que existe uma grande fatia da classe média já suficientemente informada (via Internet) para aceitar o roubo colossal que o oligopólio financeiro (e os seus fantoches políticos) lhe estão a fazer.

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  2. Injustiça

    O mnistro das Finanças

    a poupança chegou até aos títulos

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