sexta-feira, 15 de julho de 2011

Bifurcação

Em editorial do Público desta semana fazia-se uma defesa das euro-obrigações, ou seja, da emissão conjunta de dívida pública europeia, paga pelos Estados na medida das suas necessidades de financiamento. Estas necessidades estariam assim garantidas a taxas de juro substancialmente mais baixas, em especial para os países periféricos. O editorial opunha esta proposta à reestruturação da dívida, que inevitavelmente começará pela Grécia, em formato ainda por decidir, mas que, segundo o Financial Times de ontem, terá de significar uma redução para metade do peso da dívida grega no PIB (hoje nos 150% de um PIB em austeritária redução). Na realidade, estamos perante duas propostas complementares. A redução do montante da dívida, com perdas para credores demasiado gananciosos, recapitalização e aumento do controlo público dos bancos e substancial reforço do orçamento europeu, traduzindo a realidade das transferências orçamentais requeridas entre países neste contexto, seria acompanha por emissões de euro-obrigações, proposta hoje crescentemente partilhada por actores políticos da esquerda à direita, até um montante correspondente aos 60% do PIB para cada país, a regra de Maastricht para a dívida que serve de ponto focal mais ou menos arbitrário nestas discussões. No entanto, a emissão de euro-obrigações não significaria necessariamente o fim da austeridade com escala europeia. Para acabar com a economia de austeridade, seria preciso disponibilidade para dar um impulso público ao investimento nas pessoas, nas infra-estruturas públicas e na reconversão ambiental da economia europeia. Neste campo, a acção do Banco Europeu de Investimento, em versão reforçada, seria bastante útil. Na bifurcação europeia, ou vamos por aqui, com a necessária democratização das instituições europeias, onde se incluí um BCE com as prioridades mudadas, ou temos de começar a pensar a sério na nossa vida colectiva depois do euro.

7 comentários:

  1. E deixar de fora a possibilidade de sair do euro? Mas se continuar nele significará a submissão às mesmas políticas austeritárias...

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  2. e na bifurcação mundial vamos para onde?

    o preço dos cereais dá mostras de começar a subir com o calor

    a indústria pesada dificilmente volta para a europa

    as minas continuam fechadas

    já que se pretende distribuir as benesses
    não se podiam subsidiar empregos pouco competitivos mundialmente?

    é qu'isto do out sourcing a curto prazo vai esvaziar o pouco emprego que resta à europa

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  3. a única coisa em que a europa ainda é competitiva

    é a fazer pão bifes e leitinho

    e fruta excepto o mercado das maçãs e kiwis made in asia e as bananas centro-am's

    ainda há uns 300 milhões de hectares
    agro-silvicolas dentro dos 27

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  4. é que a dívida é um problema secundário face ao esvaziamento económico da europa

    e daqui a 15 ou 20 anos com dívida ou sem dívida...enfim

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  5. 1) não há na Europa condições políticas mínimas para a implementação do programa que propõe; 2) o programa subvaloriza o impacto de uma reestruturação da dívida quer na "confiança" dos mercados; e 3) subvaloriza, igualmente, o impacto da recapitalização do sistema bancário sobre a dívida dos ditos países periféricos.

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  6. Há a realçar a “coerência”, após "a golpada" parlamentar/jornalística para o derrube do anterior governo, o jornal Publico, vem adoptando uma postura de veras coincidente com tudo o que anteriormente não defendia...mistério…ou não...

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