domingo, 26 de dezembro de 2010

Uma separação amigável

Infelizmente, pode ser já demasiado tarde para a zona euro. A Irlanda e os países do Sul da Europa têm de reduzir a dívida e melhorar muito significativamente a competitividade das suas economias. É difícil imaginar como poderão alcançar estas duas metas enquanto permanecerem na zona euro.

Os resgates da Grécia e da Irlanda não passam de paliativos temporários: nada fazem para reduzir o endividamento, e não detiveram o contágio. Além disso, a austeridade fiscal que prescrevem atrasa a recuperação económica. A ideia de que reformas estruturais e dos mercados laborais podem produzir rápido crescimento não passa de uma miragem. A necessidade de reestruturação da dívida é uma realidade inevitável.

Mesmo que os alemães e outros credores anuam em reestruturar - não a partir de 2013, como pediu a chanceler alemã Angela Merkel, mas "já" -, subsiste ainda o problema de readquirir a competitividade. Este é um problema partilhado por todos os países com défices, mas na Europa do Sul é mais agudo. Pertencer à mesma zona monetária que a Alemanha vai condenar estes países a anos de deflação, elevado desemprego, e a agitação política nacional. Sair da zona euro poderá ser, no ponto em que as coisas estão, a única opção realista para a recuperação.

Uma ruptura na zona euro pode não a condenar para sempre. Os países poderão voltar a unir-se, e a fazê-lo de forma credível, quando forem satisfeitos os pré-requisitos fiscais, reguladores e políticos. De momento, a zona euro poderá ter atingido o ponto em que um divórcio amigável é melhor opção do que anos de declínio económico e azedume político.


Em tempo de convívio familiar, talvez haja tempo para ler devagar e reflectir sobre este texto de Dani Rodrik. Porque é mais que tempo de assentar ideias sobre o que queremos para o nosso País e para a UE.

6 comentários:

  1. "É difícil imaginar como poderão alcançar estas duas metas enquanto permanecerem na zona euro": Mas é completamente impossível fazê-lo se saírem do Euro.

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  2. é completamente impossível fazê-lo se saírem do Euro, não é....volta-se ao nível de consumo de 1960 exporta-se para pagar os luxos de uns quantos e o resto amarga fome com a sardinha a 10 ou 100 contos o quilo

    é simples é voltar à inflação da 1ª república
    ou pior à inflação soarista
    bons tempos
    vamos sair do euro já
    sempre se tiram as pensões que passam a milionárias num instante

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  3. Sair do euro significava impor num único momento um imposto brutal de 30% ou 40% a quem tivesse dinheiro amealhado. Ou seja, quem foi moderado e poupou perdia, para aprender a não poupar. Depois teríamos ao mesmo tempo uma perda real do poder de compra da mesma ordem de grandeza. Claro que a partir desta miséria seria mais fácil crescer. Se ignorarmos as pessoas, este modelo até pode trazer de novo um crescimento a partir de um patamar muito mais abaixo.

    Acresce a tudo isto que uma saída do euro criaria terreno para todo o tipo de oportunismos políticos mas não há qualquer garantia de que não continuaríamos a ser roubados, só que agora sem a vigilância do resto da Europa.

    Parece-me que o comentador anterior tem razão e que o entusiasmo com que por aqui se vê esta possibilidade está muito mal fundamentado.

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  4. No alvo, Carlos Albuquerque. Embora reconheça que a presença no Euro constitui um problema para a nossa economia, a saída do Euro seria ainda pior.
    Penso que aquilo que é necessário é uma estratégia comum por parte dos chamados PIIGS (com um apoio discreto por parte da França) de forma a pressionar a Alemanha para uma nova governação da moeda única. Nessa perspectiva, talvez se pudesse utilizar a eventual saída do Euro e uma moratória da dívida como "bluff" para assustar a banca alemã, de quem a sra. Merkel é porta-voz.

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  5. E se os alemães, que vão pagar seja qual for a próxima estratégia, interpretem o falhanço como algo cujas causas lhes são totalmente alheias e , por isso, saírem eles antes de qualquer outro?

    Maioria deseja regresso do marco
    http://dn.sapo.pt/inicio/economia/Interior.aspx?content_id=1743154

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  6. Jorge Martins a apoiar uma estratégia terrorista destruindo nações. A França quer apoiar isto? A Alemanha é uma democracia. Respeito, por favor.

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